A liberdade de imprensa é um dos
fundamentos da democracia. Contudo, a sua realização acontece a partir da
democratização dos meios de comunicação e informação. Hoje, se torna cada vez
mais clara a necessidade democratização da mídia. O controle da informação e da
comunicação é um fenômeno global. As
agências de informação brasileiras reproduzem as notícias das agências
internacionais. Na realidade o que acontece é que são agências internacionais que determinam o que é
importante ser noticiado sobre esse país para o mundo. Essas agências
funcionam de forma a garantirem a ideologia dominante, no campo da política e
da cultura e no campo da economia os interesses do mercado e das corporações
transnacionais.
Neste dias em que estamos todos bombardeados,
pela mídia, pelos chocantes ataques de terrorismo acontecidos na França, e
quase nada lemos, vimos ou ouvimos sobre os Cerca de 2 mil foram mortos em
cinco dias de ataques na Nigéria. Segundo Anistia Internacional, é o mais
mortal ataque de radicais islâmicos. Moradores dizem que número de corpos é
'muito grande para contar'. Uma desproporcionalidade que nos assusta. Não é o
caso de depreciar este ou aquele acontecimento, mas de constatar que certas
mortes adquirem uma conotação e importância maiores. Os motivos são muitos, mas
revelam um atentado planeja de mídia contra a dignidade de pessoas, que para o “status
quo” são seres humanos de menos valia, de segunda.
Frei Rodrigo de Castro
Amédée Péret
LEIA A NOTÍCIA:
Boko Haram massacra 2000 e toma cidade nigeriana de Baga
O grupo paramilitar Boko Haram, de
inspiração islamita, atacou Baga, a última cidade do nordeste da Nigéria ainda
controlada pelo governo. Testemunhas citadas pela BBC apontam para casas
incendiadas, mortos e feridos nas ruas e cerca de 10.000 pessoas em fuga. De
acordo com observadores da Amnistia Internacional, este será o maior massacre
de sempre levado a cabo por este grupo terrorista, e o número de mortos poderá
ascender aos dois milhares. O
seu líder, Aboubakar Shekau, já declarou a criação de um Califado na região Nordeste do país, à semelhança do Estado Islâmico do Médio Oriente.
Contudo, e de acordo com a agência Reuters, as forças armadas da Nigéria estão
a lutar para retomar a cidade, incluindo no seu esforço o uso de meios aéreos.
Os países vizinhos mostraram hesitação
no apoio à Nigéria. De acordo com o Observador, o ministro dos Negócios
Estrangeiros do vizinho Níger afirmou à BBC que o país "não vai enviar
tropas enquanto a Nigéria não conseguir retomar a cidade de Baga", mas que
o país continua determinado a trabalhar em parceria com a Nigéria e também com
o Chade e os Camarões contra o inimigo comum. Recorde-se que os quatro países acordaram, há alguns meses, um esforço militar conjunto com vista ao combate contra o Boko Haram. Contudo, e de acordo com o
site Christian Science Monitor, as tropas dos três vizinhos da Nigéria
retiraram-se de uma base militar próxima de Baga dias antes do ataque do Boko
Haram. As tropas nigerianas que ficaram no local fugiram depois, ao
verificarem-se em desvantagem numérica e de equipamento perante os
islamitas.
Mediaticamente menos visível que o ataque ao Charlie Hebdo, o combate entre o
Boko Haram e o governo da Nigéria é apenas outra frente da mesma guerra, tal
como a Segunda Guerra Mundial se desenrolava ao mesmo tempo na Ucrânia, no
Egipto e nas águas do Oceano Pacífico. A notícia do rapto de 200 raparigas
estudantes causou uma onda de comoção por todo o mundo, mas pouco ou nada
conseguimos fazer para que o governo da Nigéria conseguisse reverter a
situação. Tal como o Estado Islâmico, o Boko Haram está muito longe de estar
controlado ou dominado, e será uma ameaça para as populações locais nos
próximos tempos. Tão ou mais mortal do que o ébola, nas vizinhas Serra Leoa e
Libéria.
FONTE: BLASTINGNEWS
Nenhum comentário:
Postar um comentário