O intelectual Leonardo Boff, um dos mais conhecidos teólogos do Brasil, concedeu uma importante entrevista à jornalista Débora Fogliatto, do portal Sul 21 (leia aqui a íntegra), em que aborda o massacre na Faixa de Gaza, que já deixou mais de mil mortos desde o seu início, há vinte dias. Segundo ele, embora tenha sido vítima do nazismo, Israel hoje adota os mesmos métodos. E Gaza, diz ele, é um imenso "campo de concentração".
segunda-feira, 28 de julho de 2014
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Brasil mantém condenação "a uso desproporcional da força" por Israel em Gaza
Flávia Albuquerque e Bruno Bocchini – Repórteres da Agência Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo, defendeu hoje (24) a posição do governo brasileiro que, em nota
divulgada ontem (23), condenou "energicamente o uso desproporcional da
força" por Israel em conflito na Faixa de Gaza.
"Condenamos a desproporcionalidade da reação de
Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são
civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos. Realmente, não é
aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e
civis", disse o ministro. "E é sobre esse fato que essa nova nota
fala", ressaltou Figueiredo, após participar, em São Paulo, de evento na
Fundação Getulio Vargas.
O ministro lembrou que, na semana passada, o
Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos
foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza.
"Israel se queixa que, na última nota, não repetimos a condenação que já
tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua somos absolutamente
contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se mantém.
Não há dúvida. Não pode haver dúvida disso", afirmou Figueiredo.
Ele acrescentou que a última nota do Itamaraty não
omite nada que foi dito antes. "Ao contrário,a gente pede o cessar-fogo
imediato. Cessar-fogo quer dizer o quê? [Cessarem] os ataques das duas partes.
Não há cessar-fogo unilateral, não é isso que a gente pede. A gente pede que as
duas partes parem os ataques. Isso permanece."
Figueiredo rebateu ainda afirmação do porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que, segundo o jornal The
Jerusalem Post, classificou o Brasil de "anão diplomático", apesar de
sua posição econômica e cultural. "O que eu li é que o Brasil é um
gigante econômico e cultural, e é um anão diplomático. Eu devo dizer que o
Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm
relações diplomáticas com todos os membros da ONU.
E temos um histórico de cooperação pela
paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não
é um deles, seguramente", reagiu o chanceler.
Segundo Figueiredo, as declarações do porta-voz da
Chancelaria israelense não devem, porém, estremecer as relações de amizade
entre os dois países. "Países têm o direito de discordar. E nós estamos
usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte
de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender.
Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das
coisas", destacou.
O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida
no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou
favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de
Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as
violações e julgar os responsáveis.
"A maioria apoiou, inclusive a América Latina
inteira. Nós estamos junto da nossa região e apoiamos, neste caso, uma
investigação internacional independente para determinar o que aconteceu, o que
está acontecendo. Eu acho razoável haver essa investigação internacional
independente, e foi a favor disso que nós nos manifestamos."
FONTE: AGENCIA BRASIL
sábado, 19 de julho de 2014
Escritor Rubem Alves morre aos 80 anos em Campinas (SP)
Quem sou eu?
Minha filosofia pode ser resumida em duas frases latinas: "Tempus Fugit": o tempo foge, passa, tudo é espuma... E "Carpe Diem": colha cada dia como um fruto saboroso que cresce na parede do abismo. Colha hoje porque amanhã estará podre. Sonho em ter tempo para aprender a vagabundear.
O que tenho sentido? Beleza. Nostalgia. Tristeza. Cansaço. Urgência. A curteza do tempo. Esperança? Sonhei ser um pianista. Mas os deuses tinham outros planos para mim. Gosto de brincar com palavras. Por isso sou escritor. Escritores e poetas são meus companheiros.
Dentro de mim mora um palhaço e um poeta: riso e beleza... Se eu não fosse escritor acho que seria um jardineiro. No paraíso Deus não construiu altares e catedrais. Plantou um jardim. Deus é um jardineiro. Por isso plantar jardins é a mais alta forma de espiritualidade. Acredito, como poeta e palhaço, que o fruto paradisíaco era o caqui...
Mas a melhor resposta à pergunta "quem é Rubem Alves?" foi um menininho que deu: "Rubem Alves é um homem que gosta de ipês amarelos..."
