sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Morreu o Cardeal Martini, o bispo de diálogo

O cardeal italiano Carlo Maria Martini, Jesuita, morreu nesta sexta-feira, dia 31/08/2012, em Milão, na Itália, aos 85 anos. Estava com mal de Parkinson. Eminente intelectual, especialista em Bíblia. Um dos mais destacados cardeais progressistas da Igreja católica, incansável defensor da implantação do Concilio Vaticano II e esperança de uma abertura maior ao mundo moderno, embora sempre tenha formulado suas críticas e propostas de forma sutil.
O cardeal, que nasceu no dia 15 de fevereiro de 1927 em Turim, foi ordenado sacerdote no dia 13 de julho de 1952. Exegeta de formação, foi nomeado pelo papa Paulo VI reitor do Instituto Bíblico, onde permaneceu até 1968, e depois reitor da prestigiada Universidade Pontifícia Gregoriana em Roma. No fim de 1979, João Paulo II o nomeou arcebispo de Milão, a maior diocese da Europa, que dirigiu por 22 anos.

Um promotor do ecumenismo e do diálogo com outras religiões, começando com o judaísmo. Um grande estudioso bíblico e um homem de profundo conhecimento, o autor de muitos livros e documentos, mas capaz de falar com multidões e atrair os jovens. Uma pessoa aberta às mudanças.
Considerava que uma "evolução" no âmbito do celibato dos sacerdotes era possível, sem que a Igreja de Roma renunciasse inteiramente ao tema.

Após a última crise, de saúde, que começou em meados de agosto, o cardeal Martini não era mais capaz de engolir alimentos sólidos ou líquidos ou. Mas permaneceu lúcido até o fim e recusou qualquer  forma de “tratamento agressivo ", explicou poucas horas antes da morte neurologista Gianni Pezzoli, que por anos foi o médico responsável pel o tratamento do arcebispo emérito de Milão. "Ele se recusou a obstinação terapêutica"

Martini freqüentemente expressou abertura para discutir questões polêmicas para a Igreja, como o celibato sacerdotal, a homossexualidade e o uso de preservativos para combater a transmissão do HIV. Embora não em desacordo com a doutrina da Igreja, seus pontos de vista, no entanto, mostraram sua inclinação progressista. Ele era um intelectual e um estudioso bíblico notável, com um estilo aconchegante, amável e agradável.

Em 2006, disse ao semanal italiano L'Espresso que o preservativo pode ser considerado um "mal menor" no combate à Aids, especialmente para um casal. Embora um pouco revolucionário na época, seus pontos de vista parecem ter atingido um acorde: Quatro anos mais tarde, o próprio Bento XVI chegou perto dessa idéia, ecoando o sentimento Martini, quando ele disse que um garoto de programa que pretende usar um preservativo pode ser um passo na direção de uma sexualidade mais responsável porque ele estava olhando para fora para o bem-estar de seu parceiro.

Em junho, ele anunciou que não poderia mais continuar com o sua coluna jornal Corriere della Sera.
"Chegou o momento em que a idade e a doença  me deram um sinal claro de que é hora de se demitir das coisas terrenas e se preparar para a vinda próxima do Reino", escreveu ele aos seus leitores. "Eu asseguro as minhas orações para todas as perguntas que ficaram sem resposta."





terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dois santos homens, mais que falar deram exemplos do que é seguir Jesus Cristo.




