Entidades da sociedade
civil denunciam na ONU desmantelamento do sistema de direitos humanos no Brasil
através da PEC 241 e Orçamento da União 2017
Um relátorio elaborado
por uma coalizão de organizações foi entregue no dia 5 de outubro ao Escritório do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça. O documento
aborda o desmantelamento dos direitos sociais e das políticas públicas no país
desencadeado pelo governo do presidente Michel Temer, que assumiu o cargo após
o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, incidindo diretamente sobre
a rede de segurança e a garantia de recursos para implementação de um sistema
de direitos humanos voltado, especialmente, aos segmentos mais vulneráveis da
população.
Por meio da iniciativa, a
Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), a Comissão Brasileira de
Justiça e Paz (CBJP), a Cáritas Brasileira, a Comissão Pastoral da Terra (CPT)
e o Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia (SINFRAJUPE) esperam
contribuir com o terceiro ciclo do processo da Revisão Periódica Universal
(URP), que ocorrerá em 2017, durante a 27ª sessão do Conselho de Direitos
Humanos da ONU. A última vez em que o Brasil foi submetido à URP foi em 2012.
Os principais dados que
embasam o relatório são a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/2016 e o
Projeto de Lei do Orçamento 2017, que confrontam garantias presentes na
Constituição Federal de 1988.
A PEC 241/2016, que
tramita no Congresso Nacional, limita os gastos públicos, introduzindo um novo
regime fiscal para os próximos 20 anos, e estabelece um limite máximo, a cada
ano, para as despesas primárias globais aplicáveis ao Executivo e demais
setores do governo federal. As entidades que protocolaram o documento veem os
limites com grande preocupação, uma vez que os cortes tendem a ser aplicados em
programas sociais e serviços públicos essenciais, prejudicando o gozo dos
direitos humanos, em especial, dos grupos mais marginalizados e
desfavorecidos.
Se aprovada, a PEC 241
poderá, por exemplo, promover o desmonte material do Sistema Único de Saúde
(SUS), com a fixação do financiamento do sistema pelo governo federal, sem
considerar aspectos como crescimento da população, comportamento da curva
etária e presença de novas epidemias.
Tal perspectiva já se
comprova ao analisar o orçamento aprovado para 2017, que prevê cortes
bilionários de recursos para setores como habitação popular, desenvolvimento
regional, reforma agrária, entre outros. O documento cita o programa de moradia
digna, que teve, em termos absolutos, o maior corte na proposta de orçamento,
equivalente a R$ 8,14 bilhões, representando uma redução de 51% com relação ao
ano anterior.
Com base nas informações,
as entidades fazem recomendações ao Estado brasileiro no sentido de que sejam
observadas as garantias constitucionais e que se mantenha o progresso já
conquistado na proteção social, bem como a consolidação institucional, política
e o quadro jurídico que proporcionou tais avanços, com base no diálogo
democrático e com a participação da sociedade civil organizada.
Para baixar o relatório denuncia clicar aqui
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Parabéns Família Franciscana e demais entidades que se uniram para dizer a Verdade na ONU. Caminhamos juntos. Laudato si, mi Signore.
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