Trabalhadores da Usina
Triálcool, que pertence ao Grupo João Lyra, bloquearam no dia 10 de janeiro de 2010, a BR 365 no município
de Canápolis (MG), devido ao fato de estarem com o pagamento de seus salários atrasados.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais dos Municípios de
Canápolis e Ituiutaba, Gilmar Natal de Melo, alguns trabalhadores tiveram que
vender os pertences para sobreviver.
Esta não é a primeira vez
que os trabalhadores protestam pelos pagamentos atrasados. Em dezembro, nos
dias 23 e 24, eles bloquearam a mesma rodovia por cerca de duas horas.
Falência
do Grupo João Lyra foi decretada pela Justiça
O Tribunal de Justiça de
Alagoas decretou em setembro de 2013 a falência do grupo sucroalcooleiro da
Laginha Agro Industrial – empresa do grupo sucroalcooleiro João Lyra, que
possui cinco usinas. Desde novembro de 2008, a Laginha encontra-se em
recuperação judicial e acumula uma dívida de cerca de 1,2 bilhão de reais.
Fazem parte da massa falida
do grupo João Lyra duas em Minas Gerais, no Triângulo Mineiro, nas cidades de
Canápolis (unidade Triálcool) e Capinópolis (unidade Vale do Parnaíba) e três
usinas em Alagoas (unidades Uruba, Guaxuma e Laginha), a empresa produtora de
fertilizantes e adubos, a Adubos Jotaele; uma concessionária de automóveis, a
empresa de táxi aéreo Lub e o hospital São Vicente de Paulo.
Condições
de vida sub-humana
Em reportagem ao Correio de
Uberlândia, de 10 de janeiro de 2014, lemos: “O cortador de cana Francisco
Pereira Gomes, natural do Ceará, está em Canápolis desde maio de 2013, quando
foi contratado para trabalhar na usina sucroalcooleira. Em dezembro, quando
recebeu a informação de que o pagamento do seu 13º, dos salários atrasados de
novembro e dezembro e a rescisão de contrato seriam pagas, ele decidiu se
preparar para retornar ao Estado em que mora. “Eu estava com o aluguel do mês
de novembro atrasado, então tive que vender minhas coisas, a cama, móveis e
algumas panelas para poder pagar dividas e comprar comida”. Gomes está dormindo
no estacionamento da empresa desde a última terça-feira (7), quando precisou
sair da casa que alugava, por falta de pagamento”.
Iguais a Gomes outros 40
trabalhadores estão dormindo em frente à empresa e vivendo de doações.
Setor
sulcroalcooleiro
Não obstante o sofrimento
dos trabalhadores o setor sulcroalcooleiro comemora. Segundo o site da UDOP –
União dos Produtores de Bioenergia, o BNDES eleva a R$ 6,9 bi desembolso a
usinas.
“Puxados por condições
especiais do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), os desembolsos do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor
sucroalcooleiro superaram em 2013 as expectativas da própria instituição ao
atingir R$ 6,9 bilhões no ano, 64% acima dos R$ 4,2 bilhões registrados em
2012. A urgência das usinas para renovar e mecanizar canaviais ajudou a
alavancar esses números, que devem, no entanto, perder alguma força em 2014,
dado que uma boa parte dessas demandas já foi atendida e que as taxas de juros
do PSI foram elevadas”.
O setor sucroalcooleiro no
Brasil depende de incentivos do governo, tem uma longa história de atividade
escravagista, que se estende até os dias de hoje.. Assim vai se afirmando o
agronegócio como um setor que carrega na costas uma enorme dívida social e
ética. Se trata de um setor que cresce às custas do sangue e da dignidade do
povo.
por Frei Rodrigo Péret - AFES
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