Flávia Albuquerque e Bruno Bocchini – Repórteres da Agência Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo, defendeu hoje (24) a posição do governo brasileiro que, em nota
divulgada ontem (23), condenou "energicamente o uso desproporcional da
força" por Israel em conflito na Faixa de Gaza.
"Condenamos a desproporcionalidade da reação de
Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são
civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos. Realmente, não é
aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e
civis", disse o ministro. "E é sobre esse fato que essa nova nota
fala", ressaltou Figueiredo, após participar, em São Paulo, de evento na
Fundação Getulio Vargas.
O ministro lembrou que, na semana passada, o
Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos
foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza.
"Israel se queixa que, na última nota, não repetimos a condenação que já
tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua somos absolutamente
contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se mantém.
Não há dúvida. Não pode haver dúvida disso", afirmou Figueiredo.
Ele acrescentou que a última nota do Itamaraty não
omite nada que foi dito antes. "Ao contrário,a gente pede o cessar-fogo
imediato. Cessar-fogo quer dizer o quê? [Cessarem] os ataques das duas partes.
Não há cessar-fogo unilateral, não é isso que a gente pede. A gente pede que as
duas partes parem os ataques. Isso permanece."
Figueiredo rebateu ainda afirmação do porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que, segundo o jornal The
Jerusalem Post, classificou o Brasil de "anão diplomático", apesar de
sua posição econômica e cultural. "O que eu li é que o Brasil é um
gigante econômico e cultural, e é um anão diplomático. Eu devo dizer que o
Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm
relações diplomáticas com todos os membros da ONU.
E temos um histórico de cooperação pela
paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não
é um deles, seguramente", reagiu o chanceler.
Segundo Figueiredo, as declarações do porta-voz da
Chancelaria israelense não devem, porém, estremecer as relações de amizade
entre os dois países. "Países têm o direito de discordar. E nós estamos
usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte
de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender.
Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das
coisas", destacou.
O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida
no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou
favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de
Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as
violações e julgar os responsáveis.
"A maioria apoiou, inclusive a América Latina
inteira. Nós estamos junto da nossa região e apoiamos, neste caso, uma
investigação internacional independente para determinar o que aconteceu, o que
está acontecendo. Eu acho razoável haver essa investigação internacional
independente, e foi a favor disso que nós nos manifestamos."
FONTE: AGENCIA BRASIL
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