Declaração do Diálogo dos Povos sobre a visita de intercâmbio e solidariedade ao Zimbábue e a prisão da delegação naquele país.
8-12 November 2017
O Diálogo dos Povos informa com alegria que todos os 22 delegados que haviam sido presos e multados sob acusação de invadir áreas proibidas no Zimbábue, já estão salvos e em liberdade.
Nesta manhã de 13 de novembro todos os estrangeiros que integravam a delegação do Diálogo dos Povos deixaram o Zimbábue.
A delegação do Diálogo dos Povos foi organizada com representantes da África do Sul, Suazilândia, Zâmbia, Quênia, Uganda, Zimbábue e Brasil.
A delegação estava no Zimbábue para uma visita de intercâmbio e solidariedade, buscando compreender a situação da mineração artesanal, bem como para participar do 9o. aniversário do Massacre da Mina de Diamantes de Marange, próximo a cidade de Mutare.
Felizes com a libertação de nossos companheiros e companheiras seguimos, no entanto, extremamente preocupados com a situação de nossos parceiros no Zimbábue, que diariamente enfrentam a repressão e o assédio experimentados durante esta visita. Estamos, também, atentos e preocupados com as implicações que a atenção internacional despertada pela prisão da delegação do Diálogo dos Povos possa causar aos nossos parceiros locais.
Em um cenário internacional de intensos e agudos conflitos em torno da mineração, o propósito da visita era compreender melhor o papel desempenhado pela mineração artesanal e avaliar as possibilidades de que esta seja uma alternativa viável frente à pilhagem e brutalidade da atuação das multinacionais em nossos países. Além disto, nossa visita visava desenvolver reflexões em conjunto e compartilhar ideias e perspectivas sobre as formas de organização da mineração artesanal e seu possível papel positivo em termos de utilização dos recursos nacionais. Escolhemos o Zimbábue para esta visita e para a organização deste debate, exatamente porque aí mais de um milhão de pessoas estão diretamente envolvidas na mineração artesanal.
Evidentemente a visita de intercâmbio foi severamente perturbada pela intervenção arbitrária do governo e da polícia do Zimbábue.
Como Diálogo dos Povos organizaremos uma reunião urgente para definir próximos passos e identificar formas de arrecadar os recursos necessários para cobrir os custos de ressarcimento às organizações locais que se solidarizaram conosco, bem como para o pagamento dos honorários advocatícios e das despesas extras acarretadas pelas viagens de emergência necessárias para salvaguardar todos os participantes.
Como Diálogo dos Povos queremos expressar toda nossa gratidão e reconhecimento pelo incrível trabalho de solidariedade e compromisso expressos por inúmeras pessoas e organizações diante da situação de aprisionamento de nossos companheiros e companheiras. Agradecemos aos colegas e companheiros do Centro de Recursos Naturais e Governança (Centre for Natural Resource Governance) e à Unidade de Serviço de Aconselhamento (Counselling Service Unit); ao Dr. Passmore Nyakureba e a sua equipe de advogados; aos Advogados de Direitos Humanos do Zimbábue (Zimbabwe Lawyers for Human Rights); à CIDSE; ao DKA; ao secretariado da AMECEA; à Campanha TNC; à Embaixada Brasileira; à Nunciatura Apostólica do Vaticano, em Harare; ao bispo Mons. Paul Horam; à Conferência dos Bispos do Brasil; à Ordem dos Frades Menores; à JPIC dos Fransciscanos; à Franciscans International; ao Frei Amaral Bernardo e à Custodia de Santa Clara, em Moçambique.
Em conclusão:
A situação política no Zimbabue permanece extremamente tensa e seguimos preocupados com o bem estar e segurança de nosso parceiros do Centro de Recursos Naturais e Governança (Centre for Natural Resource Governance), que resistem de forma valente e corajosa á pilhagem dos recursos naturais e despossessão a que estão submetidas as comunidades pobres pelo setor extrativo.
People’s Dialogue Secretariat
Mercia Andrews,
South Africa.
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