Durante a Cúpula das Nações Unidas Clima de 2014, em 23 de
setembro, o governo holandês lançou uma Aliança Global para a Agricultura
Climaticamente Inteligente. Essa Aliança Global, inclui mais de 20 governos, 30
organizações e empresas, incluindo empresas da Fortune 500 (que inclui as
maiores corporações do mundo).
O Secretário-Geral Ban Ki-moon, que deu a sua bênção para a
Aliança Global, disse: "Eu estou contente de ver a ação que irá aumentar a
produtividade agrícola, aumentar a resiliência dos agricultores e reduzir as
emissões de carbono." Esses esforços, segundo ele, irão melhorar a
segurança alimentar e nutricional de bilhões de pessoas. Como a demanda
por alimentos deverá aumentar 60 por cento até 2050, as práticas agrícolas
estão se transformando para enfrentar o desafio da segurança alimentar para um
mundo com 9,0 bilhões de pessoas, enquanto a reduzirão as emissões, afirmou.
O que está por trás:
A FAO, o Banco Mundial e os governos dos países
desenvolvidos, promotores da agricultura climaticamente inteligente, como os
Estados Unidos e Holanda, desenvolveram, uma abordagem politicamente mais
sofisticada para vender o conceito através de uma nova iniciativa chamada
Aliança Global pela Agricultura Climaticamente Inteligente.
A agricultura enfrenta muitos desafios frente as mudanças
climáticas. A agricultura é também a fonte dos gases causadores do efeito
estufa. Muito das emissões de gases pela agricultura são causadas pelos
métodos de produção industrial agrícola e pelos padrões de consumo dos países
ricos. A agricultura em escala industrial é particularmente dependente dos
fertilizantes sintéticos ao invés de compostos e adubos orgânicos.
Fertilizantes sintéticos contribuem significantemente com mais emissão de
gases de efeito estufa na atmosfera do que fertilizantes orgânicos, graças às emissões
durante sua produção. Na realidade, a produção global de fertilizantes
sintéticos, sozinha, é responsável por 1% das emissões globais de gases.
O conceito de agricultura climaticamente inteligente foi
criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO,
sigla em inglês), em 2010. De acordo com a definição oficial, a agricultura
climaticamente inteligente, “aumenta a produção de forma sustentável, resiliência
(adaptação), reduz/elimina a emissão de gases causadores do efeito estufa
(mitigação) e reforça as conquistas de segurança alimentar e os objetivos de
desenvolvimento nacionais.” Entretanto, organizações da sociedade civil
criticaram esse conceito desde os primeiros dias, chamando atenção para a
ênfase no material promocional da FAO e do Banco Mundial para um financiamento
“climaticamente inteligente” vindo, principalmente, por meio da medição e da
mercantilização do carbono do solo, que seria então vendido e comercializado em
mercados de carbono.
Em vez disso, o foco deveria estar nos métodos de
agricultura ecológica baseados no respeito pelo conhecimento agrícola nativo e
local, na proteção dos ecossistemas e na preservação da biodiversidade. O
controle dos alimentos em mãos locais já demonstrou aumentar a produtividade e,
mais importante, é uma maneira de os agricultores se adaptarem e mitigarem a
mudança climática de forma eficaz.
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