Rubem Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933, na então Dores da Boa Esperança hoje Boa Esperança, em Minas Gerais. Estudou teologia no seminário Presbiteriano do Sul. Era pedagogo, poeta e filósofo, cronista, contador de estórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros para crianças e psicanalista, conta com mais de 160 títulos publicados e distribuídos em 12 países.
FONTE: INSTITUTO RUBEM ALVES
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Parem com o derramamento de sangue na Palestina.
Destruir casas palestinas e ocupar suas terras, mesmo quando não são lançados mísseis e não há ações armadas, é um absurdo, cuja desculpa é a defesa para a segurança do Estado de Israel. Essa argumentação não se rege mais e se torna criminosa.
O mundo está assistindo. Sobe para 81 o número de mortos no trágico saldo de palestinos mortos em Gaza após o bombardeio do exército israelense. Os feridos são estimados em 575.
As operações militares israelenses, incluem a continuação de detenções arbitrárias de centenas de palestinos, a maioria deles pertencentes ao Hamas, bem como a demolição ilegal de casas em diferentes cidades, vilas e campos de refugiados; mais de 2.200 edifícios e casas particulares escritórios de jornalistas, universidades e organizações sociais foram invadidas. Tudo, se trata, de uma "punição coletiva", uma vingança pela morte dos três estudantes.
É urgente uma ação da comunidade internacional para proteger o povo palestino.
terça-feira, 8 de julho de 2014
Morre Plínio de Arruda Sampaio
A Diretoria e a Coordenação Executiva Nacional da CPT, junto com todos os seus agentes nos 21 regionais, espalhados por todo o território nacional, soma-se a todos os homens e mulheres do campo brasileiro para lamentar a morte de Plínio de Arruda Sampaio, no dia de hoje. Plinio é uma das maiores figuras na defesa da Reforma Agrária e na luta por uma superação da estrutura agrária que privilegia uma elite, sobretudo de latifundiários, deixando a maior parte dos trabalhadores da terra, na situação de sem-terras. Plínio contribuiu para a história e para a política nacional.
Em 1964, quando o golpe militar derrubou o governo João Goulart, Plínio, deputado federal, era o relator da Comissão Especial da Reforma Agraria. Já no governo Lula, Plínio coordenou o grupo de trabalho que elaborou o II Plano Nacional de Reforma Agrária, que poderia ter mudado a estrutura agrária do país em definitivo.
A CNBB, em 2009, o escolheu para ser um dos assessores dos bispos para elaborar uma leitura atualizada da realidade agrária brasileira. Essa leitura se consolidou no documento “Igreja e a Questão Agrária no Início do século XXI” , aprovado pela Assembleia Nacional da CNBB, neste ano.
A CPT se considera privilegiada por ter contado com a assessoria de Plínio em muitos momentos dos seus quase 40 anos de existência. Ele também foi apoiador e incentivador de todos movimentos sociais do campo.
Os camponeses e camponesas do Brasil que há dois meses sentiram o impacto da morte de um dos grandes baluartes da luta no campo, Dom Tomás Balduíno, agora sofrem o baque com a perda de outro grande aliado, Plínio de Arruda Sampaio.
A dedicação de Plínio à causa dos homens e mulheres do campo, seu empenho na busca de alternativas para superar a situação injusta de concentração da propriedade da terra, são um exemplo e um estímulo a todos quantos hoje ainda lutam pela reforma agrária e por condições melhores para os que vivem do trabalho na terra. São os agricultores familiares os que colocam os alimentos presentes à mesa dos brasileiros, num país dominado pelo latifúndio e o agronegócio, que tem sua produção voltada para o mercado internacional.
À esposa de Plínio, seus filhos e todos os familiares, a CPT apresenta sua solidariedade. Vocês com muita justeza podem se orgulhar do esposo, pai e avô que tiveram, um fiel seguidor do homem de Nazaré e por isso um irmão e pai para todos os que lutam por um mundo mais justo e fraterno.
