quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quando Ruralistas Decidem Demarcar Terras Indígenas.


Na charge de Carlos Latuff, como funcionaria a PEC 215, que transfere para o Congresso Nacional a prerrogativa das demarcações de terras

A PEC 215 é um absurdo jurídico e político. A proposta quer transferir ao poder legislativo a competência de demarcar terras dos índios. No Congresso Nacional, a bancada ruralista, que representa o latifúndio brasileiro ataca o direito à terra de ocupação tradicional, o conceito de direito originário, ou seja, de que os povos tradicionais têm o direito sobre as terras que ocupam. A Constituição Federal garantiu aos povos indígenas e comunidades quilombolas o direito aos seus territórios tradicionais. Comprometidos com as gerações futuras, os constituintes também asseguraram no texto constitucional a proteção ao meio ambiente e definiram os atos da administração pública necessários à efetivação desses direitos como competência exclusiva do Poder Executivo. 

As ações parlamentares da bancada ruralista no Congresso Nacional contra os direitos dos povos indígenas ocorrem não apenas pela PEC 215. São quase uma centena de proposições em tramitação. Entre elas está o Projeto de Lei Complementar (PLP) 227/2012.  O PLP 227 pretende criar lei complementar ao Artigo 231 da Constituição Federal – “Dos Índios” – apontando exceções ao direito de uso exclusivo dos indígenas das terras tradicionais, em caso de relevante interesse público da União. Dentre as tais exceções, conforme o PLP 227, está a exploração dos territórios indígenas pela rede do agronegócio, empresas de mineração, além da construção de empreendimentos ligados aos interesses das esferas de governo – federal, estadual e municipal. 

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