por Eduardo Paiva.
Não sei se por conta de um traço sonhador que tenho, não sei se por ser ansioso ou por outros traços que kinda desconheço em mim; tenho muita desconfiança de pragmatismos e discursos que querem se apresentar como sendo equilibrados, quase isentos.
Vejo tentativas de sínteses (a meu ver
muitas vezes um pouco pretensiosas)
que carregam muito numa linha quase
asséptica. É verdade que essa
performance discursiva tem seu charme
e também não deve ser desconsiderada.
O que quero salientar aqui, não é
o discursador, mais o discurso e sua pretensa eficácia para o termo do tema que se pretende
tratar. Não se fala sem emoção e muito menos sem pretensão. Não se elabora uma ideia sem um
objetivo e não se formula um objetivo sem um contexto e uma história.
Mais ainda, não se é afetado por um tema desconsiderando aspectos emocionais, psicológicos,
enfim, os afetos. Politicamente vivemos momentos de catarse, de raivas, de alegrias, de
tristezas, de ódios e de paixões. A crise atual não será resolvida desconsiderando ou passando
por cima dessas emoções e sentimentos.
A meu ver uma das maneiras de colaborar com a superação disso tudo é transitar no meio disso
tudo. Ao contrário da assepsia, penso que teríamos de embebermo-nos das emoções e dos
afetos; ao mesmo tempo aprimoramos mais nossa capacidade de observação e elaboração
interna e externa, no intuito de viver e não negar nossos afetos para ampliar nossa capacidade de
vida.
Para além dos disfarces e engodos pseudo civilizados. A civilização como compromisso afetivo
e busca a efetiva, para compartilhar e construir relações proveitosas para todos os seres e
ambientes.
Eduardo Paiva
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