Foto: AP Foto/Domenico Stinellis |
O fundador da Teologia da Libertação, teologia católica inspirada na América Latina defensora dos pobres, recebeu as boas-vindas na terça-feira, no Vaticano, enquanto o movimento – uma vez criticado – continua se reabilitar sob oPapa Francisco.
A reportagem é de Nicole Winfield, publicada no jornal canadense The Gazette, 25-01-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O Pe. Gustavo Gutierrez, do Peru, foi o palestrante surpresa na terça-feira durante o lançamento de um livro, encabeçado pelo presidente do escritório de ortodoxia do Vaticano, cardeal Gerhard L. Müller, junto de um dos principais assessores/conselheiros do papa, o cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga e do porta-voz do Vaticano.
O então cardeal Joseph Ratzinger passou grande parte de seus anos dedicados à Congregação para a Doutrina da Fé, hoje liderada por Müller, lutando contra a Teologia da Libertação e disciplinando alguns de seus mais famosos defensores, ao sustentar que eles tinham interpretado erroneamente a preferência de Jesus pelos pobres como um pedido marxista para a rebelião armada.
Esta interpretação foi poderosamente atraente para muitos latino-americanos durante as décadas de 1960 e 1970 que foram criados como católicos, educados por professores sob a influência marxista e que estavam indignados com a desigualdade e com a repressão sangrenta ao redor.
Gutierrez e outros insistem que a verdadeira Teologia da Libertação sempre esteve perfeitamente em conformidade com a doutrina social da Igreja sobre os pobres, a qual o Papa Francisco abraça.
Francisco escreveu o prefácio do livro de Müller – “Pobre para os pobres: A missão da Igreja –, que contém dois capítulos escritos por Gutierrez.
Na terça-feira, Gutierrez, de 85 anos, recebeu uma salva de palmas quando o porta-voz do Vaticano fez notar sua presença e uma outra salva de palmas quando se aproximou do microfone para falar sobre a parábola do Bom Samaritano.
O ex-cardeal Jorge Mario Bergoglio teve uma relação complicada com a Teologia da Libertação, chocando-se com membros de esquerda de sua ordem jesuíta, a qual assumiu um papel politizado no enfrentamento à ditadura militar violenta da Argentina na década de 1970.
No entanto, o Papa Francisco abraça por completo o seu pedido à Igreja para se ter uma “opção preferencial pelos pobres”.
O jornal vaticano L’Osservatore Romano está fazendo uma espécie de campanha de reabilitação, dizendo que, com o primeiro papa latino-americano, a Teologia da Libertação não pode mais “permanecer na sombra à qual ele foi relegada por alguns anos, ao menos na Europa”.
FONTE: IHU
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