Sob o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e
lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), a Campanha da
Fraternidade de 2014 refletirá a crueldade criminosa do tráfico humano. Tráfico
para exploração do trabalho, tráfico para exploração sexual; tráfico para
extração de órgãos; tráfico de crianças e adolescentes.
Nunca houve tantos escravos na história da humanidade
como hoje: são as vítimas contemporâneas do tráfico humano. A prática perversa
de explorar alguém em condições degradantes, permanece nos modernos esquemas da
economia global.
Na raiz do tráfico humano
está a busca do lucro e a afirmação da ideia de que tudo pode ser transformado
em mercadoria. O tráfico humano é um dos instrumentos para a expansão do
capitalismo. Se trata do terceiro negócio mais rentável do mundo, só perdendo
para o tráfico de drogas e o contrabando de armas. Movimenta entorno de 32
bilhões de dólares por ano.
No ano de 2000 foi assinado
o Protocolo de Palermo, que definiu o tráfico humano como: “A
expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o
transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas,
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à
fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à
entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de
uma pessoa que tem autoridade sobre outra para fins de exploração, A exploração
incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual,
o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares a
escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos.”
A luta contra o tráfico
implica também na transformação do atual modelo de desenvolvimento, que coloca
o lucro acima da pessoa, que tem o mercado como único valor, transformando tudo
e todos em mercadoria.
O Papa Francisco em sua
mensagem para a CF 2014 conclama: “Não
é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como
mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres
enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem
direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! «A este nível, há necessidade de
um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes toleramos que um ser
humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para
satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar
como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, torna-se
cúmplice desta prepotência» (Discurso do Papa Francisco aos novos Embaixadores,
12 de dezembro de 2013).”
Nesta Quaresma, período litúrgico
em que nos colocamos diante dos mistérios da salvação, a CF 2014 nos interpela:
Se é “para a liberdade que Cristo nos libertou”(Gl 5,1) nós, não podemos ficar indiferentes.
O objetivo geral da Campanha da Fraternidade é o de “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e
denunciá-las como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando
cristãos e pessoas de boa vontade para erradicar este mal com vista ao resgate
da vida dos filhos e filhas de Deus.” (Texto Base da CF 2014)
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