Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil
Instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central a atuar no mercado de capitais são o alvo final da Operação Warari Koxi (destruição do meio ambiente em língua Yanomami), deflagrada ontem (7 de maio), pela Polícia Federal (PF), para desmantelar esquema criminoso de extração ilegal de ouro e pedras preciosas em reservas indígenas. O principal alvo da atividade ilícita é a Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Segundo a delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pelo inquérito policial, o principal objetivo da investigação iniciada em novembro de 2014 é mapear toda a cadeia da extração ilegal de ouro, diamantes e tantalita para, assim, identificar e punir quem financia a ação ilegal dos garimpeiros. Tantalita é um minério bastante valorizado no mercado: por oferecer resistência ao calor é aplicado na indústria eletrônica.
“Tivemos que atuar em três frentes: executores, pessoas que retiram o ouro [e outros minérios valiosos] das áreas indígenas; intermediários, lojistas que captam os produtos e fornecem insumos [recursos] para os executores atuarem; financiadores, que estão nos grandes centros”, disse Denisse.
Segundo ela, em Roraima, há pessoas de baixa renda usadas pelo esquema. No topo da cadeia, como beneficiárias financeiras do esquema, há Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs). Ela acrescentou que lojistas e garimpeiros já autuados “são explorados: a maior parte do dinheiro movimentado vai para os grandes centros urbanos, para as mãos de poucos”.
“Já sabemos o destino final deste ouro: estamos atuando na base para demonstrar a materialidade desse crime e [identificar] toda a cadeia para, quando formos atuar em relação aos financiadores, não restar dúvidas sobre como isso é feito”, disse Denisse.
Supervisionadas pelo Banco Central, as DTVMs, entre outras ações, intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado. Operam também no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro.
De acordo com o chefe da delegacia regional de Combate ao Crime Organizado em Roraima, Alan Robson Alexandrino, as DTVMs investigadas – cujos nomes não foram revelados – realizavam operações para aparência legal a todo o montante movimentado ilicitamente. Durante as investigações, a PF identificou movimentação suspeita de cerca de R$ 1 bilhão.
Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil.
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