E-mail, enviado a dois diretores da Samarco quatro dias depois
do desastre e apreendido pela Polícia Federal na sede da Samarco,
intitulado “Barragem do Fundão – Lições apreendidas”, demonstra de forma clara
que eles estavam cientes dos erros da empresa.
Esse e-mail citado pela Polícia Federal, em posse da Folha,
prova que a Samarco “sabia de todos os problemas da barragem”. Segundo o que
escreve a polícia em relatório, a mensagem “demonstra que, para se
economizar na obra, a segurança e a confiabilidade foram postas de lado”.
A obra foi feita pela construtora Camter.
Erros da empresa relatados no e-mail, segundo reportagem da
Folha:
1. O projeto básico não foi devolvido à projetista
para revisão e elaboração do projeto detalhado.
2. O projeto foi totalmente modificado após o
início da construção. Passou-se de uma galeria de 90m, de comprimento para duas
de 500m, por exemplo.
3. A fiscalização ficou a cargo de duas empresas
(Pimenta de Ávila e Logos), o que dividiu responsabilidades.
4. Vários problemas ocorreram durante a
construção; a Samarco interferiu o tempo todo alterando materiais.
5. A equipe de projeto não acompanhou o inicio da
operação, e a documentação com orientações não foi repassada à equipe de
operação.
6. Quando se viu que o projeto havia sido
totalmente alterado, houve mudança no valor do contrato sem renegociação.
7. A Camter não foi chamada para dar garantia
técnica, quando os problemas começaram, e sim meses depois, quando a construção
já havia sido alterada.
Para a polícia, os
diretores da mineradora sabiam do risco de a barragem romper. Eles pensaram até
em transferir a vila de Bento Rodrigues, que ficou destruída pela lama, para
outro local. Em 2012, três anos antes da tragédia, o então diretor de operações
Kléber Terra, escreveu que "acionistas querem tirar Bento de qualquer
jeito". Mas ele achava "que a turma tá superestimando os danos
das estruturas atuais".
Leia reportagem da Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário