segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Dom Joaquim Mol - Brumadinho: Não houve aqui um acidente. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo.

A Igreja Matriz de Brumadinho, dedicada a São Sebastião, ficou repleta de fiéis que, unidos pela fé e pela dor, rezaram por todas as vítimas da tragédia ocorrida, o rompimento de uma barragem de mineração na cidade. A Missa, celebrada pelo arcebispo dom Walmor, reuniu também os arcebispos dom José Antônio Aparecido Tosi Marques e dom Anuar Battisti, respectivamente de Fortaleza e Maringá, bispos auxiliares da Arquidiocese de Belo Horizonte, muitos padres, da Capital e de toda Região Metropolitana de Belo Horizonte, seminaristas do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus, que neste sábado visitaram as famílias, para levar uma palavra de solidariedade e conforto.
Em sua homilia, dom Walmor fez referência à rede de solidariedade formada pela Igreja, dizendo que é testemunho da autenticidade da fé. “Diante de tanto sofrimento, devemos buscar a oração, para iluminarmos o nosso olhar e assim ajudarmos a construir uma sociedade justa e solidária. Confiantes no Deus da vida, sempre sairemos vitoriosos.”
Dom Walmor, referindo-se à tragédia, sublinhou: “O que presenciamos é resultado da força da ganância. O Senhor nos convida a olhar os acontecimentos da vida para perceber os caminhos da história, para nos inserirmos na missão de Cristo. Temos um longo caminho, muitas lições. Se não aprendermos, continuaremos a sofrer com grave passivo. Não podemos continuar carregando a vergonha de acontecimentos como este. Deus nos ajude a ter coragem, pois precisamos avançar rumo a um novo tempo.” Em seguida, o Arcebispo pediu para os demais Arcebispos, Bispos e o Pároco da Matriz de São Sebastião a partilharem uma mensagem de esperança com os muitos fiéis que participaram da Missa.
Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar referencial para o Vale do Paraopeba, se emocionou durante a Missa. “Ninguém sabe da dor de uma mãe que espera um filho. Como pastor, não sei o que fazer, diante de toda dor. Peço perdão a Deus.”
Padre Renê Lopes, pároco da Matriz de São Sebastião, também muito emocionado, se recordou dos fiéis que morreram. “Há poucos dias, estavam todos aqui, celebrando a Festa do Padroeiro São Sebastião.” Não contendo as lágrimas, pediu para que todos cultivem a fé, a esperança e a caridade.
Dom Geovane lembrou que quando rezamos a Deus, nos aproximamos dos que sofrem de longe. “E quando sofremos, Deus se aproxima, para levar amparo. Ao Cristão, cabe a luta corajosa, cheia de esperança.”
O arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, disse que Jesus lutou e venceu toda a dor. “Ao Cristão, cabe a luta, na força do amor. Confiar e se entregar ao Pai. Vamos acreditar, confiar e veremos a vitória do amor de Deus.”
Já dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, chamou o rompimento da barragem em Brumadinho de “vergonhosa tragédia”. “Não aprendemos com Mariana, aprenderemos com Brumadinho? Uno-me às famílias que perderam seus entes queridos.” Dom Anuar disse que os fiéis, em todas as Missas na Arquidiocese de Maringá, dedicarão preces às vítimas.
O bispo auxiliar dom Otacilio pediu mais empenho na defesa da vida e do planeta. “Chega de vidas inocentes perdidas para a força do capital.”
Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar, pediu para cada pessoa não descer da cruz. “Estar associado ao Senhor significa também superar nosso choro, nossa tristeza para alcançar lucidez. Não houve aqui um acidente. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo. Pessoas precisam ser responsabilizadas por isso. Precisamos nos organizar, sermos ouvidos, para que as leis sejam mudadas, não para aumentar ainda mais os lucros de empresas, mas para fortalecer a segurança das pessoas.”


Dom Walmor concluiu a homilia lembrando dom Helder Câmara: “A graça das graças é não desistir, mesmo caindo aos pedaços, seguindo até o fim”. A Arquidiocese de Belo Horizonte continua o trabalho de amparo espiritual e material dedicado às vítimas da tragédia, com campanha de solidariedade e visitas missionárias. Uma ação que cresce com a força da unidade de suas comunidades de fé.
FONTE: Arquidiocese de Belo Horizonte

2 comentários:

  1. Eu Júlia Maria Frazão Pontes me solidarizo junto à Arquidiocese de Belo Horizonte,pelo crime ambiental principalmente pelo assassinato cometido pela ganância desses poderosos. Até quando essas mineradoras vão continuar provocando esses tissunames e acabando com as vidas humanas ????

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  2. O dinheiro foi colocado acima de tudo e todos. Quando um IRRESPONSÁVEL assina um laudo falso por dinheiro porque sabe que ficará IMPUNE porque irá subornar um MINISTRO qualquer para livrar sua cara de assassino.

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