domingo, 16 de dezembro de 2018

COP24: Resultado ambíguo e fraco

Depois de duas semanas de negociações nas conversações climáticas da COP24 em Katowice, na Polônia, no país do carvão, o resultado é muito ambíguo e fraco, em relação à seriedade e urgência da questão do clima. 

O confronto foi sobre regras e financiamento.

O chamado “Livro Regras” do Acordo de Paris acordado na noite de sábado (15), que é um conjunto de regras destinadas a ajudar a conter o aquecimento global, foram consideradas muito fracas por muitos grupos do movimento ambientalista. Este regulamento por si só não será suficiente para acelerar a implementação do Acordo de Paris e evitar que a poluição de carbono atinja níveis críticos.

Questões fundamentais como a forma de aumentar os compromissos dos países em reduzir a emissões existentes, levando em conta pareceres científicos e como fornecer financiamento aos países pobres para fazerem o mesmo, foram adiadas para os próximos anos. A ideia de responsabilização legal por causar a mudança climática vem sendo sistematicamente rejeitada pelos países mais ricos, que temem enormes contas a pagar no futuro.

A declaração final nas negociações da ONU omite uma referência anterior a reduções específicas nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, e apenas saúda a “conclusão em tempo” do relatório do IPCC, não suas conclusões.

Muitos países ricos estão relutantes em abandonar seus combustíveis fósseis, que são uma importante fonte de emprego. Países mais vulneráveis e pobres sentiram que as regras não são rigorosas o suficiente em relação às nações mais ricas. Ao final de todas as negociações, as nações mais vulneráveis exigiram que as mais ricas cumprissem sua meta de 100 bilhões de dólares para o Fundo Climático Verde e reduzissem as condições econômicas restritivas.

Ficou, porém, sem resposta de onde virão os 100 bilhões de dólares por ano de financiamento climático prometidos na COP21, em Paris, pelos países desenvolvidos mais ricos. Com os Estados Unidos tendo se retirado do acordo de Paris, a questão do financiamento climático está se mostrando muito difícil de resolver.

O papel do Brasil

O Brasil ameaçou rejeitar qualquer acordo, querendo se beneficiar com uma emenda devido sua grande cobertura de floresta tropical.  Os outros países contestaram dizendo que  isso poderia permitir uma “dupla contagem” de créditos de carbono, prejudicando a integridade do sistema. O Brasil se recusou a ceder e, nas últimas horas, os negociadores decidiram colocar a questão em uma futura conferência.

A posição do Brasil, sob o futuro presidente Bolsonaro, recusando que o país seja sede a próxima COP e querendo implementar  uma política de abertura da Amazônia ao capital corporativo transnacional, ameaçando sua proteção, pressagia os problemas que estão por vir.

O momento é de crise.

É urgente fixar o limite de aquecimento global em 1,5 graus, como atesta o relatório do mês passado, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – da ONU). Caso contrário,   diz o relatório, serão maiores os riscos de inundações, derretimento do gelo do Ártico, elevação do nível do mar, eliminação de recifes de corais existentes, extinção de espécies e aumento de extrema pobreza. De outro lado, no campo da geopolítica, a ascensão da extrema direita está removendo a proteção do clima da agenda política em muitos países. Trump retirou os Estados Unidos do acordo de Paris; Bolsonaro recusou que o Brasil seja sede a próxima COP e prepara  uma política de abertura da Amazônia ao capital corporativo transnacional; na Europa, a implementação de políticas de proteção do clima encontra resistência em muitos países;

O multilateralismo cada vez mais complicado

Todos os países têm seus próprios objetivos e posições, informados por ideologias e preocupações tendo em conta suas economias e cidadãos, como as questões de emprego. Com o avanço da extrema direita esse cenário piora.

Durante a COP23, os EUA se uniram à Rússia, Arábia Saudita e Kuwait para impedir a aprovação do relatório do IPCC, que é fundamental sobre o aquecimento global. O relatório relata o que aconteceria se a temperatura média global subisse 1,5 grau Celsius,  como garantir que eles não aumentassem,  e que foi amplamente considerado como um alerta para os formuladores de políticas quando foi lançado.

A Austrália reafirmou seu compromisso com o carvão e participando de um evento paralelo conduzido pelo governo dos EUA que promoveu o uso de combustíveis fósseis. A Polônia, que é o maior produtor de carvão da UE e do qual depende cerca de 80% para a eletricidade do país, em comparação com uma média de 30% entre os países membros da Agência Internacional de Energia, está longe de abandonar essa fonte.

