terça-feira, 19 de maio de 2020

Webinar: Levantando as nossas vozes pela Terra e os Mais Vulneráveis

Por ocasião do 5º aniversário da Encíclica Laudato Si ', CIDSE, Franciscans International, Iglesias y Mineria e GCCM estão convocando o webinar


LEVANTANDO AS NOSSAS VOZES PELA TERRA E OS MAIS VULNERÁVEIS 
Quarta feira 20 de maio às 12:00 


Este Webinar é uma das atividades da semana 2020 de Laudato Si (veja aqui para mais informações). Para participar registre-se aqui:


Intercâmbio na defesa de políticas que possam mudar o sistema em que vivemos, causando danos às pessoas e ao planeta. Inspirado pelas mensagens de Laudato Si ', como indivíduos, comunidades e organizações podem contribuir para uma profunda conversão ecológica? Das reflexões pessoais às experiências concretas, um formato interativo que oferece a oportunidade de debater a mudança política que queremos ver para realmente ouvir o clamor da terra e o clamor dos pobres.

Palestrantes:

Mons. Pirmin Spiegel, Misereor, Alemanha
Alberto Acosta, ex-presidente da Assembléia Constituinte do Equador, Equador
Anja Appel, KOO, Áustria
Padre Dario Bossi, Iglesias e Minería, Brasil
Josianne Gauthier, CIDSE
Moderadora: Moema de Miranda, Iglesias e Minería, Brasil

Interpretação em inglês, espanhol e português estará disponível.


sábado, 16 de maio de 2020

Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB: Ecologia Integral: um caminho de vida e de cura para um planeta doente

Na semana de comemoração dos cinco anos de publicação da encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado com a casa comum, do Papa Francisco, o presidente e o secretário da da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Sebastião Lima Duarte, bispo da Diocese de Caxias (MA) e dom Vicente de Paula Ferreira, bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), prepararam um texto que fala sobre “Ecologia Integral: um caminho de vida e de cura para um planeta doente”.

Ecologia Integral: um caminho de vida e de cura para um planeta doente
Lições e desafios da encíclica Laudato Si’ depois de 5 anos de sua publicação
Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração – CNBB

