No dia 19 de março de 2015, pela primeira vez na história da Igreja Católica, quatro bispos do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), Dom Pedro Barreto Jimeno[1]; Dom Alvaro Ramazzini[2] e Dom Roque Paloshi[3] estiveram presentes diante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para denunciar a violação de direitos humanos por empresas extrativas na América Latina e no Caribe.
Neste sentido, Dom Barreto disse que em países como Brasil, Equador, Honduras, México e Peru é comum a persistente irresponsabilidade das empresas e o silêncio cúmplice dos governos sobre violações dos direitos humanos e que, basicamente, o problema é "um sistema econômico que coloca o lucro acima da pessoa humana, um extrativismo sem rosto humano e sem ética". Ele também enfatizou que 80% da mineração na América Latina e no Caribe pertencem a empresas canadenses.
Enfatizou que os bispos do CELAM levaram suas propostas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, quando a Igreja Católica levanta a necessidade de uma responsabilidade compartilhada entre as empresas e os Estados através de um diálogo sincero, porque embora não se possa dizer não ao extrativismo, é necessário ter uma visão transgeracional; ou seja, pensar nas gerações futuras, considerar quais são os estragos que a exploração minerária vai deixar e quem vai assumi-los.
Dom Barreto disse que, embora a responsabilidade direta pela política recaia sobre o Estado, a Igreja não cessa de intervir levantando propostas a partir de sua missão evangélica, fazendo política e busca do bem comum.
Nesse sentido, os bispos do CELAM levantada na audiência da CIDH, as seguintes propostas:
· Abrir um canal permanente de cooperação
· Formação sobre normas internacionais sobre direitos humanos e dos povos indígenas e não-indígenas para os agentes pastorais, líderes comunitários e pessoas vulneráveis.
· Relatoria anual sobre ameaças e agressões a agentes pastorais da Igreja Católica e líderes sociais para garantir o engajamento dos estados em matéria de direitos humanos e dos povos indígenas.
· Partindo do princípio de responsabilidade internacional sobre a natureza e do respeito pelos direitos humanos, reparação de povos indígena e não-indígenas e meio ambiente, para as vítimas pelas consequências de indústrias extractivas.
· Não criminalizar manifestações sociais em contexto de conflitos sócio-ambientais.
· Procurar saídas pacíficas e justas em respeito à cultura e natureza.
Dom Barreto, também destacou a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) cobrindo uma área de 6.000.000 quilômetros quadrados e uma população de 3 milhões de pessoas em nove países. Ele disse que o cardeal Claudio Humes, juntamente com o Departamento de Justiça e Solidariedade do CELAM, lideram este processo. A Rede foi apresentada em Roma, em 02 de março e tem o apoio do Papa Francisco.
A REPAM fortalece o trabalho da Igreja e "permite ter mais impacto para defender para defender a população pobre, as culturas indígenas que têm uma riqueza impressionante, uma cultura de relacionamento harmonioso com a natureza", disse o Arcebispo de Huancayo. Ele observou que essas culturas "nos ensinam a cuidar e respeitar as vidas e os bens da criaçaão".
FONTE: Prensa CooperAcción
[1] Arzobispo de Huancayo (Perú) y Presidente del Departamento de Justicia y Solidaridad del CELAM
[2] Obispo de Huehuetenango (Guatemala) y Presidente la Comisión de Justicia y Solidaridad de la Conferencia Episcopal de Guatemala
[3] Obispo de Roraima y miembro de la Comisión Amazónica de la Conferencia Nacional de Obispos de Brasil CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário