Neste dia Internacional de Direitos Humanos, 10 de dezembro, a Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) e o Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia repudiam, em nota, lei sancionada por Bolsonaro, que declara o dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis e dia dos animais, como dia Nacional do Rodeio. Afirma a nota que se trata de "uma perversa associação de datas", dentro do "quadro de ações do atual Governo, que responde exclusivamente ao interesse do capital financeiro acima de qualquer perspectiva de cuidado e valorização da vida." Leiam a integra da nota:
NOTA DE REPÚDIO
“A vida acima de qualquer interesse”
O presidente Jair Bolsonaro sancionou na última quinta-feira (06/12/2019)
a Lei nº 13.922, de 04 de dezembro de 2019, que institui o Dia Nacional do
Rodeio, resultado do projeto de autoria do deputado Capitão Augusto (PL/SP). Na
justificativa da proposta, seu autor afirma que o Dia do Rodeio deve ser
comemorado “(...) no dia 04 de outubro de cada ano, em alusão ao dia dos animais,
mesma data em que também se festeja o dia de São Francisco de Assis, que é
santo protetor dos animais”.
Nós, Franciscanos e Franciscanas do Brasil, em nome da Família Franciscana do Brasil e do Serviço Interfrancisacno de Justiça, Paz e Ecologia - SINFRAJUPE, repudiamos
com toda veemência a perversa associação entre as datas mencionadas.
Francisco de Assis representa a partir de sua
história uma relação cuidadosa e respeitosa com toda a forma de vida. Baseado nisso
e na perspectiva da integralidade e da interdependência da vida no planeta, o
Papa Francisco, assim aponta:
“Seria errado
pensar que os outros seres vivos devem ser considerados como meros objetos
submetidos ao domínio arbitrário do ser humano. Quando se propõe uma visão da
natureza unicamente como objeto de lucro e interesse, isso comporta graves
consequências também para a sociedade”. (Laudato Sí)
É evidente que esta “sanção” compõe um quadro
de ações do atual Governo, que responde exclusivamente ao interesse do capital financeiro
acima de qualquer perspectiva de cuidado e valorização da vida. Nestes últimos
meses, são inúmeros os retrocessos na área ambiental, desde a perseguição às
ONGs, passando pela militarização das entidades científicas e chegando até a
ampla liberação de agrotóxicos, onde 30%
dos ingredientes que são liberados no Brasil, são barrados na Europa. Sobre a
Reforma Agrária, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária),
em 2019, paralisou 66 projetos de assentamentos. Em relação a luta pelos
direitos dos indígenas, suas terras têm sido ameaçadas, justificada pela
desvirtuada alegação de que elas “inviabilizam o país” e fragilizam a soberania
nacional, e que deveriam ter suas demarcações liberadas para as mineradoras.
Estas ações são parte
de uma estratégia política e econômica em todos os âmbitos e setores do Estado.
As recentes reformas trabalhista e previdenciária, assim como “ajustes” e cortes
no orçamento público tem gerado índices alarmantes de desemprego e aumento de trabalhos
informais, o que gera mais empobrecimento e miséria, outros dados, apontam
ainda o crescimento do genocídio da juventude, da população negra e indígena.
Atrelado a isto, a agenda ideológica contra o enfoque de gênero, desrespeito a
diversidade cultural e religiosa, o descaso frente às políticas básicas de
saúde e educação agravam ainda mais o atual contexto.
Enquanto isso, na contramão histórica, a agenda
ambiental e de direitos humanos é prioridade internacional em diversos marcos e
tratados entre as nações. Destacando-se os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável - ODS, que segundo relatórios de organizações da sociedade civil o
Brasil não cumprirá esta agenda, por consequência das atuais políticas adotadas.
Os valores franciscanos defendem práticas,
normas e políticas públicas que valorizam a vida e reprimam todas as formas de
crueldade contra a natureza. Somos parte dela! Por isso, rejeitamos toda ação
que sobrepõe o lucro ao meio ambiente e quaisquer formas de violações de
direitos.
Repudiamos a nefasta e contraditória associação
simbólica e política entre a Lei nº 13.922/2019, que institui o Dia do Rodeio, e
o Dia de São Francisco e dos Animais: o primeiro por representar um projeto de
violência e morte, e o segundo um projeto de defesa e proteção da vida.
Por todas estas razões, convocamos Movimentos,
Coletivos, Redes, Fóruns, Sociedade em Geral e a todas as instâncias do Estado para
revisão imediata dessa equivocada e ultrajante decisão.
10 de
Dezembro de 2019
Dia Internacional dos Direitos Humanos
Ano do Sínodo da Amazônia
Família Franciscana do Brasil
Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia
SINFRAJUPE
Uma atrocidade. Ao invés de acabar com os rodeios, legaliza?
ResponderExcluirNão há substituição para o dia de São Francisco..Sr.Presidente
ResponderExcluirAto ignóbil.
ResponderExcluirDou totalmente contra qualquer ato que de qualquer modo prejudique nossos irmãos os animais da escala abaixo (??) Da nossa. Foi um lamentável equívoco essa associação, a menos que se pretendesse a proteção dos animais.
ResponderExcluirSou *** correção
ResponderExcluirEM VEZ DE DITAR AÇÕES DE PROTEÇAO AOS ANIMAIS ,FAZ SE O REVERSO ???ISSO TEM NOME...REGRESSÃO
ResponderExcluirConcordo que o nome de São Francisco não pode ser associado ao dia do rodeio, que pelo que sei maltrata animais.
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