Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem a público manifestar sua solidariedade às nações indígenas do Equador por sua coragem e determinação no enfrentamento aos desmandos e políticas governamentais perversas que submetem nossos povos aos piores conflitos possíveis. Tal dramática situação e a heróica resistência do povo equatoriano apelam à nossa sensibilidade pastoral e nos incitam a uma atitude de fé, esperança e solidariedade, confiantes no Senhor da História, que se põe nela junto dos pobres.
Acompanhamos há décadas diversas situações de traições políticas de dirigentes no Equador e o consequente peso sobre a população e os seus direitos corajosamente conquistados, como também a organização desses povos, representados pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE).
É triste sentir, nas diversas imagens que correm o mundo, a violência e o autoritarismo com que o governo tem tratado os povos indígenas, assim como a perda de direitos sociais e garantias do mundo do trabalho. Lenín Moreno foi eleito com um programa e governa com as propostas do rival banqueiro derrotado nas urnas e sob o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI). A submissão ao capital tem tornado governos meros despachantes dos seus interesses, em detrimento da vida e direitos de suas populações.
A situação atual de pressão e violação de todos os direitos humanos, encabeçada por diversos governos, como por exemplo no Brasil e no Equador, em função da submissão às políticas neoliberais, tem significado, concretamente, perseguições e mortes aos povos tradicionais, além da diminuição significativa dos espaços democráticos. A esses povos sobra somente o direito de protestar, mobilizar e arriscar suas vidas no enfrentamento às polícias ou, ainda, às milícias armadas. No caso do Equador, a submissão ao FMI, com o corte dos subsídios do petróleo, Decreto 883, ameaçava gerar uma crise que afetaria brutalmente a vida de toda a população. Foi uma vitória parcial, mas contundente, que após 12 dias de luta, o povo organizado sob a coordenação da CONAIE saiu ganhador desta queda de braço com um governo que se porta fiel às políticas do Fundo Monetário Internacional.
Repudiamos toda ação violenta do governo equatoriano e o autoritarismo que tem tratado o problema. Manifestamos nossa solidariedade a todas as organizações políticas e sociais que perfilaram lado a lado com a CONAIE, que, imediatamente, após a derrogação do Decreto 883, retrocedendo o fim dos subsídios a derivados fundamentais de gasolina, passaram a ser alvos de acusações absurdas e perseguições injustificadas. Assim queremos oferecer todo o nosso apoio às organizações populares e indígenas do Equador, que têm se colocado na primeira linha dessa luta pela vida e pelos direitos.
Avante Povos Originários! Avante irmãs e irmãos latino-americanos! Em frente heróico povo equatoriano! Até a Vitória, sempre, companheiros e companheiras!!!
Coordenação Executiva Nacional da CPT
Goiânia (GO), Brasil, 17 de outubro de 2019.
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