sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Família Franciscana do Brasil: Carta em apoio ao Papa Francisco

CARTA DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL AO PAPA FRANCISCO

"Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!" (Mt 5,10)

Papa Francisco, 
Paz e Bem!

Vivemos tempo de profundas mudanças e como bem disseste em Laudato Si são tempos de uma séria e grave crise socioambiental.

Assistimos preocupados o aprofundamento perturbador de políticas e retóricas globais de ódio e violência, que incitam a desintegração das relações humanas, a desfiguração do Sagrado e a ruptura cada vez maior do humano com a Terra, nossa Casa Comum e fonte da vida.

Vemos, com igual preocupação, a mesma e crescente agressão a ti e aos teus apelos de seguirmos ao Senhor, no rosto ferido dos feridos de nossos dias.

Em meio a este tempo sombrio e de transformações que exige de nós, cristãos e cristãs, profetismo e esperança acompanhamos em teu ministério e pastoreio o chamado vigoroso para a “alegria do Evangelho”, para a saída ao encontro dos pobres e para a comunhão universal de todas as pessoas de “boa vontade”.

Acabamos de celebrar os 50 anos da Conferência Latino Americana, de Medellín. Afirmamos que “a opção preferencial pelos pobres” é a razão primeira do ser da Igreja.

É dentro deste panorama desafiador que a Conferência da Família Franciscana do Brasil quer reafirmar o compromisso com o Cristo Pobre, Humilde e Crucificado tão amado por Francisco de Assis e tão desvelado em teu Pontificado, Francisco de Roma.

É a partir destes desafios, e igualmente dos citados em tua última “Carta ao Povo de Deus”, de 20 de agosto, que dirigimos nosso apoio irrestrito a ti que nos precede na caridade e na misericórdia. E uma palavra é sempre necessária: o Papa não está sozinho! Somos contigo!

Obrigado por teu serviço à Igreja e por teu testemunho. Quem vive radicalmente o Evangelho e luta pela justiça será rejeitado e perseguido.

E certos de que Deus não abandona os pobres e nem àqueles que O atendem nos fracos e indefesos, te confiamos à proteção de São Francisco e de Sua Mãe, a Virgem de Aparecida.

Benção Apostólica, sobre nós, a nossa Conferência e o nosso povo.

Brasília, 31 de agosto de 2018

Frei Éderson Queiroz - OFMCap, 
Presidente
Conferência da Família Franciscana do Brasil - CFFB

terça-feira, 28 de agosto de 2018

CBMM: 36 anos de contaminação em Araxá (MG)

