Segunda cidade mais populosa da África do
Sul, a Cidade do Cabo, está a caminho do dia em que não haverá mais água para
abastecer a cidade. O chamado “Dia
Zero”, está previsto para o dia 16 de abril. Haverá então o corte de água
corrente. As torneiras estarão sem água corrente, que passará a ser distribuída
em pontos de controle racionados. Os residentes terão que ir para cerca de 200
pontos de coleta espalhados pela cidade. As pessoas terão apenas 25 litros de
água por dia, para beber, banhar-se, lavar banheiros e lavar as mãos.
Como
se chegou a isso (longo período de seca agravado
pelas mudanças climática)
O ano de 2015 marcou o início de uma seca
que dura três anos, a maior seca em 100 anos. Para uma cidade cujo
abastecimento abastecimento de água depende quase totalmente da água da chuva
isso se tornou um desastre. A Cidade do Cabo obtém mais de 99% do suprimento de
água de barragens que dependem da chuva.
A Cidade do Cabo sempre lidou com as secas
através de um sistema de alerta que inicia quando os níveis das barragens ficam
mais baixos do que o normal durante um período específico. Em 2004-2005 os
níveis ficaram muito baixos.
Em
2007, o Departamento Nacional de Água e Saneamento emitiu um aviso sobre o
abastecimento de água da Cidade do Cabo, dizendo que a cidade precisaria de
novas fontes de água até 2015. Uma estratégia de gerenciamento foi implantada
rapidamente , incluindo substituições de medidores de água, gerenciamento de
pressão, detecção de vazamentos e reparos de encanamento gratuitos para
famílias indigentes.
Isso reduziu o consumo de água empurrando o
prazo de para ocorrer uma crise no sistema para 2019, com base na precipitação
e uso normais de água.
A
seca é só uma parte da história (mal gerenciamento,
poder do agronegócio e disputas políticas)
Os problemas de água da África do Sul
também refletem uma combinação de uso excessivo e sub investimento em
infraestrutura para o tratamento e transporte de água.
Outro agravante estrutural, por trás da
atual crise hídrica é o plano de desenvolvimento nacional da África do Sul. O
mesmo exige a expansão das terras agrícolas sob irrigação em 500 mil hectares, sem
dizer de onde virá a água.
Em 2015, a cidade de Cape Town recebeu 60%
da água do sistema de abastecimento de água da Província do Cabo Ocidental.
Quase todo o resto foi para a agricultura, particularmente culturas de longo
prazo, como frutas e vinhos, bem como gado. As províncias não têm o poder de
fazer alocações de água para a agricultura. Isso é feito pelo governo nacional.
Quando iniciou a seca o Departamento
Nacional de Água e Saneamento não tomou medidas para reduzir o uso agrícola da
água. Existem evidências de que esse Departamento acabou por aumentar o consumo
de água à agricultura no Western Cape. Isso impulsionou a demanda por água além
da capacidade do sistema de abastecimento e consumiu o limite de segurança da
Cidade do Cabo de 28 mil megalitros.
A Província do Cabo Ocidental é a única do
país administrada pelo partido oficial da oposição, a Aliança Democrática. O
Congresso Nacional Africano da África do Sul governa o resto. Isso significa
que a relação entre o governo nacional e a Província Cabo Ocidental é
complicada, como mostra a crise da água.
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