Estamos celebrando cinco anos da Laudato Si’, encíclica de Papa Francisco que aborda a dimensão socioambiental da fé e da evangelização. Com a encíclica, a Igreja Universal entra no século XXI assumindo, de forma apaixonada e comprometida, a defesa integral e integrada da criação: propõe a conversão ecológica no relacionamento da humanidade com os demais seres criados. A Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), participa das celebrações sobre a Laudato Si’, que serão realizadas em diversas partes do mundo. Queremos celebrar, valorizar e aprender os caminhos que a Laudato Si’ nos indica hoje, em comunhão com a Igreja, com a Terra e com os pobres da terra.
O ano de 2020 deixará uma marca definitiva na história da humanidade e do planeta Terra. A pandemia do Covid 19, que dizimou tantas vidas humanas, afetou todos os ritmos e as dinâmicas de produção, consumo, acumulação e desperdício que marcaram a economia-mundo nos últimos séculos. Aconteceu o que parecia impossível, parar a maquinaria produtiva. Mas a pandemia não é um simples acidente de percurso na história socioambiental do nosso mundo globalizado. Ela é o resultado de um conjunto de opções feitas ao longo dos últimos anos, que vulnerabilizam os corpos humanos, com alimentos cada vez mais processados e dependentes do uso intensivo de agrotóxicos e pesticidas, conectadas a um modo de produção e consumo que desmata, polui e aquece o planeta, que também empobrece uma parte crescente da humanidade.
Os últimos 40 anos foram de aprofundamento da desigualdade relativa e mesmo, crescentemente, absoluta. Os pobres não ficaram apenas mais pobres em relação aos ricos, mas também em relação a eles mesmos no passado. O combate à fome, que vinha diminuindo-a ate 2014, perdeu sua força por três anos consecutivos (2017-2019),  está agora de volta ao nível de 2011. Com isso, o drama da fome deve aumentar tremendamente nos próximos meses, em função da crise econômica que se avizinha. Relendo a Laudato Si’ em tempos pandêmicos, percebemos toda sua intensidade profética. Como nos alertou o Papa Francisco: “É impossível sermos saudáveis em um planeta doente”.
 O legado da encíclica
Na encíclica, o Papa Francisco convoca o mundo inteiro para reflexões e ações sobre o tema da Ecologia Integral: “com efeito, sabemos que toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8, 22).
Partindo de uma impactante visão da realidade, que aborda o que está acontecendo com nossa casa comum: poluição, mudanças climáticas, questão da água, grave perda da biodiversidade, revela que “hoje, a análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, laborais, urbanos, e da relação de cada pessoa consigo mesma, que gera um modo específico de se relacionar com os outros e com o meio ambiente” (LS, 141).
No Evangelho da Criação, Deus, que tudo criou por amor, deu ao ser humano a importante vocação de ser o guardião da criação. Lembrando que “tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade” (LS, 91). Se faz necessário abordar o tema da criação desde sua estreita relação com a pessoa de Jesus Cristo, porque “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois é nele que foram criadas todas as coisas, no céu e na terra, os seres visíveis e os invisíveis” (Cl 1, 15-16).
A crise ecológica tem uma raiz humana, manifestada no risco de irresponsabilidade diante da falta de padrões éticos que regulam o desenvolvimento. Assim, a nova cultura ecológica deve construir um paradigma diferente do atual modelo capitalista neoliberal, baseado nos avanços da biotecnologia, da informática e da biogenética, que impõe sobre as culturas uma engenharia criminosa, erguida sobre um modelo extrativista predatório.
A ecologia integral nos ensina que tudo está interligado na casa comum. De modo que “não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental” (LS, n. 139). É urgente uma conversão ecológica que seja capaz de construir uma nova cultura, pautada na vida integral dos seres humanos e do meio ambiente. Para isso, o princípio do bem comum e da solidariedade torna-se o horizonte de construção de uma nova civilização. Trata-se de um longo processo que deve contar com a colaboração de lideranças políticas e religiosas de todo mundo, envolvendo uma conversão tanto individual quanto coletiva.
Se fazem necessárias linhas de orientação e de ação para mudar a cultura pautada no consumismo, a partir de diálogos no plano da política internacional, nacional e local, promovendo uma economia que contribua para a defesa da dignidade da vida. Também aí, as religiões têm importante contribuição e devem aprofundar seu debate com as ciências e as artes.
