NOTA INTER-FRANCISCANA SOBRE A
SITUAÇÃO DO CHILE
“A
desigualdade não afeta apenas os indivíduos mas países inteiros, e obriga a
pensar numa ética das relações internacionais”.Papa
Francisco
A
população não suporta o descaso e as medidas adotadas nestes últimos anos pelo
Governo na Educação, Assistência Social e na Previdência Social, que culminam com
uma onda massiva de endividamento da população, que vive uma situação de
permanente empobrecimento. Atrelado a este quadro o sistema político e militar
envolvido em constantes casos de corrupção.
Para
além da situação dos transportes públicos, que muitas das vezes é posta como
cerne do problema, o sistema econômico, com ações de privatizações, apresentado
como solução pelos economistas e grupos de interesses capitais, é o principal
fator para o descontentamento e protestos, que se refletem em situações
alarmantes vividas pela população. Dentre elas:
Os
baixos índices salariais da classe trabalhadora chilena; Doze mil pessoas morrem por ano devido à falta
de assistência médica, e o alto preço de medicamentos; Grande parte das
famílias têm suas casas hipotecadas por priorizarem a educação de seus filhos e
filhas. Parte da população chilena se individa para paga suas refeições. Os
idosos são um dos grupos mais vulneráveis com suas baixas pensões, correm o
risco de perder até suas casas por não arcarem com os impostos devidos. A falta
de políticas públicas de moradia, aumenta acampamentos e moradias improvisadas.
No âmbito ambiental, a privatização do direito à água e a deterioração do meio
ambiente, entre muitos outros fatores, levam ao desespero da população.
Nesse
cenário, de falta de diálogo do Governo com a população foi a falência um
modelo de Estado a serviço dos interesses de grupos hegemônicos e donos de
grandes riquezas. A vida de qualquer pessoa e ser vivo não deve ser oprimida
pela falta de acesso à serviços e bens, ou reduzida pelo ciclo do consumo pelo
consumo.
Enquanto
isso no Brasil, o governo Bolsonaro, propagandeia o modelo chileno como um
exemplo de estabilidade econômica na América Latina e Paulo Guedes vem
implementando essa agenda econômica falida.
Nós
franciscanos e franciscanas denunciamos e repudiamos ações militarizadas nas
ruas, a violência repressiva imposta pelo Estado chileno contra as
manifestações, e a falta de respeito e de compaixão que quer sufocar as
legítimas e necessárias reivindicações deste povo. Reafirmamos a importância do
diálogo e da revisão de medidas que atendam os interesses de todos e todas, em
especial, os mais vulneráveis.
Convocamos
Movimentos, Coletivos, Organizações, iniciativas religiosas e pastorais, para
que assumam o compromisso de articulação e de mobilização frente a vida e os
direitos das pessoas e da “Casa Comum” não só se solidarizando com nossos
irmãos e irmãs chilenos e chilenas, mas resistindo para que o cenário não seja
exemplo para outras nações.
São Paulo, 24 de outubro de 2019
Serviço Interfranciscano de
Justiça, Paz e Ecologia
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