O encontro de planejamento bienal do Conselho Internacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Ordem dos Frades Menores (CIJPIC) aconteceu de 3 a 10 de junho de 2019, na Custódia da Terra Santa, em Jerusalém. Organizado pelo Escritório da JPIC, dos Franciscanos em Roma, o econtro tratou de temas como as mudanças climáticas, a proteção dos direitos humanos e na atenção especial aos problemas e violações reais existentes nos 119 países onde a Ordem dos Frades Menores (franciscanos) está presente e funciona. “Esta reunião”, disse o frei Jaime Campos, Diretor do Escritório Geral da JPIC, “nos permite avaliar o trabalho que foi feito e planejar, com nossas discussões, futuros trabalhos com atenção constante ao conteúdo da Encíclica Laudato Si’ ”.
O encontro que contou com a participação de representantes das diversas Conferências dos Frades Menores. Vindo da Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Coréia, Eslovênia, EUA, Filipinas, França, Itália, México, Polônia e Reino Unido, chegou a uma conclusão com a preparação de um documento final, que trata de questões relacionas à crise climática, crise sócioambiental, crise migraória, sempre com propostas concretas e partindo da Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, numa perspectiva de converção ecológica. Segue do Documento.
Declaração de Jerusalém
O Conselho Internacional de
Justiça, Paz e Integridade da Criação da Ordem se reuniu em Jerusalém de 3 a 9
de Junho 2019. Seus membro avaliaram o trabalho realizado nos últimos três anos
e traçaram o caminho a seguir em nosso esforço para promover JPIC para o
próximo triénio, com a presença dos coordenadores de JPIC das Conferencias sua
liderança determinada para preparar o caminho e implementar de forma eficaz, as
decisões tomada na reunião deste ano. Distintos desafios e estímulos.
Distintos desafios e estímulos
chegaram até nós do Conselho Plenário da Ordem de 2018 "Queremos sonhar e ao mesmo tempo ser profetas de esperança,
capazes de anunciar o Evangelho para a construção de Reino, denunciando e
combatendo as situações concretas de injustiça e violência do mundo atual. Esta
atitude nos fará dar muitos frutos como pessoas consagrada nos ..."(CPO
2018 177).
"Laudato
si'": Conversão ecológica integral
Inspirados pela encíclica
papal "Laudato Si” acreditamos firmemente que “ a sobriedade no estilo de vida e a sensibilidade pela solidariedade
ecológica e social são expressões próprias do
carisma franciscano, consciente de que o nosso compromisso com a ecologia
é parte da conversão integral que nos torna irmãos e irmãs de todas as
criaturas. Cada Fraternidade em seu projeto de vida e missão, desenvolver um
programa ecológico que promova estilos e opções concretas de vida que expressem
respeito e cuidado para criação" (Cf. CPO /18 114-116)
Os desafios colocados pelo
documento do CPO 2018 e pela Encíclica "Laudato Si", nos levam a propor o seguinte:
- Renovar a nossa presença profética no mundo de hoje, através de um processo radical de conversão ecológica individual e comunitária.
- Adotar a metodologia da não-violência ativa e da paz justa.
- Estar abertos a uma maior colaboração “ad intra” e “ad extra” na Igreja.
- Comprometer-se com a iniciativa “Catholic Nonviolence Initiave” de Pax Christi International.
- Integrar e celebrar ativamente "Laudato si" na liturgia.
- Promover o estudo da Encíclica através dos “Círculos de animação e dos retiros “Lautado Si” do MovimentoCatólico Global pelo Clima.
- Fazer memória dos mártires do meio ambiente.
- Recolher e criar recursos (homiléticos, catequéticos, práticos...) e compartilhá-los.
- Melhorar a comunicação usando as redes sociais e serviços multimídia disponíveis
Crise
climática
Nós, membros do CIJPIC,
estamos profundamente preocupados com os desastres que ocorrem em todo o mundo
e seu impacto negativo sobre os pobres e vulneráveis; e reconhecemos que a
intervenção humana indiscriminada está destruindo o sistema climático do nosso
planeta. Somos testemunhas da crise climática e constatamos que nos resta pouco
tempo para que a humanidade mude sua trajetória e evite as piores consequências
desta catástrofe climática mundial para o genro humano e o resto dos seres
vivos na terra. Não podemos ficar indiferentes à voz dos jovens que exigem
justice climática.
É por isso que propomos:
- Promover e celebrar o "Tempo de o Criação", através da liturgia e atividades solidárias .de o liturgia e atividades solidariedade.
- Colaborar com o Movimento Católico Mundial pelo Clima.
- Não fazer investimentos em indústrias de combustíveis fósseis e investir em energias renovável.
- Participar dos movimentos que trabalham pela justiça climática.
- Aumentar nossa tomada de consciência e aprofundar na compreensão esta problemática.