No plano da educação e espiritualidade ecológica, o Papa volta a nos lembrar a urgência de passarmos de uma cultura baseada no consumismo para um estilo de vida orientada pelo princípio do “bem viver”. Para tanto, a conversão ecológica deve envolver instâncias como educação e a família, apontando para o mistério da Trindade enquanto mistério de comunhão que nos criou para a fraternidade. “Na verdade, a pessoa humana cresce, amadurece e santifica-se tanto mais, quanto mais se relaciona, sai de si mesma para viver em comunhão com Deus, com os outros e com todas as criaturas. Assim assume na própria existência aquele dinamismo trinitário que Deus imprimiu nela desde a sua criação. Tudo está interligado, e isto convida-nos a maturar uma espiritualidade da solidariedade global que brota do mistério da Trindade” (LS, n. 240). O Papa Francisco conclui sua encíclica exaltando Maria como Mãe e Rainha de todas as coisas criadas.
O documento Querida Amazônia, sobre o grande trabalho do Sínodo, reflete a continuidade e a urgência de levar a sério a Laudato Si’, não somente em âmbito eclesial, mas de igual modo nas responsabilidades políticas de todas as nações para com o mundo que vivemos.
Um mundo adoecido
No ano de 2020, segundo muitos cientistas, confluem três crises estruturais, que se reforçam mutuamente e criam o que vem sendo chamado de “tempestade perfeita”. Assim, a pandemia se soma a um tecido econômico profundamente adoecido, de concentração de riqueza para poucos e com um enorme potencial predatório. Um sistema ecocida e suicida, com corpos frágeis e vulneráveis.
A primeira crise é a do aquecimento global. Os níveis de redução de emissão de gases de efeito estufa, a que os países se comprometeram em Paris em 2015, ano de publicação da Encíclica, jamais foram cumpridos. Estamos muito próximos ao ponto que os cientistas definem como uma “mudança climática desenfreada”, um quadro com uma imprevisibilidade imensa, onde os pobres pagarão o mais alto preço por uma realidade que eles não ajudaram a criar. Lembremos que os 10 % mais ricos do planeta emitem mais de 75% dos gases de efeito estufa!
Aliada a esta, vivemos uma dramática crise da redução de biodiversidade em todo o planeta. As taxas de extinção de espécies são tão altas, que os cientistas afirmam que vivemos a “sexta grande extinção”. Neste contexto, com os biomas cada vez mais deteriorados, aumentam os riscos de que doenças de origem animal, zoonoses, se transformem em pandemias como a que atravessamos agora, ou ainda mais graves.
A terceira crise é o adoecimento coletivo dos organismos, intoxicados pelos agrotóxicos e venenos do agronegócio. Vandana Shiva afirma que o paradigma da agricultura industrial nasceu da “ilusão que as plantas e os animais são máquinas para fabricar matérias primas que se convertem em combustíveis para nossos corpos, que também são máquinas”.
Uma dieta crescentemente carnívora, com aumento extensivo da criação de gado e da produção de ração animal, é a causa mais forte do desmatamento no País. A Amazônia está chegando muito rapidamente ao ponto de não retorno, além do qual será impossível impedir sua savanização!
Apesar destas ameaças, os planos do lobby ruralista são perversos: apresentam-se ao Governo propostas e projetos de lei para uma reforma agrária a favor da concentração de terras e da legalização de “propriedades” conseguidas através da ocupação ilegal de terras públicas, especialmente na Amazônia, frequentemente através da prática comum de incendiar e cercar áreas de floresta.
Se “tudo está interligado”, também está tudo ameaçado pela mesma dinâmica de produção-acumulação-desperdício. Os grandes donos do mundo já estão planejando a volta a um normal que, se estiver entregue a sua lógica, será ainda mais devastador que antes.
A saída da “complexa crise socioambiental” em que estamos imersos não será simples nem, necessariamente, positiva. Temos a obrigação moral, ética e espiritual, de disputar o futuro, não permitindo que a lógica extrativista, presente no coração de todo este sistema, que se tornou “normal” até aqui, volte a funcionar com toda a sua voracidade.
Os fatos demonstram que, até agora, esta lógica extrativista se impôs sobre o bem-estar das comunidades: mesmo tendo acontecido em 2015 o crime ambiental de Mariana, com a morte de 19 pessoas e a contaminação da bacia do Rio Doce, o modelo mineiro não foi colocado em discussão, nem corrigido. Seguiu, com maior violência criminal, o desabamento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho, matando 272 pessoas e prejudicando o ecossistema da bacia do Rio São Francisco.
Mesmo assim, o Governo parece apontar a perspectiva de retomada do vigor econômico flexibilizando ainda mais as leis ambientais e liberando a mineração nas terras indígenas!
Seja em relação ao minério, ao petróleo, à água ou às florestas, é urgente passarmos a uma forma de vida pós-extrativista, inclusive pela profecia de uma Igreja que ouse retirar seus investimentos financeiros de todo tipo de extrativismo predatório! Precisamos re-aprender a respeitar as dinâmicas metabólicas do planeta, o ritmo e os ciclos das águas, das estações, da vida.