Diretoria Nacional da CPT
Coordenação Executiva Nacional da CPT
Goiânia, 08 de julho de 2014
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Sociedade civil pede celeridade na aprovação da PEC do Cerrado e da Caatinga
A Rede Cerrado, a Comissão Pastoral da Terra, WWF-Brasil, Instituto Marista de Solidariedade, entre outras entidades da sociedade civil, estiveram na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (1), para pressionar que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504/10, que inclui o Cerrado e a Caatinga entre os bens considerados patrimônio nacional, entre na pauta e seja votada na próxima semana. Também estiveram presentes na reunião representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e parlamentares.
Na ocasião, Paulo Garcia, da Rede Cerrado, questionou a presença da base do governo na ação e cobrou uma articulação junto aos deputados de forma que consigam elevar, ainda neste pleito, os dois biomas “em pé de igualdade” à Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira.
O Deputado Amauri Teixeira (PT/BA), autor do pedido de audiência, defendeu que o Cerrado e a Caatinga, como detentores de 1/3 do território brasileiro, se devidamente protegidos contribuirão para o país alcançar as metas pactuadas na Convenção da Biodiversidade e do Clima. Destacou também a rica biodiversidade dos biomas. “O Cerrado possui as principais bacias de água doce do país, já o semi-árido está intimamente ligado aos recursos naturais da região. Nesse sentido, é preciso trabalhar na perspectiva da conservação desses ecossistemas para garantir a qualidade de vida das futuras gerações”, afirmou o deputado, que, por fim, se comprometeu a falar com os demais parlamentares da casa, a fim de provocar uma mobilização em prol da proposta.
O pedido de instalação da PEC foi unânime. Ao final da audiência uma comissão foi falar com o presidente da Câmara dos Deputados, que se comprometeu de incluir a PEC 504/10 na próxima sessão de plenária.
FONTE: REDE CERRADO
Na ocasião, Paulo Garcia, da Rede Cerrado, questionou a presença da base do governo na ação e cobrou uma articulação junto aos deputados de forma que consigam elevar, ainda neste pleito, os dois biomas “em pé de igualdade” à Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira.
O Deputado Amauri Teixeira (PT/BA), autor do pedido de audiência, defendeu que o Cerrado e a Caatinga, como detentores de 1/3 do território brasileiro, se devidamente protegidos contribuirão para o país alcançar as metas pactuadas na Convenção da Biodiversidade e do Clima. Destacou também a rica biodiversidade dos biomas. “O Cerrado possui as principais bacias de água doce do país, já o semi-árido está intimamente ligado aos recursos naturais da região. Nesse sentido, é preciso trabalhar na perspectiva da conservação desses ecossistemas para garantir a qualidade de vida das futuras gerações”, afirmou o deputado, que, por fim, se comprometeu a falar com os demais parlamentares da casa, a fim de provocar uma mobilização em prol da proposta.
O pedido de instalação da PEC foi unânime. Ao final da audiência uma comissão foi falar com o presidente da Câmara dos Deputados, que se comprometeu de incluir a PEC 504/10 na próxima sessão de plenária.
FONTE: REDE CERRADO
A Igreja ouve os clamores dos povos da terra, das águas e da floresta
Antônio Canuto*
No dia 7 de maio, a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou o documento “A Igreja e a Questão Agrária no Início do Século XXI”. Documento que é uma leitura atualizada da igreja sobre a realidade agrária brasileira, pouco mais de 30 anos depois em que 18ª Assembleia Geral, em 1980, se pronunciou sobre a “Igreja e Problemas da Terra”. Este documento, aprovado por uma ampla maioria, beirando a unanimidade (só 12 votos contrários), foi fruto de um longo processo de amadurecimento nos últimos cinco anos.
Em 2009 foi formado um grupo com a tarefa de produzir um instrumento de trabalho sobre a Igreja, diante da realidade do campo no Brasil neste começo de século. O grupo elaborou um documento de estudos que foi aprovado e publicado em 2010. Com base neste trabalho foi elaborada uma proposta de documento a ser assumida pela Assembleia Geral, como a palavra oficial da Igreja sobre a realidade agrária brasileira nos dias de hoje. Uma primeira versão foi levada à apreciação da 51ª Assembleia, em 2013, que analisou o conteúdo e a forma do mesmo levantando críticas e sugestões que foram acolhidas e incorporadas à versão, agora aprovada.
No dia em que o documento era apresentado à Assembleia, 2 de maio, falecia Dom Tomás Balduino, um dos baluartes na defesa dos direitos dos povos indígenas e das comunidades camponesas. O documento fez um reconhecimento público de sua atuação: “Nossos compromissos são de vida e vida em abundância para os mais pobres: os pobres da terra, das águas e da floresta, que entre tantos outros contaram com o corajoso testemunho de Dom Tomás Balduino falecido no dia em que este documento foi apresentado à 52ª Assembleia” (parágrafo 208).
Os clamores dos povos da terra, das águas e da floresta
O documento parte de ouvir os clamores dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, dos sem-terra e assentados, dos ribeirinhos e pescadores, dos pequenos produtores familiares, dos assalariados e trabalhadores em situação análoga à escravidão, submetidos a muitas formas de desrespeito, agressão e violência em relação à posse e ao uso da terra e às relações de trabalho daí derivadas. Ouve também o clamor das cidades onde a população expulsa do campo, ocupa as periferias, zonas baixas ou encostas de morros, frequentemente afetadas por catástrofes ambientais. Ouve, por fim, o clamor da própria Terra (planeta), que sofre a continua depredação da sua rica biodiversidade, o envenenamento dos seus solos e corpos d’água sob a lógica do desenvolvimento econômico.
“Como pastores, abrimos os ouvidos e o coração para ouvir e acolher os clamores daqueles que sofrem as duras consequências de situações injustas e opressoras”, diz o documento (parágrafo 20).
Por que a Igreja se importa com os clamores do povo?
A segunda parte do texto apresenta o que motiva os bispos a ouvir os clamores do povo. Sua motivação se assenta na Palavra de Deus e nos ensinamentos da tradição cristã. Pois a Bíblia mostra que Deus é comprometido com os pobres e oprimidos, que vê o sofrimento do povo, ouve seus gritos, conhece suas angústias e por isso desce para libertá-lo (Ex 3); que Deus ao criar o mundo deu ao homem a tarefa de “cultivar e guardar” o jardim em que foi colocado (Cf. Gn 2,15) e que fala em herança para indicar o direito inalienável que todos têm de viver e de gozar dos frutos da terra e de seu trabalho. Da tradição cristã, o documento extrai, sobretudo, a exigência da destinação universal dos bens e do cumprimento da função social da propriedade.
Ouvir o clamor dos pobres: um imperativo ético
Os clamores do povo e a Palavra de Deus e da Igreja suscitam compromissos pastorais: compromissos em relação à própria igreja, aos povos da terra, das águas, da floresta, e cobranças aos poderes constituídos: “temos a obrigação pastoral de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para acolher o clamor que sobe das comunidades dos campos, das florestas e das águas” (parágrafo 138). São compromissos que partem de um posicionamento claro diante do latifúndio, do trabalho escravo, da natureza, da água, da produção de energia.
O documento reafirma a distinção entre terra de trabalho e terra de negócio, presente no documento de 1980. “Reafirmamos ser a terra considerada dom e dádiva para a humanidade inteira ‘terra de trabalho’, lugar de viver, e não mercadoria, ‘terra de negócio’” (parágrafo 208).
E é contundente na sua conclusão: “Ouvir e atender os clamores dos pobres é imperativo ético para todos os responsáveis pelo bem público e para todas as pessoas de boa vontade” (parágrafo 210), “a opressão dos pobres é pecado que brada ao céu”. Por isso assumem como compromisso: “denunciar toda violência que nega às famílias e às comunidades pobres o direito e o acesso aos bens necessários para uma vida digna” (parágrafo 207).
Aponta, também, quem são os responsáveis pela violência: “No cumprimento de nossa missão, denunciamos a idolatria da propriedade, da riqueza e do poder, que é a causa da violência que acompanha a luta pela terra”. E denuncia como pecado a sacralização da propriedade da terra: São “criminosos – pecadores, todos os que querem sacralizar a propriedade da terra neste País de extensão continental! Sacramentar a usurpação, dignificar a grilagem é crime, é pecado” (palavras essasemprestadas do documento assinado por 11 entidades ecumênicas após a aprovação do relatório de Abelardo Lupion, ao final da CPMI da Terra, em 2005). (parágrafo 206)
Um documento que merece toda a atenção. Para ler o documento na integra click aqui: A Igreja e a Questão Agrária no Início do Século XXI
*Setor de Comunicação da Secretaria Nacional da CPT.