Isso levou à muitas críticas de países vulneráveis como pequenas nações insulares e grupos ambientalistas.

Um desafio para a sociedade civil

Dentre as lutas da sociedade civil internacional para enfrentar as lacunas deixadas pelas COPs, está a de fortalecer as comunidades, povos e suas organizações nos territórios.

Um dos principais objetivos das negociações da COP deste ano era o de garantir uma "transição justa" para longe dos combustíveis fósseis. Para a sociedade civil, a luta é garantir uma transição justa para um futuro sustentável. Fugir das falsas soluções e de políticas de financiamento de adaptação às mudanças, cujas tecnologias na verdade fortalecem os mesmos países, grupos e corporações que são responsáveis pelas mudanças climáticas.  O capitalismo não é o antidoto para si mesmo.

O desafio é construir uma transição que deve ser socialmente inclusiva e justa, sem deixar ninguém para trás. Uma transição que emerge do diálogo e une diferentes abordagens e experiências concretas, de sindicatos, povos indígenas, grupos de desenvolvimento, camponeses, comunidades tradicionais, grupos ambientalistas e movimentos sociais. Empoderando as populações e fortalecendo uma plataforma comum necessária para gerar um movimento popular global mais forte.
Frei Rodrigo Péret

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Leonardo Boff reflete sobre seus 80 anos:

Revendo os dias passados, tenho a mente voltada para a eternidade

Na vespera de seu aniversário Leonardo Boff escreveu: 

Amanhã, dia 14 de dezembro, completarei 80 anos  de vida. Estou descendo a montanha da vida.
Primeiramente agradeço a Deus por ter chegado até aqui e por ter sobrevivido. De pequeno, com alguns meses, estava destinado a morrer. Naqueles interiores profundos de Santa Catarina, Concórdia, não havia ainda médicos. Todos, desolados, diziam:”coitadinho, vai morrer”. Minha mãe, desesperada, depois de fazer o pão familiar num forno de pedra, deixou que ficasse morno e sobre uma pá de madeira me colocou por bons minutos lá dentro. A partir deste experimento derradeiro, melhorei e estou aqui como sobrevivente.
Achei que nunca passaria da idade de meu pai que morreu de um enfarte fulminante aos 54 anos. Sobrevivi. Escrevi um balance aos 50. Depois achava não passaria da idade de minha mãe que também morreu  de enfarte com 64 anos. Sobrevivi. Fiz mais um balanço aos 60. Então, estava seguro de que não chegaria aos 70. Sobrevivi. Tive que escrever outro balanço aos 70. Por fim, pensei, convicto, de todas as maneiras, não chegarei aos 80. Sobrevivi. E tenho que escrever outro balanço.  Como sai desmoralizado nas minhas previsões, não penso mais em nada. Quando chegar a hora que só Ele sabe, irei alegremente ao encontro do Senhor.
Relendo os vários balanços, surpreendemente e sem intenção prévia, vejo que há constantes que perpassam todas as memórias. Tentarei fazer uma leitura de cego que apenas capta o que é relevante. Sempre fui movido por alguma paixão mais forte que me levava a falar e a escrever.
A primeira paixão foi pela Igreja renovada pelo Concílio Vaticano II. Escrevi minha tese doutoral em Munique: A Igreja como sacramento; Igreja: carisma e poder (que me levou ao silêncio obsequioso) e Eclesiogênese: as CEBs reinventam a Igreja.
A segunda paixão foi pelo Jesus histórico, sua gesta que o levou à cruz. Escrevi Jesus Cristo Libertador; Nossa ressurreição na morte; O evangelho do Cristo cósmico; Via Sacra da justiça.
A terceira paixão foi por São Francisco de Assis, o primeiro depois do Último (Jesus).Escrevi Francisco de Assis: ternura e vigor; São Francisco: saudades do Paraiso; Comentário à sua oração pela paz.
A quarta  paixão foi pelos pobres e oprimidos. Nasceu a teologia da libertação e escrevi  Teologia do cativeiro e da libertação; O caminhar da Igreja com os oprimidos; junto com meu irmão Frei Clodovis escrevemos Como fazer teologia da libertação.
A quinta paixão foi pela Mãe Terra super-explorada. Ecrevi A opção Terra: a solução para a Terra não cái do céu; O Tao da libertação: uma ecologia da transformação junto com Mark Hathaway; Como cuidar da Casa Comum.
A sexta paixão foi pela condição humana sapiente e demente. Escrevi O destino do homem e do mundo; A  Águia e a galinha: metáfora da condição humana; Despertar da águia : o dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade; Saber cuidar; O cuidado necessário; Feminino –Masculino junto co Rose-Marie Muraro; O Ser humano como projeto infinito.
A sétima paixão foi pela vida do Espírito: Traduzi o principal da obra do místico Mestre Eckhart; retraduzi de forma atualizadora a Imitação de Cristo de 1441 acrescentando-lhe uma parte nova; O seguimento de Cristo; Experimentar Deus hoje; A SS.Trindade é a melhor comunidade; O Espírito Santo: fogo interior, doador de vida e pai dos pobres; Espiritualidade: um caminho de transformação.
Publiquei cerca de cem livros. É trabalhoso, com apenas 25 sílabas, compor as palavras e depois com as palavras formular as frases e por fim com frases conceber o conteúdo pensado de um livro. Quando me perguntam: “o que faz na vida”? Respondo: “sou trabalhador como qualquer outro como um marcineiro ou um eletricista. Apenas que meus instrumentos são muito sutis: apenas 25 sílabas”.
“E o que vc pretende com tantas letras”? Respondo: “apenas pensar, em sintonia, as preocupações maiores dos seres humanos à luz de Deus; suscitar neles a confiança nas potencialidades escondidas em si para encontrarem soluções; procurar chegar ao coração das pessoas para que tenham compaixão pelo injusto sofrimento do mundo e da natureza, para que nunca desistam de sempre melhorar a realidade, começando por melhorar a si próprios. Independente de sua condição moral, devam sentir-se sempre na palma da mão de Deus-PaI-e-Mãe de infinita bondade e misericórida”.
“Valeu a pena tantos sacrifícios para escrever”? Respondo com o poeta Fernando Pessoa:”Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Esforecei-me para que não fosse pequena. Deixo a  Deus a última palavra. Agora no tramontar da vida, revejo os dias passados e tenho a mente voltada para a eternidade.
FONTE: LeonardoBoff

CNBB: Comissão Episcopal para Ação Social prevê cenário de recrudescimento das lutas sociais no Brasil

“Nos próximos anos, as Pastorais Sociais terão um papel muito importante na defesa da justiça social no Brasil e de serem, de fato, uma presença de Igreja na defesa dos direitos dos povos empobrecidos”, a avaliação é do bispo de Lajes (SC), dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral da Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Esta avaliação se deu após uma análise e projeção dos cenários pós eleições 2018 realizada pelos bispos, assessor e secretária em reunião da Comissão para Ação Transformadora realizada nesta terça-feira, 11/12, na sede da CNBB, em Brasília (DF).
O presidente da Comissão afirmou que o aumento da pobreza é uma tendência mundial e brasileira. “Não queremos ser pessimistas, mas alguns indicativos nos mostram um possível aumento da pobreza, da miséria absoluta. Os números atuais estão mostrando esta tendência”, disse dom Guilherme.
Outro ponto, bastante preocupante na avaliação do bispo, é uma tendência que está se fortalecendo nos discursos dos candidatos eleitos a cargos executivos e legislativos à criminalização dos movimentos e lutas, das pastorais e dos líderes sociais. “Temos muitas preocupações com a justiça com as próprias mãos que não passa pela justiça institucional”, disse.
Pontos da pauta – Na pauta, além da projeção dos cenários futuros, os participantes discutiram a realização da 6ª Semana Social Brasileira, avaliaram as ações deste ano, a sustentabilidade financeira dos projetos financeiros e os próximos passos do Census. Dom Guilherme ressalta como positivo a grande renovação das lideranças das pastorais sociais nos regionais e nacionalmente. Isto, segundo ele, é fruto de um processo que a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora vem fazendo com reuniões periódicas, aprofundamentos e estudos da doutrina social da Igreja entre bispos e lideranças que acompanham as pastorais sociais.

A Comissão está se preparando para a 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil a ser realizada em maio de 2019, em Aparecida (SP). O grupo está levantando possíveis nomes, entre um grupo de cerca de 40 bispos que acompanham a caminhada das Pastorais Sociais no Brasil, para assumir a presidência dos trabalhos da Comissão. Haverá também uma renovação dos bispos que a integram.

O grupo se reúne ainda em março de 2019 para conclusão da avaliação final da ação, incluindo a ação dos Grupos de Trabalho que coordena e planejar os próximos passos. “Faremos uma avaliação final do mandato como um todo e alguns encaminhamentos para o ano de 2019. Vamos deixar encaminhado de fato a programação até dezembro de 2019. Logicamente que quem for eleito poderá fazer as modificações que achar necessárias”, disse.
FONTE: CNBB

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

COP24: Vaticano faz apelo por ação urgente

A delegação da Santa Sé lançou um comunicado na Cop24, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima que se realiza em Katowice, na Polônia, no qual reforça o urgente apelo de ouvir o grito da Terra com uma particular atenção às pessoas mais vulneráveis por causa das mudanças climáticas.