O Papa é claro ao dizer que precisamos de uma “revolução cultural” e a nos indicar que a dinâmica de conversão é exigente e profunda. Como pessoas e como Igreja, precisamos dar passos decisivos. “Ainda há tempo, nos diz Francisco, mas o tempo é agora! “
 Chamados à conversão
Nesses tempos de pandemia do Coronavírus, a humanidade foi obrigada a reduzir ou até cancelar grande parte de suas atividades econômicas e sociais: fábricas, comércio, transportes (inclusive aviões), lazer, enfim, todo tipo de aglomeração ou evento que proporcione transmissão do vírus. O que se vê por todo o planeta chega a ser surpreendente: o ar ficou mais limpo em várias partes do mundo; águas de rios estão mais claras; o silêncio reina em grandes cidades; animais selvagens adentram livremente pelas ruas das cidades; ursos pescam salmões em rios onde há décadas não pescavam; até os sismógrafos captam uma menor vibração do planeta Terra.
Essa parada da humanidade, diminuindo rapidamente a “rapidación” da sociedade, da qual fala o Papa Francisco (LS, 18), não veio por uma opção consciente, mas pela imposição mortal de um vírus para o qual ainda não existe remédio ou vacina, a não ser adotar o isolamento social.
Essa “nova normalidade” deveria ser o cotidiano permanente da humanidade. Ela indica que a velocidade humana ultrapassa a velocidade da natureza e a Terra pede uma quarentena, um sossego, um momento de paz para poder refazer suas forças. “Essa economia mata”, insiste Papa Francisco (EG, 53).
Vários setores da ciência, ambientalistas, religiosos, militantes sociais já previam esses acontecimentos pela lógica dos fatos, mas não eram ouvidos ou considerados. O mundo da economia política não pode considerar essa realidade sem ter que mudar para uma nova economia.
Uma aliança coletiva: a ecologia integral
O Papa nos chama para uma nova economia, “uma economia com alma”, que muda radicalmente a relação da humanidade com a Mãe Terra, numa conversão ecológica que nos implique pessoal, familiar, comunitária e espiritualmente.
Alguns a chamam de “Economia de Francisco e de Clara”, que assume uma compreensão circular dos processos produtivos e de consumo: “baseada no feminino, no cíclico, na acolhida, no cuidado e no afeto, pressupõe uma transição radical nos modos e nas formas de produção linear, masculinizada, que impôs uma visão de progresso baseada na extração” (Articulação Brasileira da Economia de Francisco.
Podemos optar pela “sobriedade feliz”, que nos libere do culto à materialidade e da obsessão do consumo, vivendo com abundância de qualidade de vida, começando por nosso bairro, pela cidade onde moramos, pelo país que pertencemos, até chegar a uma consciência global. Biologicamente somos todos interligados, como seres humanos, com todos os seres vivos e não vivos da Terra.
No contexto extremamente frágil e desafiador do post-pandemia, não podemos permitir que, mais uma vez, a política se submeta à economia. Trata-se de redefinir o progresso, com estratégias de mudança de longo prazo, investimentos públicos nos bens comuns da saúde, da educação, da preservação dos biomas, das energias limpas.
Precisamos fortalecer a iniciativa e o protagonismo das comunidades, porque “a instância local pode fazer a diferença” (LS 179), como há tempo acontece nas lutas concretas da economia solidária e da agroecologia, na defesa dos territórios  indígenas e comunidades tradicionais, na recuperação de rios e nascentes, na captação da água de chuva para beber e produzir, na preservação dos biomas e sua biodiversidade, na garantia de saneamento básico nas cidades…
Finalmente, celebrar a Laudato Si’ significa trazer suas denúncias, sonhos, intuições e propostas para o cotidiano da vida litúrgica e pastoral de nossa Igreja, numa continuidade fluida entre a formação, a ação e a celebração cristã.
A catequese e a iniciação à vida cristã podem se tornar uma descoberta emocionada da responsabilidade de cuidadores da Casa Comum, onde o Criador nos chama a vivenciar a “fraternidade universal”, em harmonia com todas as criaturas por Ele criadas e por Ele amadas. As juventudes, daqui em diante, estão desafiadas e devem ser apoiadas a assumirem com criatividade a missão de pensar e construir iniciativas de promoção e defesa da vida em todas suas instâncias. As celebrações da Palavra e da Eucaristia se abririam a uma dimensão cósmica de comunhão com todas as criaturas, de escuta reverencial da voz e do grito da Terra e de seus povos, de resposta apaixonada à missão, para que tudo tenha vida abundante.
“Caminhemos cantando; que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança” (LS 244).
Em maio de 2020,
Dom Sebastião Lima Duarte
Bispo da Diocese de Caxias – MA
Presidente da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração – CNBB


Dom Vicente de Paula Ferreira
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
Secretário da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração – CNBB

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Comissão para Ecologia Integral e Mineração da CNBB promove a ‘Semana Laudato Si’

Neste mês de maio a Encíclica “Laudato Sí”, sobre o cuidado da casa comum do Papa Francisco completa cinco anos. No Brasil e no mundo, diversas iniciativas estão sendo preparadas para o momento de celebração do documento que convida a refletir sobre o futuro do planeta.

Entre os dias 16 e 25 de maio, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para Ecologia Integral e Mineração (CEEM) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a ‘Semana Laudato Si’, 5 anos: Ecologia Integral e Mineração’. Será possível acompanhar as ações pela página da CNBB no https://www.facebook.com/cnbbnacional/ .

Leia abaixo a programação completa da Semana Laudato Si’, 5 anos: Ecologia Integral e Mineração

16 de maio – 18h 
Abertura da Semana LS: oração das comunidades
Dom Sebastião Duarte – Presidente da Comissão pela Ecologia Integral e Mineração (CEEM)
Dom Cleonir Dal Bosco – Bispo de Bagé-RS
Dom Vital Corbellini – Bispo de Marabá-PA
Dom Edson Damian – Bispo de São Gabriel da Cachoeira-AM

21 de maio – 18h
A ciência e a pesquisa dialogam com a Laudato Si

Dom Vicente Ferreira – Secretário da CEEM
Pastora Romi Bencke (Secretaria Geral do Conselho de Igrejas Cristãs – CONIC)
Ima Célia Vieira (Ecologa e pesquisadora do Museo Goeldi)
Luiz Marques, professor livre-docente do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas IFCH da UNICAMP.
22 de Mario – 18h
A defesa da casa comum

Dom André de Witte – Bispo de Ruy Barbosa
Marina Oliveira (Arquidiocese de Belo Horizonte)
Gilberto Vieira (Conselho Indigenista Missionário – CIMI)
Geane (Conselho Pastoral da Terra – CPT)
Francisco Nonato (Comissão Pastoral da Pesca – CPP)
23 de maio – 18h
Cantando e celebrando a Laudato Si
Roberto Malvezzi (Gogo) – Assessor da Comissão pela Ecologia Integral e Mineração (CEEM)
Padre Joaquim Barbosa da Silva,
Tefé, Amazonas
Zé Vicente – poeta, lavrador, compositor, cantor

24 de maio – 8h
Celebração da Eucaristia na Serra da Piedade – 5 anos de Laudato Si’
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
– Presidente da CNBB
25 de maio – 18h
25 é todo dia – Missa em Brumadinho
Dom Vicente Ferreira – Secretário da Comissão pela Ecologia Integral e Mineração (CEEM)

Durante esses dias, a comissão vai realizar debates temáticos diários sobre encíclica com representantes da comissão, professores e pesquisadores, membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Comissão Pastoral da Pesca (CPP).

O bispo de Caxias (MA) e presidente da Comissão pela Ecologia Integral e Mineração (CEEM), dom Sebastião Lima Duarte e os bispos membros da comissão abrem a ‘Semana Laudato Si’ com a oração das comunidades, dia 16 de maio, às 18h.

No dia 24 de maio, às 8h, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside a celebração da Eucaristia na Basílica Nossa Senhora da Piedade pelos cinco anos da ‘Laudato Si’. Já o encerramento, dia 25, será direto de Brumadinho (MG), onde o bispo auxiliar de BH e membro da comissão, dom Vicente Ferreira vai presidir a Santa Missa, às 18h.

