“Se
teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber”, diz a
Bíblia (Provérbios 25,21).
Ao
cortarem a água de 700 famílias de sem teto, o DMAE de Uberlândia, e a
Prefeitura Municipal demonstram total ausência de espírito público, em ato
ilegítimo que atenta contra vida.
Quem
é o DEMAE, que corta a água dos sem teto? Uma instituição com diretores presos
preventivamente por corrupção, e segundo a imprensa: “A
denúncia julgou que os investigados cometeram três crimes de peculato, nos
quais 8 milhões de reais foram desviados do DMAE em favor da Araguaia
Engenharia. Eles também respondem pelos crimes de associação criminosa,
falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.”
O acesso à água e ao
saneamento são reconhecidos pelas Nações Unidas como direitos humanos. Em 28 de julho de 2010, através da Resolução
64/292, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu explicitamente o
direito humano à água e ao saneamento e que água potável e saneamento são
essenciais para a realização de todos os direitos humanos. O direito humano à
água é o direito fundamental à vida, à saúde e à subsistência. Os imperativos
para atender às necessidades humanas básicas de água são mais do que apenas
morais, estão enraizados na justiça e no direito e nas responsabilidades de
indivíduos e governos.
Além disso, é da nossa
tradição cultural não negar água a ninguém. É do ensinamento cristão dar água a
quem necessita. O texto do Evangelho de Mateus, no capítulo 25, versículo 35,
diz: “tive sede, e me destes de beber”.
Interessante, como nas palavras de
Jesus, um copo d’água tem repercussão na
vida eterna, imaginem então água encanada e tratada.
Seja
por qual perspectiva olharmos, negar à uma população carente o acesso a água
potável e segura é ato perverso, vergonhoso, imoral e de crime contra o direito
a vida.
Independente de qual seja
a disputa, o fornecimento de água para o consumo humano é uma obrigação e
negar água para as famílias Sem Teto do Acampamento Fidel Castro, do
MTST, é uma violação direitos humanos.
Esse corte é feito às vésperas do Fórum Alternativo Mundial
da Água – FAMA 2018 que acontecerá entre os dias 17 e 22 de março,
em Brasília, DF. Este fórum luta pela água como bem comum. No caso da corrupção
no DEMAE, cabe uma parte do texto, de chamamento do FAMA:
“A água é
um bem comum. Isso nos leva a compreender também que sua gestão precisa
considerar os interesses das comunidades locais, em especial os excluídos ou
silenciados frente à forte voz do mercado, por meio de um processo democrático
de debate e decisão sobre projetos que interferem no uso da água e da terra,
especialmente no caso de empreendimentos de infraestrutura hídrica.
É
preciso construir uma nova cultura da água, sustentada em valores éticos,
ecológicos e culturais que garantam a inclusão e a justiça socioambiental,
prezando pela transparência e participação popular ampla e representativa dos
diferentes setores da sociedade.
É
fundamental a compreensão de que a água é um bem comum que não pode ser gerido
por interesses privados e que, mesmo uma gestão do Estado, que em teoria
deveria prezar pelo bem comum, sem controle social e participação democrática,
poderá priorizar o atendimento aos grandes interesses privados, como ocorre em
casos de concessões de uso de fontes para exploração mineral, parcerias
público-privadas dos serviços de saneamento público, entre outros.”
Uberlândia, 7 de março de 2018
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Centro de Estudos Bíblicos - CEBI
Centro de Estudos Bíblicos - CEBI
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