Agora não há mais dúvida. O que já se sabia há anos, e vinha sendo denunciado por muitos, fazem décadas,  vem agora atestado de forma clara no “âmbito do Convênio, Termo de Compromisso, Termo de Acordo e Termo de Aditamento de Acordo, firmados respectivamente com o Estado de Minas Gerais, com o município de Araxá e com o Ministério Público, no Inquérito Civil instaurado pela 1ª promotoria de Justiça de Araxá”: a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) vem pelo menos há 36 anos contaminando as águas subterraneas, do complexo hidromineral de Araxá.
Isso é o que esta atestado, na notícia publicada pelo site do MPMG, sobre o "Convênio" firmado em 27 de agosto de 2018:
" A companhia é responsável pela contaminação de lençóis hídricos subterrâneos com substâncias químicas oriundas de fontes antrópicas, verificada em 1982, quando foi identificada a presença de bário solúvel acima das concentrações naturais nos corpos hídricos dentro e a jusante da Barragem 4 da CBMM.
Desde então, a empresa vem implementando um conjunto de medidas mitigadoras, sem, no entanto, concluir o processo de remediação ambiental desenvolvido no âmbito do Convênio, Termo de Compromisso, Termo de Acordo e Termo de Aditamento de Acordo, firmados respectivamente com o Estado de Minas Gerais, com o município de Araxá e com o Ministério Público, no Inquérito Civil instaurado pela 1ª promotoria de Justiça de Araxá. "
Em 16 de setembro de 2015, denunciavamos em artigo publicado aqui, no Fala Chico, "Complexo hidromineral de Araxá ameaçado: 
" De acordo com Nota Técnica número 1 da Fundação Estadual do Meio Ambiente -(FEAM) e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), de julho de 2015, a concentração de metais pesados está seis vezes acima do permitido. A causa da contaminação da água se encontra na exploração de nióbio pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM, que não respeita normas e legislação. "
A seguir, transcrevemos parte desse artigo denuncia, de setembro de 2015, a que nos referimos acima, que ajuda a ilustrar a questão:
Avessa às recomendações da FEAM e do IGAM, a CBMM ainda pleiteia novas licenças junto aos órgãos de fiscalização.
A nota técnica FEAM / IGAM diz que os relatórios da CBMM não são suficientes e carecem de detalhamento e cálculos, que demonstrem suas afirmações; que o monitoramento da CBMM é inadequado e não suficiente; que existem mapas elaborados de maneira inadequada; que se constatam dados faltantes nos relatórios apresentados pela CBMM; que existem pendencias da CBMM em relação à pedidos da FEAM; que a técnica de remediação da contaminação de bário é questionável pela sua baixa eficiência e a própria remediação está gerando problemas, subprodutos das reações, que são contaminantes (sulfato, sódio e cloreto); A Nota Técnica ainda ressalta que não são atendidas normas exigidas pela ABNT. 
Segundo a FEAM a contaminação das águas vem ocorrendo desde a década de 80. Estudos apontam que a contaminação das águas do complexo do Barreiro, em Araxá ocorre pela liberação de bário no ambiente, decorrente da exploração do nióbio na região, atividade explorada pela CBMM. Por solicitação da FEAM, a empresa iniciou um monitoramento e atividades, em 1984, que não foram adequadas para conter a contaminação. O resultado é que a tentativa de solução levou a outras contaminações, com a elevação dos níveis de sódio, sulfato e cloreto. A contaminação afeta águas subterrâneas e superficiais, além do solo e subsolo. 
A situação dos moradores da região se agravou com a detecção da contaminação na produção de fosfato antes pela ARAFÉRTIL S.A, depois Bunge e hoje Vale Fertilizantes.  O rebaixamento da mina de fosfato sobre a Fonte Dona Beja despertou a atenção para os impactos negativos sobre as águas minerais da Estância do Barreiro.
Estudos apontam níveis altíssimos de contaminação
Análises das águas da região do Barreiro e do entorno da cidade de Araxá, incluindo os mananciais de abastecimento da cidade confirmaram a contaminação das águas do Barreiro, bem como da cidade de Araxá não apenas com Bário, mas também com outros metais, em doses elevadas para o consumo humano, como Cromo, Chumbo, Vanádio, e Urânio, detectado em níveis altíssimos em algumas amostras. Tal estudo foi publicado pela cientista nuclear Kenya Dias Moore no Congresso Internacional Nuclear do Atlântico – INAC ocorrido em Belo Horizonte em outubro de 2011. Os pontos de coleta de material (água) para análise foram: Córrego Feio, Córrego Fundo  e Córrego da Areia ( mananciais de abastecimento da cidade), Córrego do Sal, Fonte Dona Beija, Fonte Andrade Júnior, residência de uma moradora do Barreiro na antiga Rua da Substação (abastecida por poço CODEMIG), residência de um morador do Barreiro na Rua Alto Paulista (abastecida pelo poço BUNGE), Rio Capivara, Rio Tamanduá, Lago do Grande Hotel do Barreiro, Rio Pirapitinga em dois pontos, riacho junto ao Grande Hotel do Barreiro, Barragem que fica na antiga Rua da Subestação, dois lagos do Grande Hotel, amostra de um hotel no centro da cidade.
Drama dos moradores

Na Comarca de Araxá tramitam mais de 500 processos com pedidos de indenização por danos a saúde causado pela contaminação da água. Muitas famílias vêm sofrendo com diversos tipos de doenças, como câncer, doenças renais e cardiovasculares. Nos últimos três anos, somente das famílias que entraram com ação judicial, 30 pessoas já morreram de câncer. Cerca de 200 famílias que vivam na região do Complexo do Barreiro, no chamado Alto Paulista e adjacências, tiveram que sair de suas casas após a descoberta da contaminação. As famílias que lá moravam utilizavam água imprópria para o consumo humano há anos. Através da Associação dos Moradores do Barreiro, essas famílias conseguiram na Justiça que a Prefeitura da cidade fornecesse água mineral aos moradores que ainda residem lá. "
Pelo transcrito acima, fica claro que os danos ambientais, bem como à saude das pessoas, nesses 36 anos são enormes.
O Drama continua
Em maio de 2018, a Justiça julgou serem improcedentes as 517 ações propostas contra a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Bunge e Vale Fertilizantes, em que os autores alegavam a contaminação das águas subterrâneas na região do Barreiro. Segundo as ações, essa contaminação teria sido feita pelas empresas e desencadeado diversos problemas de saúde nas pessoas que residiam no Barreiro. A sentença afirma que não houve a comprovação da contaminação das águas. 
As famílias que entraram com a ação viviam na região do Complexo do Barreio e não só as da rua Alto Paulista, como versa na sentença, recorram dessa decisão do juiz da 3ª Vara Cível da Comarca de Araxá.
Não bastasse as notas técnicas de 2015, da FEAM e do IGAM, o novo Termo de Convênio entre Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma) e da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Araxá firmando com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), em 27 de agosto de 2018, deixa claro que a contaminação existe.
Como fica a situação das famílias que forma contaminadas?
O valor a ser pago pela CBMM de R$ 16,4 milhões para reparação de danos ambientais em acordo com o MPMG está longe de cubrir todos os danos de mais de 3 decadas.


Frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, ofm

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Terminou o Congresso Medellin 50 anos - Opção pelos pobres e pela terra

O Congresso eclesial “"Medellín cinquenta anos: profecia, comunhão, participação" foi realizado de 23 a 26 de agosto de 2018, em Medellin, na Colombia e celebrou o 50º aniversário da segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (1968).

O Congresso Medellin 50 anos, terminou e se reafirmou na Igreja latino Americana a centralidade da opção pelos pobres e a opção pela terra, ecologia integral, a partir da Encíclica Laudato Si', do Papa Francisco: "escutar o grito dos pobres e o grito da terra".  

Na abertura do congresso, na Ponticia Universita Bolivariana de Medellín, foi apresentada a obra "Bispos da Grande Pátria: Pastores, Profetas e Mártires". O volume, editado pela teóloga Ana María Bidegaín, apresenta as figuras de 21 bispos, que viveram na segunda metade do século XX e em muitos casos estiveram entre os protagonistas da Conferência de Medellín em 1968 e nos anos seguintes.

Por ocasião da missa de abertura, na Catedral, o arcebispo de Medellín, Mons. Ricardo Antonio Tobón Restrepo, disse que "uma igreja leve não é suficiente para fazer o Espírito brotar, precisamos da surpresa que os bispos viveram há 50 anos: a experiência do Espírito do Concílio Vaticano II e o compromisso do continente que se sentia capaz de criatividade e que historicamente levará paz e justiça à nossa realidade latino-americana. Para realizar esta missão, a Igreja é chamada a se purificar, a ir ao essencial, a construir uma unidade profunda, a aumentar sua paixão apostólica, a viver a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens ".

O cardeal peruano Pedro Barreto Jimeno, arcebispo de Huancayo e vice-presidente do Rede Eclesial Pan Amazônica - REPAM, durante seu discurso no congresso afirmou que há 50 anos, em Medellin, nasceu uma Igreja "Pascal", que "aventurou-se a pôr em prática" as diretrizes do Concílio Vaticano II na realidade latino-americana, com o mesmo estilo com o qual "Maria prontamente partiu para visitar sua prima Isabel". Ele assinalou que "a própria eleição de Francisco, o primeiro Papa latino-americano, é fruto de toda a história da Igreja latino-americana, na fidelidade não só às diretrizes do Concílio Vaticano II, mas também e fundamentalmente na fidelidade a um Cristo sofredor, a um Cristo que morre e a um Cristo que ressuscita ". Sublinhou, ainda, a centralidade da opção pelos pobres, proclamada pela Conferência de Medellín, sem deixar de admitir que não foi aceita por muito tempo ou adequadamente assumida na Igreja, até que o Papa Bento XVI, em Aparecida, declarou que "opção preferencial pelos pobres" está implícita na fé cristologica ".

Por sua vez, o padre Augusto Zampini, do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Intergral, do Vaticano, definiu três sinais de vida de nossa realidade, que devemos cuidar e trabalhar: 1. O dinamismo do desenvolvimento do continente no qual a Igreja deve expressar seu testemunho e serviço contra a iniquidade e danos ambientais que são atualmente experimentados. 2. Não há desenvolvimento humano sem ambiente: todas as formas em que vivemos estão ligadas à riqueza da biodiversidade. Você não pode planejar a cidade às custas da vida humana e da natureza. 3. Espiritualidade como fundamento para viver na equidade e amor de Cristo.

Metodolgia do Congresso:

Foram dias intensos de reflexão e debates, caracterizados pela metodologia do ver-julgar-agir, com reflexões teológicas e pastorais, com a participaçãoo de 480 pessoas, entre cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos  e leigas.

Todos os participantes estavam organizados em 4 núcleos, dividos em 22 grupos temáticos chamados de "Comunidades de Vida e Aprendisagem"  que permitiram identificar as grandes intuições teológicas e pastorais de Medellín, em vista de nosso momento histórico. Em cada Comunidade, três painéis foram desenvolvidos por especialistas no tema específico e duas significativas experiências pastorais foram apresentadas.

Dos 4 núcelos de temas, 3 se relacionavam ao documento conclusivo de Medellín (1968), o quarto núcleo abordou temas para além daqueles abordados, em 1968,  veja os núcelos e temas.

I. Promoção Humana
1. Justiça, paz e reconciliação
2. Família
3. Educação
4. Juventude
II. Evangelização e crescimento da fé
5. Religiosidade popular pastoral e popular
6. Pastoral das elites, pastoral urbana
7. Catequese
8. Liturgia
III. A igreja visível e suas estruturas
9. Protagonismo dos leigos na Igreja e na sociedade
10. Sacerdotes
11. Vida Consagrada
12. Formação do clero
13. A Igreja e os pobres
14. Pastoral de conjunto
15. Comunicação Social
VI. Outros desafios para o discipulado missionário da Igreja
16. Mulheres na Igreja
17. Desenvolvimento integral e cuidado da criação
18. Formação de discípulos missionários. Vocações na Igreja
19. Comunidades eclesiais básicas e pequenas comunidades
20. Povos indígenas e afro-americanos
21. Migração, refúgio e tráfico de pessoas
22. Animação bíblica da pastoral

Um documento final será publicado nofinal de setembro, com os resulatdos dos grupos de "Comunidades de Vida e Aprendizagem"

Comunicado Final:

Um comunicado, será divulgado nos próximos dias, firmado pelos representantes do CELAM, o CLAR, Cáritas Latinoamericanas e a Arquidiócesis de Medellín, que foi lido pelo Cardeal Carlos Rubén Salazar, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, expressou gratidão ao Papa Francisco por sobre o “serviço abnegado à Igreja e por seu testemunho ". Sobre a missão depois dos 50 anos do documento de Medellín, ele disse que "começamos um novo estágio, um novo relacionamento, novos laços que nos permitem construir uma Igreja mais fraterna, mais igualitária, mais pobre e mais missionária".

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Família Franciscana se solidariza com a "Greve de Fome por Justiça no STF"


Carta em Solidariedade aos Irmãos e Irmãs em Greve de Fome
“Se estes se calarem, as pedras clamarão” Lc 19,40

A Conferencia da Família Franciscana do Brasil manifesta seu apoio e se solidariza com o Frei Sergio Goergen, Jaime Amorim, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Rodrigues que, em um gesto extremo, estão em “Greve de Fome”, desde o dia 31 de julho de 2018, em Brasília pelo respeito à Constituição Federal e à Democracia.

A situação a que foi levada a sociedade brasileira, desde 2016, pelo governo ilegítimo instaurado a partir do impeachment inconstitucional de uma presidenta legitimamente eleita, é de aumento da miséria, da fome, da violência, da perda de direitos e de desrespeito à Constituição.

