Dom Paulo Evaristo Arns se notabilizou pela luta a
favor dos direitos humanos no Brasil, combateu a ditadura militar, denunciou as
torturas perpetradas pelo regime e foi um incansável defensor da causa dos
pobres.
Dom Paulo faleceu nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro,
vítima de uma broncopneumonia. Tinha 95 anos de idade, 71 de sacerdócio e
76 de vida na Ordem dos Franciscanos. Ele era cardeal desde 1973 e foi
arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998. Foi grão-chanceler da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) de 1º de novembro de
1970 a 22 de maio de 1998.
Notabilizou-se pela luta a favor dos direitos humanos no Brasil,
combateu a ditadura militar denunciando as torturas perpetradas pelo regime e
foi um incansável defensor da causa dos pobres.
Criou a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese em 1972. Deixou a
residência episcopal, o Palácio Pio XII, da cidade de São Paulo,
para morar em uma casa simples no bairro do Sumaré, zona oeste. Os US$ 5
milhões da venda do palácio foram aplicados na construção de 1200 centros
comunitários na periferia de São Paulo em 1973.
Em março de 1973, presidiu a Celebração da Esperança, em memória
do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura. No ano seguinte,
acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do
Couto e Silva um dossiê relatando os casos de 22 desaparecidos. Em outubro de
1975, celebrou na Catedral da Sé o histórico culto ecumênico em homenagem ao
jornalista Vladimir Herzog, morto pelo regime militar.
Apoiou a Comissão Arquidiocesana de Pastoral dos Direitos Humanos
e Marginalizados em sua ajuda à greve dos metalúrgicos do ABC, a qual foi
marcada pela morte do operário Santo Dias da Silva, agente de pastoral da
Arquidiocese de São Paulo. A celebração do enterro de Santo Dias foi presidido
por D. Paulo, em 30.10.79.
Orientou as comunidades da Arquidiocese no movimento
"Diretas, Já", com a cartilha e slides sobre Fé e Política, em 1981.
Participou, como membro fundador, da Comissão Independente
Internacional das Nações Unidas para Questões Humanitárias, sendo o único
religioso, em todo o mundo, eleito para esta comissão, em 1981.
Foi responsável, com apoio financeiro do Conselho Mundial de
Igrejas e coordenação do
rev. Jaime Wright, o projeto "Brasil: Nunca
mais"¸ contendo informações obtidas nos
arquivos militares oficiais
sobre o uso institucionalizado da tortura durante o regime militar dos anos
1964-1985. O livro-resumo foi lançado em 15 de julho de 1985
Lançou o Projeto Esperança, campanha para conscientização sobre
AIDS na Arquidiocese de São Paulo, em 1987. Tornou-se presidente do Comitê
Latino-americano de Peritos pela Prevenção de Tortura (CEPTA), em 1987. Foi o
negociador para a libertação do empresário Abílio Diniz, sequestrado por um
grupo de chilenos, argentinos, canadenses e brasileiro, em 1989 . Indicado
oficialmente para o Prêmio Nobel da Paz de 1989. Participou de encontro
interreligioso com o Dalai Lama, na Catedral da Sé, em 9 de junho de 1992
Desde 24 de maio de 1998, quando tornou-se
Cardeal Emérito de São Paulo, passou a dedicar parte de seu tempo à promoção da
população da Terceira Idade.
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