Aylan Kurdi, de 3 anos, e o irmão, Galip, de 5 estavam entre as 12 pessoas, incluindo a mãe, Rehan de 35 anos e outras crianças, que morreram depois que dois barcos viraram ao tentar chegar à ilha grega de Kos. Eles fazem parte dos cerca de 2,5 mil imigrantes (dados da ONU), que se afogaram no mar Mediterrâneo neste ano, vítimas dos muitos barcos superlotados que tentam chegar à costa da Itália e da Grécia. Além das mortes ocorridas no mar, outras tragédias decorrentes da migração em massa têm ocorrido em terra. Na semana passada, um caminhão foi encontrado na Áustria com os corpos de pelo menos 71 pessoas, próximo à fronteira com a Hungria.
O descaso cínico do mundo desenvolvido é gritante. O atual realidade da migração é triste expólio das ações e intervenções do capital, de países ricos.
“Está claro: a Europa, da África, não quer os africanos. Em um mundo globalizado e desterritorializado, em que mercadorias, capitais e recursos naturais circulam quase sem restrições e em velocidade cada vez maior, milhares de seres humanos, mais do que impedidos de circular, são deixados à deriva, como um entulho indesejável. Não há escapatória. Por mais que as embarcações turísticas desviem a rota e os líderes da comunidade europeia desviem o olhar, os navios negreiros do século XXI, desta vez não mais conduzidos pelos conquistadores brancos, continuarão dizendo muito sobre a hipocrisia e a indiferença que nos torna a todos, meros espectadores de tragédias sucessivas, desumanos – na acepção mais ordinária e mesquinha do termo.” (cf. Artigo do advogado Pedro Estevam Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, mestre e doutor em Direito do Estado. Publicado em Carta Capital 15/06/2015)
Muitos imigrantes tentam chegar a países do norte da Europa, como a Alemanha, por meio de uma perigosa travessia no oeste dos Bálcãs.
No início da semana, a Guarda Costeira turca disse que, apenas nos primeiros cinco meses de 2015, 42 mil pessoas foram resgatadas no mar Egeu. Na semana passada, foram mais de 2 mil.
Segundo a Frontex, agência que controla as fronteiras externas da União Europeia, o maior grupo de imigrantes é de sírios, que fogem da violenta guerra civil em curso no país.
Afegãos e eritreus vêm em seguida, geralmente tentando escapar da pobreza e de violações aos direitos humanos.
FONTE: BBC Brasil, 03-09-2015
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