No âmbito da Reunião da Cop24, a Conferência Mundial sobre o Clima em Katowice na Polônia, a Santa Sé lançou em uma coletiva de imprensa duas indicações: “Ações e solidariedade”. Ao citar a Laudato Si, padre Bruno Marie Duffé, coordenador da delegação da Santa Sé guiada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, confirmou firmemente a necessidade de escutar atentamente o grito da Terra que, como diz Papa Francisco, está gemendo de dores”.

Ações urgentes
Uma das grandes preocupações é o último relatório da IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no qual se fotografa o impacto devastador da mudança climática nas comunidades de todo o mundo. A partir dessas informações torna-se necessário ouvir o alarme lançado pelos cientistas. Na coletiva de imprensa – segundo o comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé – intervieram também Mercy Chirambo, representante da Cáritas de Malawi (Cadecom), e Joseph Sapati Moeono-Kolio, representante dos Pacific Climate Warriors. Os relatores insistiram na necessidade de uma ação urgente de solidariedade para com os mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Solidariedade global

Falando no início da Cop24 o cardeal Parolin perguntou-se se “há suficiente vontade política para colocar em prática as várias soluções que temos a disposição”. E o padre Duffé pediu “ações urgentes e decisões urgentes em uma verdadeira e recíproca solidariedade global”. Lançando o apelo para que se trabalhe para criar condições para que seja garantido a todos um emprego digno, que respeite os direitos humanos e proteja os mais fracos e os mais pobres.

Também é fundamental o trabalho que está sendo feito nas comunidades “porque – sublinhou padre Duffé – como recordou o Papa Francisco, a chave é a vontade política de fazer uma transformação radical”. Queremos ser recordados – escreveu o Papa – apenas pela incapacidade de agir quando era urgente e necessário?”
Fonte: Vatican News

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

África do Sul: Fórum Social Temático Mineração e Economia Extrativista

Iniciou em Johanesburgo, África do Sul, o Fórum Social Temático sobre Mineração e a Economia Extrativista. Com a presença de 370 delegados de mais de 50 países, de todos os continentes, o Fórum irá de 12 a 15 de novembro.
O objetivo é reunir a sociedade civil para analisar a mineração e a economia extrativista, compartilhar, refletir e buscar estratégias para gerar e disseminar uma narrativa alternativa sobre o impacto da mineração em comunidades afetadas por minas e fortalecer as lutas. Também é importante permitir e incentivar o diálogo entre trabalhadores e comunidades locais, que muitas vezes resistem às grandes empresas e são acusados ​​de restringir o número de empregos locais. Ainda na mesma linha, é urgente ampliar as articulações entre as comunidades atingidas pela mesma empresa, que atua em diversos países, para criar redes de negociação, confronto e resistência. Também é urgente articular e aprender com os diferentes atores atingidos e mobilizados: mulheres, camponeses, povos indígenas, comunidades tradicionais, sindicalistas e igreja local. É importante que construir sobre as expressões concretas das alternativas e buscar soluções adicionais para o extrativismo. Finalmente, entender a expansão da mineração e seus impactos no âmbito da economia extrativista e os efeitos das mudanças climáticas, é necessário para permite alianças com aqueles que trabalham contra o agronegócio, a pesca predatória e a exploração florestal.
 Nas últimas décadas temos testemunhado a intensificação do extrativismo, um modelo destrutivo baseado no abuso dos chamados “recursos naturais”, dos quais a mineração é um caso exemplar. Este modelo, em nome do progresso e do desenvolvimento, tem sido devastador e degradante. Envolvido uma super exploração de trabalhadores, a desapropriação sistemática de comunidades, intensificação das condições de aquecimento global e injustiça climática. Esse modelo sujeita economias locais a uma lógica de acumulação que beneficia empresas transnacionais – os novos governantes do mundo. Mulheres, trabalhadores, trabalhadoras sem terra, povos originários, comunidades tradicionais e camponeses resistem e  lutam por um outro mundo.