Dom Hélder Câmara
Hélder Pessoa Câmara nasceu em Fortaleza, em 1909. Ainda jovem, aos 14 anos, entrou no Seminário da Prainha de São José, em Fortaleza, para cursar filosofia e teologia.
Aos 22, em 1931, Hélder se ordena sacerdote. Na sequência, passou a exercer o cargo de diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará. Realizou a função por 5 anos, até ser transferido para o Rio de Janeiro.
Foi no Rio de Janeiro que desenvolveu algumas de suas principais obras sociais. Fundou a Cruzada São Sebastião, que era destinado a atender favelados, e também o Banco da Providência, que ajudava famílias pobres. Dom Hélder colaborou com revistas católicas, além de exercer funções na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro e no Conselho Nacional de Educação.
Recebeu um convite para ser assessor do arcebispo do Rio de Janeiro em 1946. Foi o responsável pela fundação do Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que o elegeu Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro.
Em 1964, pouco antes do golpe militar, Dom Hélder foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Após escrever um manifesto de apoio à ação católica operária em Recife, foi acusado de demagogia e comunismo, sendo proibido de se manifestar publicamente.
Ficou conhecido por ter se tornado um líder contra o autoritarismo e os abusos aos direitos humanos, frequentemente praticados pelos militares. Além disso, atuou em movimentos estudantis, operários, ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Foi um defensor da justiça e da cidadania.
Mas a repressão estava cada vez mais dura. O assessor de Dom Hélder, o padre Antônio Henrique, foi preso, torturado e morto. Além disso, outros vinte colaboradores de sua arquidiocese são presos e torturados. Em 1970, fez um pronunciamento em Paris, denunciando a prática de tortura a presos políticos no Brasil, aproveitando-se da importância crescente que passava a ter. Dois anos depois, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O governo militar não perdoa: divulga um dossiê acusando, mais uma vez, Dom Hélder de ser comunista.
A partir de 1978, com uma lenta e gradual abertura política, Dom Hélder se dedica mais ainda a aplicar a sua teologia da libertação.
Aposentou-se em 1985, deixando mais de 500 comunidades eclesiais de base organizadas, com operários, trabalhadores rurais e retirantes em busca de melhores condições de trabalho e de vida.
Sempre atuante, Dom Hélder participou da campanha pelas "Diretas Já". E realizou debates e palestras de conscientização para a cidadania em todo o país. Além disso, deixou registrado o seu pensamento em diversos livros, que foram traduzidos para diferentes línguas.
Dom Hélder faleceu em 1999, vítima de uma parada cardíaca.
Fonte: PENSADOR.INFO


Dom Luciano Mendes de Almeida
Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida nasceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de outubro de 1930, filho de Cândido Mendes de Almeida e de Emília Mello Vieira Mendes de Almeida. Na juventude, entrou para a Companhia de Jesus, ordem religiosa de Santo Inácio - (Jesuíta).
Fez seus estudos de filosofia em Nova Friburgo, de 1951 a 1953 e, em Roma, fez seus estudos de teologia, de 1955 a 1958 e doutorou-se em Filosofia (1965). Foi ordenado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, em 2 de maio de 1976.
Entre outras funções que assumiu no serviço à Igreja de Deus, destacam-se: o trabalho na CNBB, como secretário geral, de 1979 a1987; e depois seu presidente em dois mandatos sucessivos (1988 a 1995); membro da Pontifícia comissão de Justiça e Paz (1992 a 2006); 1º vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM) de 1995 a 1998.
Durante seu episcopado, Mariana comemorou o primeiro centenário como Arquidiocese, coincidindo com seus 30 anos de ordenação episcopal e 18 anos à frente desta Igreja particular. Seu pastoreio fez da Arquidiocese de Mariana, uma Igreja mais integrada à caminhada com a Igreja no Brasil, uma Igreja viva e atuante, solidária e comprometida, à luz da fé, no anúncio do evangelho, no fervor missionário e na erradicação da fome e da miséria.
Estão entre algumas de suas muitas iniciativas pastorais: reestruturação dos serviços de atendimento pastoral e social na Arquidiocese; recuperação do acervo histórico, artístico e cultural; maior investimento nos Meios de Comunicação Social (como a criação do Departamento Arquidiocesano de Comunicação - DACOM), na formação e participação dos leigos e multiplicação dos serviços e casas de atendimento aos idosos, crianças, jovens, homem do campo, dependentes químicos, pessoas carentes e com deficiência.
Na organização Pastoral destaca-se, entre outros, a criação das cinco Regiões Pastorais e dos vicariatos, organização dos centros de pastoral: Arquidiocesano e Regionais; realização anual de assembleias pastorais e encontros dos presbíteros e diáconos; organização e nova configuração dos conselhos; organização das pastorais; planos de evangelização. Empenho para com a formação dos padres: reestruturação das casas de formação, investimento na qualificação dos padres formadores, construção de novas dependências, como a casa do  Ensino Médio e Propedêutico, criação da FAM (Faculdade Arquidiocesana de Mariana).  
Sua saúde foi abalada diante de uma enfermidade, que dia a dia, mais se agravava. Em 27 de agosto de 2006, faleceu Dom Luciano. Mais que nos anais da história, seus feitos de amor estarão inscritos e se perpetuarão nos corações do povo que muito o amou e dele jamais se esquecerá.
Fonte: CNBB


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

MPF/MG denuncia empresa de reflorestamento por prática de trabalho escravo

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o proprietário da empresa Minas Reflorestamento S/A, W.C.F., e outras três pessoas, A.J.T.S., L.S.B e S.A.L., por frustração dos direitos trabalhistas (artigo 203 do Código Penal) e redução à condição análoga à de escravo (artigo 149) de pelo menos 15 trabalhadores.
Os crimes teriam sido cometidos na Fazenda São Bartolomeu, situada às margens da MG-040, na zona rural do Município de João Pinheiro, região noroeste de Minas Gerais. As vítimas encontravam-se trabalhando na produção de carvão vegetal, incluindo o corte e transporte da madeira de eucalipto.
Segundo a denúncia, equipe móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho encontrou 15 trabalhadores submetidos a condições degradantes e jornada exaustiva de trabalho. Nenhum deles tinha o registro de emprego assinalado nas Carteiras de Trabalho e, além de trabalharem em feriados e em alguns domingos, não eram remunerados pelos dias de descanso semanal. Tampouco recebiam o 13º salário.
Os pagamentos não eram realizados mensalmente e sofriam descontos indevidos: os “gatos” faziam compras – desde bebidas alcoólicas, remédios e cigarros até instrumentos de trabalho e equipamentos de proteção individual – em nome dos trabalhadores numa mercearia próxima à fazenda e posteriormente descontavam essas compras no valor pago a título de remuneração pelos trabalhos.
O MPF relata que os descontos eram tão abusivos que um dos trabalhadores rurais, não obstante recebesse em média R$ 780,00, chegou a dever ao “gato”, no mês de agosto de 2010, o valor de R$ 791,54.
Galinheiro – Os alojamentos para os trabalhadores tinham características distintas. Os Alojamentos I e IV não passavam de cabanas com paredes construídas com varas de eucalipto, sem portas e sem instalações sanitárias. Segundo os auditores fiscais, eles eram bem semelhantes a um “galinheiro situado próximo ao Alojamento III” e contrastavam com a casa do gerente A.J.T.S..
Nos Alojamentos II e III, embora fosse construído em alvenaria, rebocado e telha de fibrocimento/amianto, também não havia instalações sanitárias, chuveiro, local para refeições, nem portas nos quartos. Segundo o relatório da fiscalização, os trabalhadores tomavam banho com “um balde de 20 litros”, que era levado “prá dentro de um cômodo, e com um copo/cuia jogavam a água no corpo”.
Durante a inspeção, foram lavradas 37 autuações. O total das verbas rescisórias ultrapassou os R$ 57 mil.
A pena para o crime de redução à condição análoga à de escravo varia de dois a oito anos de prisão; a do crime de frustração dos direitos trabalhistas vai de um a dois anos, mais o pagamento de multa em ambos os casos. O MPF pediu a punição dos acusados por cada um dos 15 trabalhadores encontrados em situação irregular.
(Ação Penal n. 0000815-07.2012.4.01.3817)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Cerrado tem 22 mil focos de incêndio

O Cerrado brasileiro lidera o ranking de biomas com maior número de focos de incêndio registrados de janeiro a julho deste ano. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mais de 22 mil focos foram mapeados.
O número chega perto do total de queimadas registrados no Brasil no mesmo período de 2011. Ano passado, foram identificadas 23,6 mil queimadas em todo em todo o país.
A Amazônia fica em segundo lugar no ranking de queimadas deste ano, com 9,2 mil focos de incêndio, seguida pelas regiões de Mata Atlântica (3,4 mil) e Caatinga (3,2 mil).
O Maranhão foi o estado onde ocorreu o maior número de focos de incêndio, chegando a um total de 7,4 mil. Mato Grosso é o segundo com maior volume de queimadas, com 6,8 mil casos, seguido pelo Tocantins (4,3 mil), o Piauí (4 mil) e a Bahia (3,3 mil).
Representantes de órgãos responsáveis pelo combate e monitoramento de queimadas, como o próprio Inpe e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alertaram no início do ano sobre o risco de ocorrência de maior número de incêndios florestais.
Mesmo tendo a ação do homem como a principal origem das queimadas, é a combinação da falta de chuva, clima seco e temperatura alta que amplia o problema.

sábado, 11 de agosto de 2012

Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas



Nos próximos dias 20 a 22 de agosto, Brasília sediará um encontro histórico: o Encontro unitário dos trabalhadores, trabalhadoras e povos do campo, das águas e das florestas será um grande momento em que os principais movimentos sociais do campo brasileiro, como a Via Campesina, o MST, a Contag, a Fetraf, o Movimento Camponês Popular, quilombolas, pescadores dentre tantas outras organizações, esta
rão reunidos para firmar pautas e uma agenda de luta unitária.

Serão mais de 5 mil delegados e delegadas de todo o Brasil no Parque da Cidade. Há 51 anos não acontece algo parecido; o último foi o primeiro e único Congresso Camponês em 1961.
Esse encontro acontece em um momento em que a reforma agrária, a demarcação das terras indígenas e quilombolas estão paralisados. É preciso que tenhamos estratégias fundamentadas para que políticas de democratização do acesso a terra para os mais pobres avance neste País. As políticas estruturantes para o campo brasileiro não estão sendo realizadas e o agronegócio avança cada vez mais, escravizando trabalhadores, expulsando quilombolas e indígenas de seus territórios, destruindo a nossa natureza e ameaçando a nossa soberania através da aliança perversa com o capital internacional e financeiro.

Como já disseram as lideranças dos movimentos sociais, o agronegócio tem o discurso de ser um modelo lucrativo, rendendo mais de R$ 130 bilhões do PIB (Produto Interno Bruto), mas esconde que o crédito vem do bolso do brasileiro:eles recebem do governo R$ 115 bilhões, além das dívidas que ano após anos são roladas, um verdadeiro calote aos cofres públicos. Além disso, o latifúndio e grandes empresas ligadas ao agronegócio dependem do financiamento do BNDES que deveria estar mais preocupado com projetos que gerem emprego e renda no campo, ou seja, nas experiências que privilegiam a agricultura familiar, cooperativas de trabalhadores, dentre tantos outros projetos que são levam desenvolvimento real para o campo brasileiro.

Durante o encontro, os trabalhadores, trabalhadores e povos do campo, das águas e das florestas farão um diagnóstico de como está a agricultura no Brasil, quais são os limites da Reforma Agrária, quem são os inimigos. O enfrentamento e a resistência contra o inimigo em comum, além da pressão ao Governo serão pautas para que a Reforma Agrária e o direito a terra para todos e todas seja colocado como prioridade número 1.
Fonte: SINTAG-PB

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Leonardo Boff - O que cobrar ao capitalismo neoliberal em crise

Leonardo Boff*
A crise do neoliberalismo atingiu o coração dos países centrais que se arrogavam o direito de conduzir não só os processos econômico-financeiros mas o própirio curso da história humana. A crise é da ideologia política do Estado mínimo e das privatizações dos bens públicos mas também do modo de produção capitalista, extremamente exacerbado pela concentração de poder como nunca se viu antes na história. Estimamos que esta crise possui caráter sistêmico e terminal.
Sempre o gênio do capaitalismo encontrava saídas para seu propósito de acumulação ilimitada. Para isso usava todos os meios, inclusive a guerra. Ganhava destruindo e ganhava reconstruindo. A crise de 1929 se resolveu não pela via da economia mas pela via da Segunda Guerra Mundial. Esse recurso agora parece impraticável, pois as guerras são tão destrutivas que poderiam exterminar a vida humana e grande parte da biosfera. E não estamos seguros de que em sua insanidade, o capitalismo não use até este meio.
Desta vez surgem dois limites intransponíveis, o que justifica dizer que o capitalismo está concluindo seu papel histórico. O primeiro é o mundo cheio, quer dizer, o capitalismo ocupou todos os espaços para sua expansão em nível planetário. O outro, verdadeiramente intransponível, é o limite do planeta Terra. Seus bens e serviços são limitados e muitos não renováveis. Na última geração queimamos mais recursos energéticos do que havíamos feito no conjunto das gerações anteriores, nos atesta o analista cultural italiano  Luigi Soja. Que faremos quando estes atingirem um ponto crítico ou simplesmente se esgotarem? A escassez de água potável pode colocar a Humanidade face a uma dizimação de milhões de vidas.
Os controles e as regulações propostas até agora foram simplesmente ignoradas. A Comissão das Nações Unidas sobre a Crise Financeira e Monetária Internacional, cujo coordenador era o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz (chamada de Comissão Stiglitz) empreendeu grande esforço, para, a partir de janeiro de 2009, apresentar reformas intrasistêmicas de cunho keneysiano. Ai se propunha uma reforma dos organismos financeiros internaconais (FMI, Banco Mundial) e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Previa-se a criação de um Conselho de Coordenação Econômica Global no mesmo nível que o Conselho de Segurança, a constituição de um sistema de reservas globais, para contrabalançar a hegemonia do dólar como moeda de referência, a instituição de uma fiscalização internacional, a abolição os paraísos fiscais e do segredo bancário e, por fim, uma reforma das agências de certificação. Nada foi aceito. Apenas a ONU acolheu a constituição permanente de um Grupo de Experts de Prevenção das Crises, que ninguém lhe dá importância porque o que realmente conta são as bolsas e a especulação financeira.
Esta constatação decepcionante nos convence de que a lógica deste sistema hegemônico pode tornar o planeta não mais amigável para nós, nos levar a catástrofes sócio-ecológicas tão graves a ponto de ameaçar nossa civilização e a espécie humana. O certo é que este tipo de capitalismo que na Rio+20 se revestiu de verde com o intuito de colocar preço em todos os bens e serviços naturais e comuns da Humanidade, não tem condições a médio e a longo prazo de assegurar sua hegemonia. Outra forma de habitar o planeta Terra e de utilização de seus bens e serviços deverá surgir.
O grande desafio é como processar a transição rumo a um mundo pós-capitalista liberal. Este terá como centro o Bem Comum da Humanidade e da Terra e será um sistema de sustentação de toda vida que expresse  nova relação de pertença e de sinergia com a natureza e com a Terra.
Produzir é preciso, mas respeitando o alcance e os limites de cada ecossistema, não meramente para acumular mas para atender, de forma suficiente e decente, as demandas humanas. Importa ainda cuidar de todas as formas de vida e buscar o equilíbrio social, sem deixar de pensar nas futuras gerações que têm direito à uma Terra preservada e habitável.
Não cabe neste espaço aventar alternativas em curso. Ater-nos-emos ao que é possível fazer intrasistemicamente, já que não há como sair dele proximamente.
Assistimos ao fato de que a América Latina e o Brasil, na divisão internacional do trabalho, são condenados a exportar minérios e commodities, bens naturais como alimentos, grãos e carnes. Para fazer frente  a este tipo de imposição, deveríamos seguir passos já sugeridos por vários analistas especialmente por um grande amigo do Brasil François Houtart em seus escritos e no seu recente livro com outros colaboradores: “Un paradigma poscapitalista:el Bien Común de la Humanidad”(Panamá 2012).
       Em primeiro lugar, dentro do sistema, lutar por normas ecológicas e regulações internacionais que cuidem o mais possível dos bens e serviços naturais importados de nossos países; que tratem de sua utilização de forma socialmente responsável e ecologicamente correta. A soja é para alimentar primeiramente  gente e só depois animais.
       Em segundo lugar, cuidar de nossa autonomia, recusando a imposição do neocolonialismo por parte dos países centrais que nos mantém, com outrora, periféricos, subalternos, agregados e meros supridores do que lhes falta em bens naturais. Antes, devemos cuidar de incorporar tecnologias que dêem valor agregado aos nossos produtos, criemos inovações tecnológicas e orientemos a economia, primeiro, para o mercado interno e em seguida para o externo;
       Em terceiro lugar, exigir dos países importadores  que poluam o menos possível em seus ambientes e que contribuam financeiramente para o cuidado e regeneração ecológica dos ecossistemas de onde importam os bens naturais especialmente, no caso do Brasil,  da Amazônia e do Cerrado.
       Trata-se de reformas e não ainda de revoluções. Mas apontam para o novo e ajudam a criar as bases para propor um outro paradigma que não seja o prolongamento do atual, perverso e decadente.
*Leonardo Boff é teólogo e filósofo, dr.h.causa em política pela Universidade de Turim.

domingo, 5 de agosto de 2012

João Pedro Stédile faz uma análise da Agricultura no Brasil.

João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, concedeu entrevista ao programa Jogo Aberto da TV Tarobá, de Londrina, no Paraná. Stédile esteve na cidade participando da XI Jornada de Agroecologia, onde falou sobre o Movimento do Capital e seu Projeto de Dominação na Agricultura e suas Consequências. Assita...
Fonte: Programa Jogo Aberto- Tv Tarobá.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Justiça dá prazo para que fazendeiros saiam da terra indígena Marãiwatsédé

Prazo de 30 dias para que os não-índios deixem voluntariamente a área, em conformidade ao que já decidira a própria Justiça Federal em Mato Grosso, em 2007, e o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em 2010, ao reconhecerem o local como terra tradicional indígena. A retirada é na área situada entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia.