Por ocasião da visita da Comissão Especial PL 37/11 – Mineração,hoje dia 21/10/13, à CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração em Araxá/MG. Entidades entregaram uma nota aos deputados, com denúncias de contaminação do solo, água e ar pela CBMM e Vale fertilizantes.
A nota denuncia contaminação, há mais de 20 anos, e a mesma não consegue ser solucionada. Pesquisas realizadas constataram a contaminação das águas subterrâneas e superficiais por BÁRIO. Mais recentemente em amostras de água coletadas dos rios que circundam Araxá, foram constatadas também a contaminação por URÂNIO. Estão tramitando na Comarca de Araxá 500 ações judiciais, cujo polo ativo é ocupado pelas mais de 200 famílias que residiam dentro do Complexo do Barreiro, no chamado Alto Paulista e adjacências. Nos últimos 3 anos, somente das famílias que entraram com ação judicial, já morreram 30 pessoas, de câncer. A mineração destruiu uma instância hidromineral da importância de Araxá, em Minas Gerais.
Vejam a nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Referência: Novo Código
de Mineração
Ilustres Senhores
Membros da Comissão Especial do Código de Mineração (PL 37/11),
As atividades de
mineração na cidade de Araxá
A presente nota tem a finalidade de
informar aos Senhores de forma bastante honesta e singela o que aconteceu e
ainda acontece nesta cidade em relação as atividades de mineração.
É sabido por todos que Araxá é conhecida no cenário
nacional e internacional pela estância hidromineral do Barreiro e recebe muitos
turistas em virtude das propriedades terapêuticas de suas águas. Até aqui
concordamos que num passado bastante remoto isso sim seria motivo de orgulho
para esta cidade e de benefícios reais para os turistas.
Ocorre que, próximo ao Complexo do Barreiro, ou melhor,
do que ainda restou do mesmo, estão instaladas a CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e hoje, a Vale
Fertilizantes (anteriormente Bunge, Arafértil).
Deste modo, o grande potencial turístico e mineral desta
cidade, gera consequentemente, conflitos ambientais.
Situando melhor os
Senhores a respeito desses conflitos, existem em torno de 500 ações judiciais
tramitando nesta Comarca, cujo pólo ativo é ocupado pelas mais de 200 famílias
que residiam dentro do Complexo do Barreiro, no chamado Alto Paulista e
adjacências. A grande maioria dessas famílias deixaram o local por
determinação judicial e a partir do momento que foi ajuizada uma ação civil pública para apurar a contaminação dos poços que abasteciam essas
famílias, foi ordenado pelo Poder Judiciário local o bloqueio de verbas nas
contas da Prefeitura Municipal para que a mesma fornecesse água mineral para
estes moradores que há anos ingeriam e utilizavam água imprópria para consumo
humano.
Em breve relato, o
Projeto Hidrogeoambiental da Estância Hidromineral do Barreiro de Araxá, ano de
2001, (relatório elaborado e apresentado pela COMIG – Companhia Mineradora
de Minas Gerais), informa que no ano de 1960 a CAMIG – Companhia Agrícola de
Minas Gerais, começa a produzir fosfato moído e inicia a explotação da mina de
nióbio, pela CBMM, em local adjacente às fontes da Estância Hidromineral do
Barreiro.
Em 1978, foi
detectada contaminação na produção de fosfato pela ARAFERTIL S.A, hoje, Vale
Fertilizantes. Anos mais tarde, em 1982, fica “constatada a contaminação das
águas subterrâneas e superficiais por bário, proveniente das águas que se
infiltram depois de percolar rejeitos contendo cloreto de bário da Barragem B4, pertencente a CBMM. Simultaneamente, ocorria
um outro alerta sobre os possíveis efeitos do rebaixamento da mina de fosfato
sobre a fonte Beja (fonte esta tão visitada e apreciada pelos turistas), no que
diz respeito a sua vazão”. Diante deste fato, o geólogo João Alberto Pratini de
Moraes foi contratado para realizar estudos e propor medidas para controlar os
impactos negativos sobre as águas minerais da Estância do Barreiro.
O relatado acima não é especulação, é fato e medidas
foram e continuam sendo tomadas para reverter esta situação. Obtendo
conhecimento destes fatos a Associação dos Moradores do Barreiro ingressou com
uma ação de reparação de danos perante o Poder Judiciário local e em seguida,
os moradores da região do Barreiro ingressaram individualmente buscando
ressarcimento pelos danos que lhes foram causados. Muitos destes moradores são
filhos e netos das mãos obreiras que ergueram o Grande Hotel do Barreiro e por
serem funcionários padrões, foram agraciados pelo Estado com residências
próximas a Estância Hidromineral.
Destemidos e com poucos recursos, apenas com documentos comprovando
a contaminação das águas e o tratamento de remediação das mesmas não alcançado
até hoje, os moradores e ex moradores do Barreiro, estão caminhando para o
encerramento destas ações, haja vista que, em breve será realizada perícia
solicitada pelo Juiz da 2ª Vara Cível desta Comarca onde tramita os autos
nº0040.09.084357-0, em que, tudo o que foi relatado até o presente momento pode
ser verificado. A atual perícia a ser realizada, frisamos, a pedido do
Excelentíssimo Juiz, pouco importa para a solução destas ações, haja vista que
o pedido de indenização refere-se aos danos ocorridos e relatados no passado.
Informamos ainda que, a empresa CBMM, não nega a contaminação e pode ser constatado tal fato
no Parecer Único – Protocolo nº 615703/2007, dirigido a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Superintendência
Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, em que
justifica a mudança no seu modo de operar, pelo seguinte: “... Com a mudança do
processo, o efluente rico em cloretos (em média 50m3/h), que não favorecia a
remediação da contaminação do bário,
(....) As atividades de remediação da contaminação de bário solúvel a jusante da Barragem B-4 são desenvolvidas de acordo
com definições acordadas em convênio com o Governo Estadual, assinado em 10 de
julho de 1984. (...) Desde a década de 80 são encaminhados semestralmente a
FEAM relatórios de acompanhamento das atividades”.
Acreditamos que
tenha ficado claro aos Senhores diante do exposto acima que existe
contaminação, há mais de 20 anos, e que a mesma não consegue ser solucionada.
Apesar de documentos relatando essa contaminação, os
moradores que postulam em juízo reparação de danos oriundos desta contaminação,
nomearam como Assistente Técnico – Prof. Antônio Roberto (PUC – RJ) que chamou
a Prof.ª Kênya Moore (CNEN) para auxiliá-lo, que vieram até Araxá, fizeram
coletas para apresentarem os resultados. Ocorre que, o professor já citado foi
procurado pela CBMM para que fosse fornecido a ela esses resultados e
posteriormente foi sabido que a empresa ameaçou cortar verbas repassadas a esta
instituição pelo Grupo Moreira Salles (leia-se Banco Itaú e CBMM) caso o
professor seguisse com as investigações. Sendo assim, o Reitor convocou o
professor e expôs toda a situação. Conclusão, o mesmo nunca mais deu satisfação
aos moradores.
A Prof.ª Kênia na posse destes resultados, elaborou um
trabalho sob o manto da CNEN para ser apresentado no congresso do INAC em 2011.
Foram inúmeras as tentativas para obter cópia deste trabalho contendo o
resultado das amostras aqui coletadas. Tentativas frustradas, a Professora
somente apresentou o trabalho que a mesma realizou após ser acionada pelo
Ministério Público.
Neste trabalho foi constatado a presença significativa de urânio em algumas amostras. Foram 19
amostras coletadas e há divergências em relação as amostras apresentadas no
trabalho e as que foram passadas ao Ministério Público pela Professora.
O que temos de concreto é que 6 amostras apresentaram índices de urânio extremamente acima do permitido. Inclusive uma dessas amostras é referente a fonte Andrade Junior que é
visitada diariamente por turistas e moradores desta cidade. Outra amostra, acredita ser de um manancial
de abastecimento de água para a cidade e este ponto está sendo investigado pelo
Ministério Público.
Tendo conhecimento destes fatos, de imediato, o
Ministério Público solicitou ao CNEN que enviasse técnicos a esta cidade e
coletasse amostras de água nos mesmos pontos que foram coletados pelos Professores.
Estranhamente, a Comissão omitiu a presença de urânio, contrariando o estudo realizado
pela Prof. Kênia que é ex funcionária desta instituição, cujo trabalho foi
publicado sob a coordenação da CNEN.
Senhores, este é um panorama bastante amplo da real
situação da atividade de mineração nesta cidade.
Queremos salientar que não somos CONTRA esta atividade,
somos A FAVOR que a mesma seja realizada de maneira bastante responsável para
que não aconteça os grandes desastres que já vitimaram muitas pessoas,
inclusive aqui em Araxá. Nos últimos 3
anos, somente das famílias que entraram com ação judicial, já morreram 30
pessoas, de câncer.
Com essas palavras, as
Instituições abaixo arroladas e que assinam esta nota de apoio não só aos
moradores e ex moradores do Barreiro mas extensiva a toda população araxaense
quer chamar a atenção dos Nobres Senhores membros da Comissão de Revisão do
Código de Mineração para que não se
iludam com um parque industrial bonito, arborizado e com supostas boas ações
direcionadas a esta cidade. Investiguem, vão a fundo, busquem a verdade real.
Senhores, aproveitem esta oportunidade e ajam em PROL de
um desenvolvimento que seja realmente sustentável; o meio ambiente e as pessoas
já sofreram demais com as conseqüências devastadoras destas atividades de
mineração.
O povo de Araxá deposita nas mãos dos Senhores a
esperança de que mineração, turismo e bem estar possam andar lado a lado um sem
prejudicar o outro.
Araxá,
21 de outubro de 2013
Conselho
de Integração e Participação da Comunidade Afro Brasileira de Minas Gerais
Comissão
Pastoral da Terra – Triângulo Mineiro
RENAFRO
– Rede Nacional Afro Brasileira de Saúde nos Terreiros
COAFRO
– Araxá
CMP
– Central de Movimento Populares
AFES
– Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade
JUFRA
– Juventude Franciscana do Brasil
SINFRAJUPE
– Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia
ANGÁ
– Associação para Gestão Sócio Ambiental do Triângulo Minero
Associação
Pomar
estamos morrendo e voces falam que a jente ja sabia da comtaminasao da agua do barreiro .fui criado desde pequeno no barreiro onde vivi toda minha vida agora, voces compram o noso direito com pouco dinheiro e fala isso. estou indignado pois estou com tudo para comtinuar esse processo pois estou me sentindo muito mais pior ainda lendo essa nota de voces .
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