sexta-feira, 28 de outubro de 2011

7 bi e a fome no mundo


Amanhã, segundo as previsões demográficas, chegaremos a 7 bilhões como população no mundo. Minha geração – e talvez outras mais – viveu o fantasma malthusiano: o crescimento da população seria maior do que a capacidade de produção de alimentos. Diante de um diagnóstico catastrofista, a consequência seria clara: controle populacional. E em nome desse fantasma se cometeram enorme quantidade de barbaridades contra as mulheres.

Como todo catastrofismo, o malthusianismo também se revelou ilusório, depois de ter sido utilizado de forma conservadora sobre os pobres do mundo. Porque os catastrofismos – apoiado em elementos reais – projetam um fator desvinculado das contratendências e sempre termina se equivocando.

O aumento exponencial da produção de alimentos, junto à diminuição do nível de crescimento populacional (já há tempos a população europeia diminui) leva a que hoje se produza alimentos para o dobro da população mundial. Porém, as políticas neoliberais apenas aceleraram as desigualdades sociais e a exclusão. A produção multiplicada foi sendo distribuída de maneira ainda mais desigual. As vacas da California comem melhor do que as crianças da África.

O capitalismo exibe, no nível da alimentação, de forma mais escandalosa, porque a alimentação deveria ser um direito universal, seu caráter antissocial. Os avanços tecnológicos não são feitos para diminuir a fome no mundo, mas para a especulação no mercado futuro, para sofisticar a produção com tecnologias que provocam danos sérios à saúde das pessoas, enquanto 1 bilhão de pessoas passa fome no mundo.

Sociedades com nível de renda muito alto – como na Europa e nos EUA – regridem de forma brutal no plano social, afetando seus setores mais pobres, entre eles os trabalhadores imigrantes em primeiro lugar. A fome aumenta na Europa, a desnutrição se multiplica até mesmo no centro do sistema.

Enquanto isso, os continentes periféricos, colonizados e submetidos a todas as formas de exploração pelos países e empresas originários no centro do capitalismo, se veem condenados à sobrevivência. No século XXI, a maioria esmagadora da humanidade ainda vive para sobreviver produzindo riquezas que as grandes empresas capitalistas manejam em função da acumulação de capital e não da satisfação das necessidades básicas da grande maioria.

Uma parte importante dos países latino-americanos, mesmo em meio à mais profunda e extensa crise econômica do capitalismo, consegue diminuir as desigualdades, a miséria e a fome. Para isso estão na contramão das políticas pregadas pelos organismos internacionais, constituindo-se em referência para que os 7 bilhões possam avançar no atendimento de suas necessidades básicas, ainda não atendidas na sociedade de opulência para uma minoria e de privação para a grande maioria da população mundial.
Blog do Emir                                                                                                                                       Fonte Carta Capital

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fome no mundo


Ao redor do mundo, todas as noites, quase 1 bilhão de pessoas vão para a cama com fome. Ironicamente, grande parte desses indivíduos são pequenos agricultores, responsáveis pela produção de metade dos alimentos consumidos no planeta. Cerca de 180 milhões de crianças de até 5 anos estão desnutridas e com retardo no crescimento e 925 milhões de pessoas sofrem de fome crônica. Ao mesmo tempo, no segundo semestre de 2010, os alimentos ficaram 30% mais caros, 10 milhões de hectares de terra foram inutilizados por conta da seca e 30% das sobras de alimentos foram perdidas. O orçamento do Banco Mundial utilizado para a agricultura caiu de 26%, em 1980, para apenas 10%, em 2000. Esses são apenas alguns números do Relatório Mundial sobre Desastres de 2010, divulgado em setembro deste ano.
No registro feito pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho sobre a situação da fome no mundo, os dados espelham a situação desesperadora de populações sem condições de se alimentar e a chamada “obesidade epidêmica” dos ricos. Em uma visita ao Brasil para acompanhar o lançamento da Frente Parlamentar de Apoio à Cruz Vermelha Brasileira (CVB) – iniciativa do líder da bancada do Partido Popular Socialista (PPS), Rubens Bueno, e do presidente nacional da CVB, Walmir Moreira Serra -, o subsecretário geral para a Sociedade Nacional e Desenvolvimento do Conhecimento da Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescente Vermelho (FICV), Mukesh Kapila, falou ao Correio sobre a fome no mundo, iniciativas governamentais para driblar o problema e a responsabilidade de cada um na luta contra a desnutrição. Entrevista realizada por Gláucia Chaves para o Correio Braziliense.
* Como uma reconfiguração do sistema alimentar global pode ser feita?
Com investimentos primários, agricultores irão cultivar alimentos na comunidade local. A maioria dos alimentos já é produzida por pequenos agricultores ao redor do mundo e isso certamente é suficiente para alimentar os continentes mais famintos. Então, por que tanto dinheiro está indo para a indústria agrícola, incluindo aqui no Brasil? O fato é que o preço para produzir nas terras é maior para os pequenos fazendeiros.
* Quais as principais dificuldades que países como o Brasil enfrentam? São as mesmas enfrentadas pelo resto do mundo?
O Brasil é um país muito importante agora. Os desafios são os mesmos, na verdade: como criar um sistema justo de distribuição de recursos? Todo cidadão precisa ter acesso aos direitos humanos básicos para sobreviver e para que possa se desenvolver, como comida, água, cuidados de saúde e assim por diante. Logo, essa é a questão principal, esse é o verdadeiro desafio. A vantagem de países como o Brasil, que exportam comida, é que eles enriquecem muito rápido. E você precisa enriquecer para ter recursos para distribuir. Países como o Brasil, com grande extensão de terras e economicamente fortes, têm uma posição de liderança. A pergunta para o governo do Brasil e para os brasileiros é a seguinte: vocês estão preparados? Ou ainda: quando vocês estarão preparados para assumir fortemente essa posição de liderança no mundo? O mundo sem a liderança brasileira é um mundo que se move em velocidade média, quando poderia ir à toda velocidade. A questão do Brasil, então, é nacional – fazer o que é certo pelos cidadãos – e internacional, já que precisa assumir um lugar apropriado em um mundo em que ainda está à parte.
* Segundo o World Disaster Report, 27% da população dos Estados Unidos é obesa, enquanto 925 milhões de pessoas sofrem de fome crônica. Como a especulação financeira do mercado de alimentos se relaciona com esse dado? O preço dos alimentos é o principal motivo? Quais os outros?
Isso não é surpreendente, na verdade. Acho que se houvesse investimentos em diferentes formas de AGRICULTURA, o custo da comida cairia. Os fabricantes descobriram que a presença do açúcar e do sal em excesso na comida processada faz com que ela possa ser distribuída para locais mais distantes. E ela ainda é mais barata. Logo, as pessoas pobres à procura de algo para comer naturalmente irão em busca dos alimentos mais baratos, que tendem a ser menos saudáveis. Como resultado, elas se tornam obesas e doentes. Elas não consomem a quantidade necessária de vitaminas e outro elementos nutricionais que são necessários a todos. O fato de o país mais rico do mundo ser também o mais gordo é um reflexo de uma sociedade infeliz. Pode ser porque eles estão mais tristes e não têm condições de bancar alimentos mais saudáveis. É um paradoxo mental estranho. É por isso que é preciso uma abordagem social. As pessoas devem ser educadas a confrontar o problema que as está forçando a comer alimentos prontos – que só são consumidos por serem a única opção.
* Como tornar a comida saudável mais barata, então?
Esse é um problema político para todos os governos. Tudo em relação à comida é político. Nenhum governo sobrevive se não abordar aspectos políticos relacionados à alimentação. O mundo inteiro tem se tornado mais rico, e os governos precisam fazer escolhas difíceis. Basta tomar como exemplo os alimentos que não são saudáveis, como os com excesso de sal, sódio e açúcar: ele (o governo) pode tentar tarifar esses alimentos ou esses ingredientes de forma diferente, reduzir os impostos sobre os alimentos saudáveis, enfim, há maneiras para se fazer isso. Contudo, muito mais importante que tributação é a parceria que os governantes devem fazer com a sociedade e com grupos como a Cruz Vermelha, que têm como objetivo educar a comunidade, fazer com que as pessoas entendam que cada um é responsável pela própria vida. Isoladamente, o governo não pode fazer muita coisa. Apenas quando os cidadãos comuns tiverem o controle de seu próprio comportamento é que a mudança poderá ser feita. Então, não é justo culpar apenas o governo o tempo todo, como também não é certo esperar que ele resolva todos os problemas. Os cidadãos é que precisam fazer isso.
* O primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, da ONU, é reduzir pela metade o percentual de pessoas que sofrem de fome até 2015. Essa é uma meta viável? O que é preciso ser feito para que ela se torne realidade?
Bom, talvez. Acredito que seja possível e isso já foi alcançado em muitos países, mas acho que números como esse, estatísticas sobre quantos por cento estão melhorando ou piorando não nos dizem o suficiente sobre a questão humana que está por trás disso. As estatísticas escondem desigualdades. Na China, por exemplo, o chinês médio tem 50% mais calorias disponíveis que há alguns anos. Ao mesmo tempo, a pobreza tem aumentado. Isso significa que temos que ter muito cuidado ao interpretar esses números e estatísticas. Enquanto grande parte do mundo melhorou, uma parcela significativa da população em vários países tem ido para outra direção. A coisa mais importante para os que fazem as políticas, na minha opinião, é focar-se nos esforços mais valiosos – o que também é o trabalho da Cruz Vermelha. Os governantes precisam andar ao lado dessas organizações.
Fonte: EcoDebate, 27/10/2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Feijão transgênico provoca divergência entre Consea e CTNBio


Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O cultivo de alimentos transgênicos divide o governo e coloca em lados opostos o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), ligado à Presidência da República, e a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A liberação da venda do feijão GM Embrapa 5.1 expôs a divergência entre os dois órgãos.
Em carta enviada à presidenta Dilma Rousseff durante o processo de liberação do feijão geneticamente modificado (Exposição de Motivos nº 009-2011, de 7 de julho), o presidente do Consea, Renato Sérgio Jamil Maluf, afirma que o Brasil “não tem respeitado o princípio da precaução, base fundamental da Agenda 21, em suas decisões referentes a temas de biossegurança”. Segundo Maluf, o Consea avalia que é preciso adequar as políticas de biossegurança aos preceitos da Conferência Rio 92 e avalia como “escassa” a análise genética e os estudos de campo em Goiás, Minas Gerais e no Paraná.
O presidente do conselho pediu a proibição da liberação do feijão transgênico e fez duras críticas à CTNBio, solicitando “especial atenção” de Dilma Rousseff às liberações comerciais do órgão. “Percebe-se que a referida comissão assumiu um caráter de entidade facilitadora das liberações de OGMs [organismos geneticamente modificados] no Brasil, em situação que rotineiramente contraria os votos e despreza argumentos apresentados pelos representantes da agricultura familiar, dos consumidores, dos ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário”.
A carta do Consea a Dilma fez com que o presidente da CTNBio, Edilson Paiva, enviasse ofício (nº 786, de 2 de agosto) ao ministro Aloizio Mercadante (Ciência, Tecnologia e Inovação) e criticasse o conselho pela visão “obscurantista”. Paiva ressalta que a CTNBio cumpre as regras internacionais, como a Codex Alimentarius da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a legislação brasileira sobre biossegurança.
  Edilson Paiva enfatiza o rigor das avaliações na CTNBio. Segundo ele, a liberação comercial do feijão geneticamente modificado (ainda em análise naquela época) se basearia em documentação “bastante robusta” (500 páginas), em testes de “toxicidade e alergenicidade”, que tiveram resultados negativos, e em parecer de especialista independente apresentado em audiência pública. O presidente da CTNBio enfatizou que a produção de OGMs pela Embrapa levou “uma dezena de anos” e envolveu “quase uma centena de pesquisadores”.
No ofício, Paiva ainda pergunta “qual a perda para os agricultores brasileiros se deixarmos que o vírus afete a produtividade do feijão? Como este prejuízo se compara com os alegados e não comprovados potenciais danos à saúde ou ao ambiente?”.
O feijão transgênico foi liberado em 15 de setembro após controvérsia dentro do governo. O assunto poderá voltar à discussão pública durante a 4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que ocorrerá em Salvador (BA) entre 7 e 10 de novembro. Documento de referência para a preparação do evento aponta que “o agronegócio empresarial (...) expande um modelo frágil e insustentável que faz uso intensivo de agrotóxicos e sementes transgênicas, liberados por meio de processos da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e repetidamente questionados pela sociedade civil. Esse pacote tecnológico faz do Brasil o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Os reflexos disso são manifestos nos registros de intoxicação de trabalhadores e na contaminação do solo, do ar (e consequentemente da água da chuva), das nascentes e dos aquíferos”. 
Na opinião do presidente da CTNBio, “o contraditório é bom”, mas a polêmica já se alonga por muito tempo. “São 16 anos em que se utilizam os mesmos argumentos, enquanto hoje no mundo se utilizam milhões e milhões de toneladas de grãos transgênicos na alimentação humana no mundo inteiro e até hoje não há único caso provado cientificamente de que isso possa ter causado qualquer mal”, reclama Edilson Paiva.
A Agência Brasil entrou em contato com o Consea para entrevistar Renato Maluf, mas não obteve resposta. A reportagem também tentou a entrevista por meio da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde Maluf é professor do Departamento de Desenvolvimento Agricultura e Sociedade, e não conseguiu retorno.
Fonte: Agencia Brasil


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A ilusão de uma economia verde


Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em consequência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão "aquecimento global” esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta (água, energia, solos, sementes, fibras etc.). A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros.
A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha.
Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido crítico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável.
Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos.
Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade.
Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra:”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”(final).
Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada colherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital.
Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão.
Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde. Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.
Fonte: Adital 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MST ocupa Fazenda Palermo em Monte Alegre de Minas

O MST- Movimento doe Trabalhadores Rurais Sem Terra, tomou posse da Fazenda Palermo, Município de Monte Alegre, região do Triângulo Mineiro. A área de 550 hectares está sendo desapropriada pelo INCRA  para fins de Reforma lre. Hoje o acampamento Roseli Nunes conta com 70 famílias organizadas, com poucos barracos  estruturados, iniciando então o prepara da terra para plantio.
Da Ocupação;
A ocupação se deu na madrugada do dia 08/10/2011
As famílias são do acampamento Roseli Nunes, que se encontravam nas áreas de Assentamento devido o despejo sofrido na Faz. Inhumas.
No dia seguinte da ocupação o Sr. John Polaque chegou na área ocupada, numa caminhonete com seis homens, ameaçando as famílias, dizendo que não se preocupava com a lei, que tem muito dinheiro 
e que já tinha até colocado fogo na cadeia e que para defender o que é dele ele passa por cima de qualquer um..... O Movimento tentou em vão informar ao sr. Polaque que lá é uma área desapropriada pelo INCRA, mas o mesmo não aceitou nem mesmo dialogar com as famílias. Várias ameaças graves foram feitas e o sr. Polaque garantiu que até quarta feira desta semana vai' arrancar' as famílias da área.
Na data de ontem foi feito o Boletim de Ocorrência da ocupação e do fato ocorrido.
Este senhor não é o proprietário da área, alega que tem uma dívida para receber com o antigo proprietário e que aquela terra será dele para quitar tal dívida.
A área pertencia ao Sr. Edmar Laerte Perloca 
Atual proprietário: José Cardoso.
Aguardamos do INCRA providencias urgente para que conflitos maiores seja evitado.
                Atenciosamente 
                Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
                Regional Triângulo Mineiro 
                

                REFORMA AGRÁRIA, POR JUSTIÇA SOCIAL E SOBERANIA POPULAR.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

12 outubro N. S. Aparecida

A voz profética de Dom Hélder Câmara, na famosa Invocação à Mariama declamada na "Missa dos Quilombos", em 1982.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Arcebispo de Porto Velho ameaçado de morte por fazendeio

Dom Moacyr Grechi sofreu ameaças depois de ter pedido a Ouvidoria Agrária intervir para evitar o despejo de  45 famílias de posseiros de Ariquemes . Dom Moacyr tinha pedido a intervenção da Ouvidoria Agrária e a Justiça Federal concedeu um prazo de mais 60 dias para as famílias. Segundo o INCRA, existe uma ação de retomada judicial da área, pois é terra da união. Dom Moacyr teria registrado queixa na Delegacia de Polícia Civil e o MPF aberto inquérito civil público para averiguar as ameaças recebidas. 
 (O Rondoniense) - Ministério Público Federal em Rondônia abriu na semana passada um Inquérito Civil Público para averiguar ocorrências de atentados a Direitos Fundamentais do arcebispo de Porto Velho, Dom Moacir Grechi. O arcebispo vem recebendo ameaças de morte por causa de sua atuação na Comissão de Justiça e Paz junto aos movimentos sociais. Dom Moacir registrou queixa na Delegacia de Polícia Civil e um suspeito pelas ameaças já teria sido ouvido.
Segundo o Ministério Público Federal a instauração do Inquérito se justifica devido à “flagrante ausência de políticas públicas voltadas para a redução da violência no Estado de Rondônia, notadamente no que se refere à violência decorrente de movimentos sociais, sejam urbanos ou rurais, o que tem resultado historicamente na ocorrência de diversos crimes contra lideranças comunitárias”. Dentre as providências já tomadas preliminarmente, o MPF-RO solicitou à Direção Geral da Polícia Civil cópia das informações sobre as providências já adotadas em relação à denúncia, principalmente o teor do interrogatório de uma dos acusados; comunicação do fato à Ouvidoria Agrária Nacional; e ao próprio Dom Moacir Grechi que matenha o MPF-RO informado sobre qualquer outra ocorrência de ameaças que venha a sofrer durante o curso das investigações. (Fonte: CPT Rondônia- (08-10-2011)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O perigo da tal Economia Verde

Aos poucos vamos entendo mais sobre o que é na verdade essa tal Economia Verde. Ela vai se concretizando em forma de políticas e propostas.

Leiam a reportagem abaixo, publicada pelo Jornal Valor, de 06-10-2011. Fica bem claro nas palava do pessoal do Ministério de Ciência e Tecnologia, o que significa Economia Verde: "agregar valor à biodiversidade". Realmente é isso que está por traz da proposta da Rio+20 –Conferência da ONU sobre Desenvolvimento e Sustentabilidade, agregar valor à natureza e ampliar o mercado. O que será bom, certamente, para os lucros dos negócios e para o mercado. A natureza vira definitivamente merdoria.

Ministério quer criar um Vale do Silício da biodiversidade

Emancipar a economia verde no Brasil é um dos projetos da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, do Ministério da Ciência e Tecnologia. A intenção é criar parques tecnológicos que agreguem valor à biodiversidade. "É um projeto difícil e visionário", diz o secretário Carlos Nobre. "Isso existe há muitos anos em outros países, não é invenção do Brasil. O que é novo é o parque mirar a biodiversidade."

A reportagem é de Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal Valor, 06-10-2011.

A intenção é criar, nas regiões mais biodiversas do país, um ou dois parques de pesquisa e desenvolvimento, nos moldes do Parque Tecnológico de São José dos Campos, (SP), atraindo empresas, pesquisadores, universidades e desenvolvendo novos produtos.