Nestes mesmos dias, os cristãos no mundo inteiro também estarão celebrando a data atendendo ao convite feito pelo Santo Padre em março. Na ocasião, Francisco deixou uma pergunta que motiva a celebração: “Que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que nos sucedem, para as crianças que estão crescendo?”.

O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum.

Papa Francisco – Carta encíclica Laudato Si’ (2015), 13

Cabe ressaltar que o Brasil é formado por seis biomas de características distintas:  Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cada um desses abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna. No documento do papa, o bioma que ganhou atenção especial foi a Amazônia, que é o maior do Brasil e abriga mais de 2.500 espécies de árvores e 30 mil de plantas.

De acordo com o ministério, a bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo: cobre cerca de 6 milhões de km2 e tem 1.100 afluentes. Seu principal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando ao mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada segundo.
Fonte: CNBB

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Mineração Climaticamente Inteligente - Lobo em pele de cordeiro

Dentro do chamado 'capitalismo verde', 'crescimento verde', a 'economia verde' foi criado recentemente o termo: Iniciativa de Mineração Climaticamente Inteligente. Mais uma narrativa que vem a se somar à abordagens falharam em regular a conduta dos negócios em relação à crise climática. Novamente se busca argumentar que o modo de produção capitalista pode ser alavancado para resolver as questões ambientais que surgem de sua própria lógica. 

Um novo relatório do Banco Mundial (maio 2020) quer reciclar a velha narrativa de que novos modelos de negócios, inovação e progresso tecnológico podem salvar o meio ambiente e ainda facilitar a acumulação de capital e o crescimento permanente da produção.

Em 1º de maio 2019, o Banco Mundial lançou oficialmente o Centro de Mineração Clima-Inteligente em Washington DC. É o primeiro fundo dedicado a tornar a mineração de minerais uma prática mais sustentável e ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O objetivo da instalação é apoiar a extração e o processamento sustentáveis de minerais e metais usados em tecnologias de energia limpa, como vento, energia solar e baterias para armazenamento de energia e veículos elétricos. Embora garanta que o setor de mineração seja gerenciado de maneira a minimizar a pegada ambiental e climática, ele se concentra em ajudar os países em desenvolvimento ricos em recursos a se beneficiarem da crescente demanda por minerais e metais. Para isso o Banco Mundial tem como objetivo um investimento total de US $ 50 milhões, a ser implantado em um período de 5 anos.

Segue uma noticia, do grupo "Yes To Life, No To Mining" (Sim à Vida, Não à Mineração), sobre esse novo relatório.

A produção de mineração aumenta com a crescente demanda por energia limpa

Quanto mais ambiciosas forem as metas climáticas, maior será o volume de minerais necessários para a transição para a energia limpa - diz o relatório do Banco Mundial.

Washington City, 11 de maio de 2020. Em um novo relatório do Grupo Banco Mundial, observa-se que a produção de minerais, como grafite, lítio e cobalto, pode sofrer um aumento de quase 500% entre agora e 2050. , para atender à crescente demanda por tecnologias de energia limpa. Estima-se que mais de 3 bilhões de toneladas de minerais e metais serão necessários para a implementação de energia eólica, solar e geotérmica, bem como armazenamento de energia, para obter uma redução de temperatura abaixo de 2°C no futuro.

No relatório “Minerais para ação climática: a intensidade mineral da transição para energia limpa” (Minerais para a ação climática: o uso intensivo de minerais na transição para a energia limpa) também indica que, embora as tecnologias de energia limpa exijam quantidade maior de minerais, a pegada de carbono relacionada à sua produção - da extração ao consumo final - representará apenas 6% das emissões de gases de efeito estufa geradas por tecnologias baseadas em combustíveis fósseis. O relatório enfatiza a importância da reciclagem e reutilização de minerais para atender à crescente demanda por minerais. Também é indicado que, mesmo que as taxas de reciclagem de minerais como cobre e alumínio aumentassem em 100%, a reciclagem e a reutilização ainda seriam insuficientes para atender à demanda por energia renovável e tecnologias de armazenamento de energia.

No atual contexto global, o COVID-19 está causando grandes interrupções no setor de mineração em todo o mundo. Além disso, os países em desenvolvimento dependentes de minerais estão perdendo receitas tributárias essenciais e, quando retomarem a atividade econômica, precisarão redobrar seu compromisso com os princípios da mineração climaticamente inteligente e mitigar quaisquer impactos negativos.

"O COVID-19 pode representar um risco adicional para a mineração sustentável, tornando o compromisso de governos e empresas com práticas inteligentes de clima mais importante do que nunca", explicou Riccardo Puliti, diretor global do Departamento de Práticas Globais da Indústrias Extrativas e de Energia do Banco Mundial e diretor regional de Infraestrutura para a África. "Este novo relatório baseia-se na vasta experiência do Banco Mundial no apoio à transição para a energia limpa e fornece uma ferramenta baseada em dados para entender como essa mudança afetará a demanda mineral no futuro".

A publicação revela que alguns minerais, como cobre e molibdênio, serão usados ​​em várias tecnologias, enquanto outros, como grafite e lítio, podem ser necessários apenas para uma única tecnologia: armazenamento de baterias. Isso significa que qualquer mudança na implementação de tecnologias de energia limpa pode ter conseqüências significativas na demanda por certos minerais.

O objetivo do relatório é ajudar os governos, especialmente os países em desenvolvimento ricos em recursos, o setor privado e as organizações da sociedade civil (OSC) a entender como a transição para a energia limpa afetará a demanda mineral no futuro. . Faz parte do Mecanismo para una Mineração Climáticamente Inteligente (i), uma iniciativa conjunta do Banco Mundial e da International Finance Corporation (IFC), e baseia-se na publicação do Banco Mundial de 2017, The Growing Role of Minerals and Metals for a Low-Carbon Future “O crescente papel de minerais e metais por uma baixa -Carbon Future ”(A crescente importância de minerais e metais para um futuro com baixas emissões de carbono) (i).

terça-feira, 12 de maio de 2020

CNBB pede ao Congresso que não coloque a MP da Grilagem em votação

Diante da possibilidade de ser colocada em votação a medida provisória 910/19 que altera regras da regularização fundiária de imóveis da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota em que pede ao Congresso que, no momento de crise sanitária do Coronavírus, não coloque a MP em votação.

No texto, o arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reitera a posição da entidade que, no seu dever cristão de defender a vida, principalmente dos pobres, e da natureza pede, mais uma vez, que se reconheça o momento inapropriado para se debater esse tema e que não ponha a medida provisória (MP) em votação.

Segundo a Câmara dos Deputados, o texto, editado em dezembro no ano passado, perde a validade na terça-feira da próxima semana (19), se não for votado.
A informação é publicada por CNBB, 11-05-2020.

Eis a nota.


Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no seu dever cristão de defender a vida, principalmente dos pobres, e da natureza, dom de Deus, inspirada pelos cinco anos da Encíclica Laudato Si' - sobre o cuidado da Casa Comum, cinco anos da, clama pelo bom senso do parlamento na análise da Medida Provisória 910, que trata da regularização fundiária. É um tema complexo, que envolve o patrimônio da união, questões ambientais, grilagem de terras e, consequentemente a violência no campo, bem como, diversos interesses.

Ao Congresso, que vem respondendo com atenção as demandas desse contexto singular de crise sanitária, econômica e política, atravessado pelo Brasil, a CNBB pede, mais uma vez, que se reconheça o momento inapropriado para se debater esse tema. Diante da atual crise, não se paute para ser votada a MP 910, apelidada por alguns como MP da Grilagem. 

Reforçamos a nossa disponibilidade para o diálogo, a partir dos princípios da Laudato Si' e da Doutrina Social da Igreja, e contribuir com as reflexões sobre esse importante tema, buscando a proteção dos pobres, de nossa Casa Comum e a promoção da paz , sempre na perspectiva de uma ecologia integral .
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB