Um efetivo da Divisão de
Operações Especiais – DINOES, da polícia do Peru, (polícia contratada pela
mineradora Yanacocha), juntamente com seguranças privados, queimaram nesta
terça-feira 18 março acampamento dos Guardiões das Lagoas (“Guardianes de las Lagunas”),
no departamento de Cajamarca, no altiplano andino.
Apesar de na parte da manhã
o chefe de polícia de Cajamarca admitir que o acampamento dos “Guardiões dos Lagoas”
não estar localizado em terrenos de propriedade da Minera Yanacocha, minutos
depois a operação começou. De acordo com Manuel Ramos, lider das “Rondas
Campesinas”, cerca de uma hora da tarde, um grupo de DINOES entrou
inesperadamente no acampamento e espalhou as pessoas que estavam no local com
gás lacrimogêneo e balas de borracha e, em seguida , incendiaram tudo que
encontraram.
O acampamento queimado, faz parte
da luta contra a Mineradora Yanacocha e se localiza vizinho à lagoa Namacocha, próximo
ao projeto Conga da mesma mineradora. O projeto de mineração Conga quer extrair
entre 480 mil e 780 mil onças anuais de ouro e 90 mil toneladas de cobre, abrindo
enormes crateras, como tem feito em áreas próximas à cidade de Cajamarca. Essa
extração irá causar sérios impactos sobre a paisagem, o solo, a água, as plantas,
os animais e outros componentes do ambiente.
Para extrair o ouro
espalhado entre as rochas no subsolo, Conga vai destruir 28 lagoas a maioria
quais na província de Celendín. Os camponeses locais, organizados no movimento “Rondas
Campesinas”, assumiram a luta pelas lagoas e por suas terras, constituíram-se
em “Guardiães das Logoas”, revezando no acampamento que foi queimado.
A mineradora Yanacocha diz à
população que para compensar a destruição destas lagoas serão construídos quatro
reservatórios ou represas onde os agricultores supostamente teriam mais água.
Contudo o que eles não dizem
é que essas lagoas e áreas húmidas não são corpos d’água isolados, mas sistemas
complexos de água, uma vez que estão associados com extensas microbacias ou áreas
de captação, com correntes de águas subterrâneas que alimentam as lagoas e todas
as áreas húmidas são cabeceiras de várias bacias.
Na realidade, o impacto mais
grave será a perda de aquíferos, não só dessas lagoas e áreas húmidas, mas a
perda todas as fontes de águas superficiais e subterrâneas em toda a área de
operações e áreas de águas adjacentes.
Manuel Ramos, disse que eles
vão reconstruir o acampamento. "Somos prisioneiros em nossa própria terra.
Suas porteiras (da mineradora) não nos deixam transitar. Se é assim, nós não
deixarem que suas caminhonetes circulem", disse ele.
Em novembro de 2013 estive com um grupo de pessoas ligadas à Igreja Católica, que estão envolvidas na luta contra os impactos da mineração, visitando esse acampamento.
Uma visita que nos faz acreditar em um mundo melhor.
Presenciamos uma luta que vai muito além da busca de povos indígenas e camponeses por suas terras, culturas e direito de decidir sobre como querem viver no futuro. Se trata de uma luta pela natureza. Os "Guardiães da Lagoas" são uma realidade de amor, convivência e defesa pela Criação. Uma luta com uma cosmovisão de fraternidade universal. Eles me ensinam a ser franciscano nos dias de hoje.
Uma visita que nos faz acreditar em um mundo melhor.
Presenciamos uma luta que vai muito além da busca de povos indígenas e camponeses por suas terras, culturas e direito de decidir sobre como querem viver no futuro. Se trata de uma luta pela natureza. Os "Guardiães da Lagoas" são uma realidade de amor, convivência e defesa pela Criação. Uma luta com uma cosmovisão de fraternidade universal. Eles me ensinam a ser franciscano nos dias de hoje.
Veja o vídeo que gravei no local.
http://www.youtube.com/watch?v=zrVHEbuScp4
Veja mais:
No Peru, camponeses defendem água e a Pachamama, contra mineração.
http://www.youtube.com/watch?v=zrVHEbuScp4
Veja mais:
No Peru, camponeses defendem água e a Pachamama, contra mineração.
Frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, ofm
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