Frei Sergio Goergen é frade franciscano (Ordem dos Frades Menores), da Província de São Francisco, Rio Grande Sul, e tem uma vida toda dedicada às questões de Justiça, Paz e Integridade da Criação, particularmente no meio rural, junto aos sem terra e agricultores familiares.

Todos os sete que estão em greve de fome são de movimentos sociais. Junto a eles reafirmamos as motivações que os levaram a assumir este gesto e as transcrevemos aqui:

1. Denunciamos a volta da fome, o sofrimento e o abandono dos mais pobres, sobretudo as pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem terra, assentados, quilombolas e desempregados;

2. Denunciamos o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs;

3. Denunciamos a situação dos doentes, da saúde pública, das pessoas com deficiência, a volta das epidemias e da mortalidade de crianças;

4. Denunciamos os ataques à educação pública, que deixam a juventude sem perspectiva de vida;

5. Denunciamos a volta da carestia, o aumento do preço do gás, da comida e dos combustíveis;

6. Denunciamos as tentativas de aniquilamento da soberania nacional, através da entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro: Amazônia, terra, petróleo, energia, biodiversidade, água, minérios e empresas públicas essenciais à geração de emprego e ao bem estar do povo;
7. Nos indignamos e não aceitamos o sacrifício anunciado de duas gerações: as crianças e os jovens;
8. Defendemos o direito do povo escolher livremente, pelo voto, seu próprio destino, elegendo à Presidência o candidato de sua preferência;
9. Defendemos a volta da plenitude da democracia e a vigência integral dos direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, hoje negada e pisoteada;
10. Apelamos ao Supremo Tribunal Federal pelo fim das condenações sem crime, das prisões ilegais sem amparo na Constituição e pela libertação imediata do Presidente Lula, para que possa ser votado pelo povo brasileiro.


Em comunhão com esses nossos irmãos e irmãs, conclamamos os franciscanos e franciscanos a participar ativamente deste momento importante de nossa história.

Solicitamos aos Ministros do Supremo Tribunal Federal que atendam aos clamores da maioria do povo brasileiro, reinstaurem a justiça, o Estado de Direito e o respeito à Constituição Brasileira.

Paz e Bem!
Brasília, 13 de agosto de 2018


Frei Éderson Queiroz - OFMCap,
Presidente
Conferência da Família Franciscana do Brasil - CFFB

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Encontro com Comunidades Atingidas pela Mineração na América Latina


Carajás / Pará  - Foto: Paulo Santos / 1999 /
Atlas Amazônia Sob Pressão via Agência Brasil
Inicia hoje, 6 de agosto, em Brasília, o Encontro com Comunidades Atingidas pela Mineração na América Latina, promovido pela CNBB, pelo Conselho Episcopal da América Latina (CELAM), pela rede Igrejas e Mineração e pela aliança internacional de agências católicas de desenvolvimento CIDSE.

O Encontro tem por objetivo, dentro do espírito da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, "promover um diálogo com as Igrejas locais e suas hierarquias" e "elaborar estratégias comuns em defesa das vítimas, das comunidades e seus territórios, através de um olhar e um compromisso que derivam de uma fé solidária". Se trata de um segundo encontro, o primeiro foi realizado em 2015, no Vaticano.

A coordenação do encontro será do  bispo brasileiro Dom Sebastião Lima Duarte, presidente do Grupo de Trabalho sobre Mineração da CNBB, e será iluminado pela Carta Pastoral sobre a Ecologia Integral do CELAM, publicada em março. 

O próximo Sínodo sobre a Amazônia, previsto para outubro de 2019, será um dos temas de reflexão, uma vez que se trata de uma de uma região, do nosso planeta, mais ameaçada pela mineração.

Ao final dos trabalhos, será apresentado um documento que será enviado ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, no Vaticano,  para o CELAM, para a CNBB, outras conferências episcopais latino-americanas e comunidades religiosas, afirmando que o rosto da igreja é o rosto das comunidades ameaçadas por projetos extrativistas.

Em uma entrevista concedida à Rede Igrejas e Mineração, a antropóloga brasileira, Moema Miranda a firma uma das coordenadoras do encontro, “o que as comunidades atingidas esperam é uma posição firme e profética das igrejas. Como o Papa Francisco disse, essa economia mata e nas comunidades estamos vendo isso todos os dias. Este é o momento em que a Igreja Profética, em favor dos pobres e da terra, se torna urgente e necessária”.

Há 40 anos falecia Paulo VI, o Papa da Modernidade


Paulo VI, Giovanni Battista Montini, faleceu em 6 de agosto de 1978, na festa da Transfiguração do Senhor. Ele foi o papa que finalizou o Concílio Vaticano II, que havia sido inaugurado pelo seu predecessor São João XXIII.

Ontem (5 de agosto), durante o Angelus, o Papa Francisco recordou a figura de Paulo VI, chamando-o "o grande Papa da modernidade". 

"Há quarenta anos, o Beato Papa Paulo VI estava vivendo as suas últimas horas nesta terra. Morreu, de fato, na noite de 6 de agosto de 1978. Recordemos dele com muita veneração e gratidão, à espera da sua canonização, em 14 de outubro próximo. Do céu interceda pela Igreja, que tanto amou, e pela paz no mundo. Este grande Papa da modernidade, o saudemos com um aplauso, todos!

Paulo VI foi um papa ligado às questões de Justiça e Paz. 

Em 1967, 15 meses depois de terminado o Concílio Vaticano II, Paulo VI lançou sua Encíclica sobre o Desenvolvimento dos Povos (Populorum Progressio), na qual faz uma dura crítica ao capitalismo liberal:

[…] construiu-se um sistema que considerava o lucro como motor essencial do progresso econômico, a concorrência como lei suprema da economia, a propriedade privada dos bens de produção como direito absoluto, sem limite nem obrigações sociais correspondentes. Este liberalismo sem freio conduziu à ditadura denunciada com razão por Pio XI, como geradora do "imperialismo internacional do dinheiro".

Dois meses antes Paulo VI  criou a “Comissão Pontifícia Justiça e Paz”, com representantes de todos os continentes, na mesma mensagem em que criava o “Conselho dos Leigos”. O Conselhos dos Leigos foi proposta ddecreto de Concílio Vaticano II sobre o apostolado dos leigos: Apostolicam Actuositatem, n. 26

Estabeleceu como função da Comissão Justiça e Paz o “estudo dos grandes problemas da justiça social, com vistas ao desenvolvimento das nações jovens e especialmente quanto à fome e à paz no mundo”. Ele assim colocava em prática a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n.90, do Concílio Vativano II, que indicou que julgava “muito oportuna a criação de um organismo da Igreja universal, com o fim de despertar a comunidade dos católicos para que promovam o progresso das regiões indigentes e a justiça social entre as nações”.

Paulo VI nasceu em 1897 e Exerceu o seu ministério sacerdotal durante 58 anos. Foi ordenado em 29 de maio de 1920.


Doutor em filosofia, direito civil e direito canônico, serviu a diplomacia da Santa Sé e a pastoral universitária italiana, e a partir de 1937, foi colaborador direto do Papa Pio XII. Durante a II Guerra Mundial trabalhou no Vaticano com os refugiados e os judeus.

Após o conflito, em 1954, foi nomeado arcebispo de Milão. Foi criado cardeal pelo Papa João XXIII em 1958, e participou nos trabalhos preparatórios do Concílio Vaticano II. Cinco anos depois, em 21 de junho de 1963 foi eleito Papa. 

Foi o primeiro Papa que visitou a Terra Santa. Em Jerusalém, em 1964, encontrou-se com o patriarca ortodoxo Atenágoras I e celebraram juntos o levantamento das mútuas excomunhões impostas depois do Grande Cisma entre o Oriente e o Ocidente, em 1054. O Papa Francisco visitou a Terra Santa em 2014 para celebrar os 50 anos deste acontecimento.

Paulo VI escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968) sobre o controle da natalidade, e a ‘Populorum Progressio’ (1967) que abrange o desenvolvimento dos povos.