O que se quer é criar um modelo de desenvolvimento para a Amazônia que extrapole o padrão extrativista e chegue ao conceito de bioindústria, do economista Ignacy Sachs. Nobre exemplifica com o açaí: "Tem muito valor agregado, mas nós vendemos praticamente a polpa da fruta". No Brasil, só se faz sorvete. Na Califórnia, para onde o açaí foi levado em 1998 por dois surfistas que vieram competir no Recife, a fruta é transformada em 20 produtos diferentes.
"Lá é artigo de luxo. Um copo de açaí é vendido nos cafés a US$ 6 ou US$ 8", conta Nobre. O açaí já movimenta, no mundo, perto de R$ 5 bilhões. Nos EUA, fazem fitoterápicos, alimentos, cosméticos. "Ele sai da floresta a US$ 1 o litro. Em São Paulo alcança valor 20 vezes maior. Na Califórnia, 70 vezes maior. "Dá para desenvolver este potencial sem derrubar floresta."

Já foram identificados 300 produtos amazônicos, mas o Brasil usa comercialmente só cinco ou seis - guaraná, açaí, castanha, cupuaçu, graviola e látex, não mais que isso. "Temos que desenvolver uma indústria que empregue, crie renda e gere desenvolvimento."

Para criar esta espécie de Vale do Silício da biodiversidade, Nobre convidou Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do programa Biota-Fapesp, para dirigir o Departamento de Políticas e Programas Temáticos da secretaria.
A ideia é atrair para o parque indústrias de energias renováveis, farmacêuticas, de cosméticos. "Temos que quebrar essa lógica que vê uma área tropical com muita água e pouca densidade demográfica e pensa só na agricultura tradicional", diz "Temos uma economia verde, lucrativa, que é a economia do conhecimento natural."

Nobre lembra que existem hoje 750 mil km2 na Amazônia que estão desmatados, e desses, entre 160 mil km2 e 200 mil km2, abandonados. "Com uma fração disso, podemos aumentar a produtividade da carne e da soja sem expandir fronteira agrícola", diz. "É fazer com que retorne a ser produtivo o que já está desmatado."

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dia de São Benedito

Hoje, 5 de outubro, festa de São Benedito, aprecie o show. 2º Festival Viola de Todos os Cantos (EPTV) - 2004. Apresentação de Raimundo Andrade juntamente com artistas locais e grupo folclórico da região empolgou a multidão no Estádio Melão.O cantor artista é Raimundo Andrade.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

RESPEITO A TODO SER, À MÃE TERRA

Leonardo Boff

     O Cristianismo conhece a figura exemplar de São Francisco de Assis (1181-1226). Seu mais antigo biógrafo, Tomás de Celano (1229), testemunha que andava com respeito por sobre as pedras em atenção dAquele, Cristo, que foi chamado de “pedra”; recolhia com carinho as lesmas para não serem pisadas; no inverno, dava água doce às abelhas para não morrerem de frio e de fome.