Este Fórum Social Temático sobre Mineração e a Economia Extrativista tem o fim ambicioso de consolidar um movimento extenso de resistência e assegurar controle social sobre as atividades extrativistas, assim como o lançamento da Campanha pelo o “Direito de dizer não” a projetos socialmente e ambientalmente degradantes. Aos delegados nesse Fórum cabe a tarefa de interagir as lutas as lutas e intensificar a solidariedade. A crise climática que se aprofunda, a ascensão da direita e a crise econômica que o nosso povo experimenta, em várias partes do planeta, torna isto URGENTE!

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Papa Francisco agradece a carta de apoio da Conferência Franciscana do Brasil

Através da Nunciatura Apostólica, o Papa Francisco envia resposta de agradecimento à Conferencia da Família Franciscana do Brasil (CFFB), pelo apoio ao seu pontificado, expresso em carta a ele envida, em 31 de agosto de 2018. (Clique aqui e leia carta enviada pela CFFB)


Em apoio, ao Papa Francisco, a CFFB citava o panorama desafiador do mundo de hoje, comoo aprofundamento perturbador de políticas e retóricas globais de ódio e violência, que incitam a desintegração das relações humanas, a desfiguração do Sagrado e a ruptura cada vez maior do humano com a Terra, nossa Casa Comum e fonte da vida” assim como a crescente agressão e resistência que sofre o pontificado de Francisco e seus apelos de seguimento ao Senhor, no rosto ferido dos feridos de nossos dias, vem sofrendo. A CFFB esternava ainda, apoio irrestrito ao Papa, em suas medidas contra os casos de abusos na Igreja, afirmando que ele  "nos precede na caridade e na misericórdia. E uma palavra é sempre necessária: o Papa não está sozinho! Somos contigo!”.

Clique aqui para ler a resposta do Papa na integra.




Samarco: Três Anos de Crime e Impunidade

As empresas Vale e BHP Billinton, há três anos desde o desastre criminoso, continuam impunes. Ocorrido em 5 de novembro de 2015, quando a barragem de rejeitos da Samarco (Vale – BHP Billinton) rompeu, no estado de Minas Gerais, o cenário deixado pelo desastre, em alguns distritos, continua  o mesmo. A lama percorreu cerca de 650 km entre Mariana, em Minas Gerais, até a foz do Rio Doce no município de Linhares, Espírito Santo, espalhando-se por várias comunidades ao norte e ao sul da foz. Foram mortas 19 pessoas e um aborto, vários distritos devastados e uma lama tóxico poluiu rios e o solo, na bacia do rio Doce.

Hoje, as vítimas que perderam tudo ainda estão vivendo de ajuda de emergência e muitas ainda não receberam compensação. Enquanto isso, a empresa responsável pela represa, a Samarco, está fazendo tudo o que pode para reiniciar as atividades de mineração.

Para se ter uma noção da situação de morosidade, que favorece a empresa e reforça o clima de impunidade, só no município de Mariana (MG), o cadastro de atingidos, em alguns locais, ainda está em estágio inicial.  Na cidade de Linhares, no estado do Espírito Santo, são mais de 6 mil para serem distribuídos.

O processo criminal se arrasta. A apuração de eventuais responsabilidades de servidores públicos do Estado de Minas Gerais, no que diz respeito à processos de licenciamento, bem como de fiscalização, nunca foi concluído.

Em março de 2016 foi criada a Fundação Renova, fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),  para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem.  Esse TAC foi firmado, a portas fechadas, entre BHP Billiton Brasil, Vale, Samarco, o governo federal,  os governos do Espírito Santo, de Minas Gerais e entidades governamentais, sem a participação dos atingidos. Na verdade essa Fundação é um braço das mineradoras, se apresentando como quem dialoga e negocia com as comunidades, que nada mais faz do que postergar a solução dos problemas , mantendo sem previsão a reparação real dos impactos e danos que afetam a vida das famílias atingidas.

Em outubro de 2018, o Ministério Público no Estado de Minas Gerais (MP-MG) e a Fundação Renova fecharam acordo para indenização de atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana. Contudo, esse acordo vale exclusivamente para moradores de Mariana atingidos. Um total, hoje, de aproximadamente 3 mil pessoas, mas que pode chegar a 4 mil. O documento foi assinado pela Fundação Renova e o Ministério Público, tendo a participação dos atingidos, acompanhados da Assessoria Técnica Cáritas, e da Defensoria Pública. O acordo permite que cada um dos atingidos possa se reunir com a Renova para negociar uma proposta de indenização individual.


Um inquérito da Polícia Federal, apresentado em 2016, apontou que houve negligência por parte da mineradora Samarco. De acordo com o documento, houveram falhas graves de manutenção da barragem e a empresa não tomou as providências necessárias diante de problemas detectados por consultores e informados desde 2014.