sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Vale Fertilizantes vendida para a estadunidense Mosaic


Endividada, a Vale vendeu, no dia 19 de dezembro de 2016, seus ativos de fertilizantes para a multinacional norte americana Mosaic Co, por US $ 2,5 bilhões em dinheiro e ações. A transação é uma combinação de ações e dinheiro. Metade do preço será pago em dinheiro e a outra metade em novas ações, dando à Vale uma participação de 11 por cento na Mosaic e dois assentos em seu conselho.

As empresas esperam que o acordo, que exige a aprovação do CADE, regulador antitruste do Brasil, seja concluído no final de 2017.

A Vale Fertilizantes opera, no Brasil, as minas de rocha fosfática em Catalão, em Goiás; Tapira, Patos de Minas, Patrocínio e Araxá, no estado de Minas Gerais; e Cajati, em São Paulo. Possui nove plantas de processamento para a produção de nutrientes à base de fosfatado e nitrogênio, localizadas em Catalão (GO), Araxá (MG), Patos de Minas (MG), Uberaba (MG), Guará (SP), Cajati (SP) e três plantas em Cubatão (SP). E a mina de potássio de Taquari-Vassouras, em Rosário do Catete (SE).

Segundo o site da Vale: "Uma vez concluída a transação, a Vale venderá para a Mosaic: (a) os ativos de fosfatados localizados no Brasil, exceto os baseados em Cubatão; (b) a sua participação em Bayóvar, no Peru; (c) os ativos de potássio localizados no Brasil, incluindo o projeto de Carnalita; e (d) o projeto de potássio no Canadá (Kronau). A inclusão do projeto de potássio de Rio Colorado no escopo da transação está sujeita à aceitação da Mosaic após o término da due diligence". 

A Mosaic só tinha minas nos Estados Unidos e Canadá, aqui no Brasil, opera o terminal de fertilizantes da Fospar SA, no Porto de Paranaguá. Trata-se do principal porto de exportação de grãos e de descarga de fertilizantes do Brasil, respondendo por quase metade dos 20 milhões de toneladas de produtos que entram no país a cada ano. Esse terminal é especializado no recebimento de fertilizantes a granel, com capacidade de descarga de 2,4 milhões de toneladas ao ano. Em 16 de novembro de 2016, na cidade de Brasília, celebrou um contrato formal para investir US $ 42 milhões na modernização desse terminal, aumentando sua capacidade para 3 milhões de toneladas, em 2019.

Ao fechar a aquisição, a Mosaic se tornará a principal empresa de produção e distribuição de fertilizantes no Brasil, que é um dos mercados agrícolas mais importantes do mundo. A Mosaic passará a deter 12% da produção mundial de fosfato, consolidando sua liderança global. O negócio que está sendo adquirido tem capacidade para produzir 4,8 milhões de toneladas de nutrientes de culturas de fosfato acabados e 500 mil toneladas de potássio. Inclui cinco minas brasileiras de fosfato e quatro unidades de produção de químicos e fertilizantes, além de uma fábrica de potássio no Brasil.

O pano de fundo da venda: crise no setor de commodities e concentração econômica no setor do agronegócio.

Esse acordo acontece em meio à crise no setor da mineração e uma onda de concentração no mercado da indústria de sementes/biotecnologia  e da indústria química agrícola.

A Mosaic procura de ativos em fosfatados ou potássio uma vez que podem ser adquiridos em um momento em que o setor de commodities está mais fraco.

A Vale vende seus ativos de fertilizantes após anos de baixos preços de minério de ferro que jogaram para baixo seu balanço patrimonial, registrando uma perda recorde de US $ 12,1 bilhões em 2015 A Vale utilizará esses recursos da venda para reduzir a dívida líquida, que é de quase US $ 26 bilhões, de acordo com os últimos resultados trimestrais da companhia.


A Mosaic entra na onda global de concentração das indústrias de sementes/biotecnologia e produtos químicos, como a aquisição da Monsanto pela Bayer AG, em um negócio de US $ 12,9 bilhões; a Dow Chemical e a DuPont tem a intenção de se fundirem e a Syngenta concordou em ser adquirida por US $ 26 bilhões pela China National Chemical Corporation, uma estatal que vende produtos químicos agrícolas. No campo dos fertilizantes, dois dos maiores rivais da Mosaic, a canadense Agrium Inc. e a Potash Corp da Saskatchewan Inc., disseram em setembro de 2016 que planejam se juntar em um acordo de US $ 12,9 bilhões.

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