sábado, 16 de dezembro de 2017

JUFRA: Juventude Franciscana denuncia degradação ambiental sofrida pelo rio Paranaíba

O rio Paranaíba é um dos rios que mais sofre com as ações e investidas dos assim chamados grandes empreendimentos. Perdeu cerca de 60% da vazão, nas últimas décadas. A bacia hidrográfica do Paranaíba que inclui os estados de  MG, GO, MS e o DF.  É impactada por inúmeras grandes e pequenas hidrelétricas, mineradoras, destilarias de álcool, grandes monoculturas e especulação  rural-imobiliária. O bioma predominante é o Cerrado. Essa bacia drena uma área com cerca de 220 mil km2, com quase 8,5 milhões de habitantes em 196 municípios, além do Distrito Federal, incluindo 5 no Mato Grosso do Sul, 55 em Minas Gerais, onde ocupa 12,2% do território, e 136 em Goiás, onde é a principal bacia em área e ocupação antrópica.

MANIFESTO DE REPÚDIO

“Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Água, que é muito útil, humilde, preciosa e casta.”
Cântico das Criaturas

A Juventude Franciscana – JUFRA é uma organização de caráter e objetivos religiosos, regida por normas aplicáveis da Igreja Apostólica Romana, a qual se constitui como sociedade civil, de direito privado, de caráter e objetivos exclusivamente religiosos, educacionais e sociais, sem fins lucrativos e sem objetivos político-partidários, com personalidade distinta de seus membros.

À luz do carisma franciscano, compreendemos que se faz necessário construir um novo horizonte utópico que nos comprometa com a construção de um projeto de País com justiça e paz em respeito à integridade da criação.

Na Constituição Federativa da República Brasileira, a proteção do meio ambiente e salvaguarda da sadia qualidade de vida são asseguradas através da implementação de políticas públicas. Desse modo, seu artigo 225 preceitua que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”. Assim, tal dispositivo legal exerce o papel norteador do meio ambiente devido a seu complexo teor de direitos, mensurado pela obrigação do Estado e da Sociedade na garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Como se sabe, a Água é um recurso ambiental fundamental para a qualidade de vida da população, e possui múltiplas funções, uma vez que é um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico, é indispensável para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos, que mantêm em equilíbrio os ecossistemas, dentre outros. Porém, tal recurso apresenta grandes problemas que se assolam ao longo dos anos, exemplos disso são; seu uso indiscriminado e desenfreado que vem sendo praticado há tempos sem qualquer preocupação com sua poluição; o uso da água para irrigação de lavouras, beneficiando o agronegócio em detrimento a população; a poluição provocada pelo agronegócio com o uso abusivo de inseticidas.

A Conferência da Família Franciscana do Brasil, reunida no Capítulo Nacional das Esteiras, afirma: “Dessa Cidade de Aparecida, Nossa Senhora, Padroeira do Brasil, resgatada das águas de um rio, hoje poluído e degradado, nos faz eleger dentre os diversos apelos um compromisso particular com a Irmã Água. Deste modo, nos empenharemos na construção de um processo de reflexão e ação em defesa da água como bem comum, que se dará através da participação da família em jornadas, fóruns e nas iniciativas de fortalecimento dos trabalhos ligados à promoção da Justiça e da Integridade da Criação.” Assumimos como consequência deste Capítulo, o grito de salvação do Irmão Rio Paranaíba.

Com sua vocação profética, a JUFRA do Distrito I de Minas Gerais (Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba) vem a público DENUNCIAR a degradação ambiental sofrida por toda extensão do Rio Paranaíba, bem como das matas ciliares, afluentes e áreas adjacentes.

Na data de 10 de dezembro de 2017, em um encontro intitulado como “JUFEST” realizado na cidade de Patos de Minas/MG as fraternidades (grupos) de Carmo do Paranaíba/MG, Lagoa Formosa/MG, Uberlândia/MG, Araguari/MG e Patos de Minas, presentes neste encontro visitaram o leito do Rio Paranaíba que corta o município sede do evento e demais cidades da região, os jovens presentes ficaram indignados com tamanho descaso com a água, símbolo de vida. Durante a visita, pôde presenciar grande quantidade de lixo na margem do Rio, bem como esgoto a céu aberto e lançamento do esgoto no Rio.

Por fim, ante a situação caótica do Rio Paranaíba é imperioso ressaltar acerca do tratamento de esgoto dos municípios e abastecimento de água, os quais carecem de cuidado e atenção pelas Companhias e Autarquias de Água, que cobram taxas exorbitantes por um serviço que sequer é prestado com qualidade.

Ante o exposto, DENUNCIAMOS os Poderes Públicos Municipais, os quais tem a obrigação de fiscalizar os serviços prestados, bem como as Companhias de Saneamento e Abastecimento de Água dos municípios do Triângulo e Alto Paranaíba, as quais detém através de contratos o controle de saneamento e tratamento de dejetos.

E, EXIGIMOS das autoridades, ora competentes, meios para a solução dos problemas acima elencados, através de audiências públicas, com a inserção efetiva da comunidade, onde a população possa ser ouvida. SOLICITAMOS também a fiscalização efetiva dos executivos municipal em relação aos serviços prestados pelas Companhias de Saneamento, Abastecimento de Água e Tratamento de Esgoto dos municípios e revisão de todos os contratos.

Patos de Minas, 15 de Dezembro de 2017.

Assinam essa nota:
JUVENTUDE FRANCISCANA DE MINAS GERAIS – DISTRITO I
Conferência da Família Franciscana do Brasil - CFFB
Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade – AFES
Secretária Nacional de Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação – JUFRA DO BRASIL
Serviço Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia – SINFRAJUPE
Movimento Católico Global pelo Clima – MCGC
Comissão Pastoral da Terra – CPT Triângulo

*Esta ação tem por orientação a prática do compromisso "Viva Laudato Si", firmado pelos integrantes da JUFRA, que estabelece zelar pelo cuidado da casa comum, o que implica estabelecer metas e ações conjuntas contrárias a qualquer tipo de degradação do meio ambiente e desequilíbrio da qualidade de vida, haja vista que a criação necessita de respeito e cuidado pautado na conversão ecológica.

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