- Recolher experiências de boas práticas e compartilhá-las.
- Promover alternativas à cultura consumista (consumo responsável, decrescimento, consumir produtos locais, Km 0, etc.).
- Trabalhar pela transformação social com a sociedade civil, autoridades governamentais e empreendedores sociais.
- Promover um projeto de plantio ecológico de árvores
Crise
socioambiental
Também estamos conscientes das
muitas devastações no meio ambiente e na humanidade devido a várias práticas
extrativistas, como a mineração e o fracking, ou a agricultura de monocultivos,
etc. "Muitas vezes as técnicas de
mineração, os despejos e a perda de poder de pessoas, a contaminação dos solos
e da água, a corrupção e a prepotência
das multinacionais de mineração, com sua distribuição injusta das riquezas que
obtêm, nos impele a questionar seu verdadeiro valor." (Declaração de Verona). Cremos que os franciscanos estamos chamados à ação solidária com as
comunidades atingidas na Amazônia e em outros lugares. Pelo que reconhecemos e
promovemos "um tipo diferente de
economia: uma economia que é inclusiva e não exclusiva, humana e não
desumanizante, que cuida do meio ambiente e não o espolie” (convite do Papa
Francisco ao evento “Economia de Francisco” 2019). Concretamente nos
esforçaremos para reduzir e reparar os danos sociais, ambientais e econômicos,
que se produzem em nossa casa comum.
E por isso propomos:
- Recusar-se a fazer parte da cultura consumista de nossa sociedade
- Apoiar e solidarizar-se com as vítimas de extrativismo.
- Juntar-se à campanha "Direito de dizer não".
- Desenvolver estratégias de "boicote" a determinados produtos.
- Não fazer investimentos em empresas que atacam os direitos humanos e ambientais e investirem projetos sustentáveis e éticos.
- Continuar colaborando com Franciscans International e com o Fórum Social sobre o Extrativismo.
- Incentivar as Entidades da Ordem a trabalhar com as ONGs de seu entorno nesse âmbito.
- Envolver as escolas de administração propondo modelos econômicos alternativos ao atual, que apoiem a Responsabilidade Social Corporativa, a conversão ecológica e a justiça climática.
Crise
migratória
Vemos a migração como um
fenômeno global causado por múltiplos fatores, entre eles a violência, a
desigualdade social, a crise política e climática. Seu alcance cada vez maior
em todo o mundo desafia nossa "Visão
franciscana da vida que encontra seus fundamentos na revelação bíblica, que nos
faz entender que um é nosso Pai e que somos todos irmãos e irmãs, e que estamos
unidos por vínculos invisíveis, formando uma só família universal com todos os
seres do universo. Por tanto nós podemos permanecer indiferentes ante à grave
crise da mobilidade humana, e não podemos ser indiferentes à situação de nossos
irmãos e irmãs imigrantes"(Cf. CPO / 18, 122 - 123).
Por isso propomos:
- Criar uma cultura humanista de hospitalidade; aceitando, acolhendo e cuidando dos imigrantes como irmãos e irmãs nossas.
- Abrir nossa casas e conventos para receber, escutar e dialogar com os imigrantes.
- Celebrar a Jornada Mundial pelos Refugiados eImigrantes, e a Oração contra o Tráfico de Pessoas.
- Ajudar e colaborar com os Centros de Imigrantes existentes.
- Promover "experiências no terreno", para os frades em formação inicial e permanente, nos Centros de Atendimento aos Imigrante.
- Organizar "campos de trabalho e conscientização" para jovens e frades.
- Promover campanhas para superar preconceitos contra imigrantes.
- Participar da Rede Franciscana para os Imigrantes na América.
- Divulgar ferramentas legais e recursos para migrantes.
Apesar da contínua violência e
conflito na região fomos testemunhas e constatamos o trabalho e obras
realizadas pelos nossos irmãos da Custódia da Terra Santa pela a paz e os
direitos humanos. Também nos demos conta de que nós como Franciscanos, temos
que "trabalhar para ser instrumentos
de paz e reconciliação, permanecer presentes em lugares de guerra e violência e
não abandonar os que sofrem” . (cf. CPO / 18, 168). Com profunda
preocupação pela crise política e pelas inacreditáveis violações de direitos
humanos em alguns países, expressamos nossa solidariedade com os oprimidos, os
menores, os esquecidos e os últimos.
O Conselho Internacional de
JPIC leu e discerniu os sinais dos tempos como um chamado, enquanto
franciscanos, para responder às crises globais através de uma conversão
ecológica integral radical; que inclui as dimensões espirituais, sociais,
econômicas e políticas. Como fraternidade contemplativa em missão, nos
comprometemos à ação através da contemplação e da oração, do compromisso de
solidário com os pobres e a Terra; pedindo a todos os frades da Ordem que
aprofundemos nossa vocação e conversão no século XXI.
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