     Se reconhecermos, como os povos originários e muitos cientistas modernos, que a Terra é Gaia, Mãe generosa, geradora de toda vida, então devemos a ela o mesmo respeito e veneração que devotamos às nossas mães. Em grande parte, a crise ecológica mundial deriva da sistemática falta de respeito para com a natureza e a Terra.
    O respeito implica reconhecer que cada ser vale por si mesmo, porque simplesmente existe e, ao existir, expressa algo do Ser e daquela Fonte originária de energia e de virtualidades da qual todos provém e para a qual todos retornam (vácuo quântico). Numa perspectiva religiosa, cada ser expressa o próprio Criador.
     Ao captarmos os seres como valor intrínseco, surge em nós o sentimento de cuidado e de responsabilidade para com eles a fim de que possam continuar a ser a a coevoluir.
     As culturas originárias atestam a veneração face à majestade do universo, o respeito pela natureza e para cada um de seus representantes.
     O budismo que não se apresenta como uma fé mas como uma sabedoria, um caminho de vida em harmonia com o Todo, ensina a ter um profundo respeito, especialmente, por aquele que sofre (compaixão). Desenvolveu o Feng Shuy que é a arte de harmonizar a casa e a si mesmo com todos os elementos da natureza e com o Tao.
     O Cristianismo conhece a figura exemplar de São Francisco de Assis (1181-1226). Seu mais antigo biógrafo, Tomás de Celano (1229), testemunha que andava com respeito por sobre as pedras em atenção dAquele, Cristo, que foi chamado de “pedra”; recolhia com carinho as lesmas para não serem pisadas; no inverno, dava água doce às abelhas para não morrerem de frio e de fome.
     Aqui temos a ver com um outro modo de habitar o mundo, junto com as coisas convivendo com elas e não sobre as coisas dominando-as.
   Extremamente atual é a figura do humanista Albert Schweitzer (1875-1965). Elaborou grandiosa ética do respeito a todo o ser e à vida em todas as suas formas. Era um grande exegeta e famoso concertista das músicas de Bach. Num momento de sua vida, largou tudo, estudou medicina e foi servir hansenianos em Lambarene, no Gabão.
      Diz explicitamente, numa carta, que “o que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos, mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum valor. Se o Cristianismo não realizar isso, perdeu seu sentido”.
     Em seu hospital no interior da floresta tropical, em Lambarene, entre um atendimento e outro, escreveu vários livros sobre a ética do respeito, sendo o principal este: O respeito diante da vida (Ehrfurcht vor dem Leben).
     Bem diz ele: ”a idéia-chave do bem consiste em conservar a vida, desenvolvê-la e elevá-la ao seu máximo valor; o mal consiste em destruir a vida, prejudicá-la e impedi-la de se desenvolver. Este é o princípio necessário, universal e absoluto da ética”.
     Para ele, o limite das éticas vigentes consiste em se concentrarem apenas nos comportamentos humanos e esquecerem as outras formas de vida. Numa palavra: “a ética é a responsabilidade ilimitada por tudo que existe e vive”
     Dai se derivam comportamentos de grande compaixão e cuidado. Numa prédica conclamava: “Mantenha teus olhos abertos para não perder a ocasião de ser um salvador.     Não passe ao largo, inconsciente, do pequeno inseto que se debate na água e que corre risco de se afogar. Tome um pauzinho e retire-o da água, enxugue-lhe as asinhas e experimente a maravilha de ter salvo uma vida e a felicidade de ter agido a cargo e em nome do Todo-poderoso. A minhoca que se perdeu na estrada dura e seca e que não pode fazer o seu buraco, retire-a e coloque-a no meio da grama. ‘O que fizerdes a um desses mais pequenos foi a mim que o fizestes’. Esta palavra de Jesus não vale apenas para nós humanos mas também para as mais pequenas das criaturas”.
     Essa ética do respeito é categórica no momento atual em que a Mãe Terra se encontra sob perigoso estresse.

Leonardo Boff, teólogo brasileiro, autor de Convivência, Respeito, Tolerância, Vozes 2006.

sábado, 1 de outubro de 2011

Direito à moradia e à terra

A Campanha Mundial pelo Direito à Moradia e à Terra acontece de 15 de setembro a 31 de outubro. O alvo são políticas neoliberais, origem da crise global e urbana, da corrupção e da especulação imobiliária.
Resistências e Alternativas são as palavras-chaves escolhidas pelo Comitê de Contato constituído por ocasião da Assembleia Mundial dos Habitantes. 

No centro do debate, a luta contra as expulsões, os despejos, a monopolização de terras, a perseguição aos militantes: este ano, esses temas abarcam todos, não somente as organizações envolvidas há muito tempo nas Jornadas Mundiais Despejo Zero ou demais campanhas.
Como alvo, as políticas neoliberais, origem da crise global e urbana, da corrupção e da especulação imobiliária, que excluem da moradia mais de um bilhão de pessoas, mandando para a rua a cada ano mais dezenas de milhões.
Só em Uberlândia este ano de 2011, mais de 3 mil famílias forma despejadas e continuam lutando por moradia e terra.