domingo, 13 de fevereiro de 2022

Bispos filipinos rejeitam doações de mineradoras

Os bispos das Filipinas decidiram rejeitar doações de indústrias "destrutivas ao meio ambiente", incluindo a mineração. Esta “política de não aceitação” consta da Declaração Pastoral (clique e leia a declaração em português) sobre ecologia publicada em 28 de janeiro no final da Assembleia Plenária da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCP).

"Afirmar uma política de não aceitação iniciada pela CBCP de doações de qualquer tipo, de proprietários ou operadores e qualquer representante de indústrias extrativas, especialmente carvão, gás fóssil, mineração, pedreiras, extração de madeira, etc. (independentemente da escala de operação)"

Essa Declaração Pastoral, “Um apelo à unidade e ação em meio a uma emergência climática e crise planetária”, convoca as dioceses e outras partes interessadas nas Filipinas a aprimorar a ação coletiva na resposta aos impactos adversos das mudanças climáticas e do COVID-19 pandemia.

A pausa na produção imposta pela pandemia “incentiva-nos a refletir sobre as décadas de práticas poluidoras que nossa casa comum teve que sofrer nas mãos do homem”, diz o documento assinado pelo presidente do CBCP, monsenhor Pablo Virgilio David.

“As Filipinas, por exemplo, foram atingidas por várias tempestades tropicais, algumas delas supostamente as mais mortais do mundo de 2013 a 2021”.

Esta nova política será aplicada em todas as dioceses, como o bispo David mais tarde deu a conhecer em uma entrevista coletiva: “Nosso povo tem que ser muito crítico, especialmente nossos pastores. Embora tenhamos necessidades diferentes no trabalho pastoral, não comprometemos o bem-estar do meio ambiente.

A recente decisão segue a medida adotada há dois anos para evitar que os recursos financeiros de instituições católicas sejam investidos em projetos de mineração. “Os recursos financeiros devem ser usados ​​exclusivamente para o bem comum, a integridade da criação e a glória de nosso Criador”, explicaram os prelados.

Os bispos também pediram às instituições bancárias que financiam a extração de carvão, gás fóssil ou outros combustíveis "destrutivos" que desenvolvam planos para limitar e, eventualmente, eliminar sua participação nesses setores. "Até 2025, a Igreja pretende retirar seus ativos de instituições financeiras e empresas que investem nessas atividades prejudiciais ao meio ambiente", acrescentaram.

A CBCP renovou seu compromisso com o avanço dos Direitos da Natureza, como parte de nossa defesa da preservação da delicada interdependência entre todas as formas de vida. Com as eleições nacionais e locais de 2022 se aproximando, é um momento oportuno para enfatizar a necessidade de uma boa governança verde. Elementos de tal estrutura envolvem a aprovação de projetos de lei que protegem os direitos da natureza, povos indígenas e outras comunidades vulneráveis, mais transparência e responsabilidade na formulação de políticas climáticas e ambientais e promoção de proteção ecológica e ações restaurativas nas dioceses, paróquias e outras comunidades.

O vice-presidente do CBCP, Monsenhor Mylo Hubert Vergara, disse que o texto vai ao encontro do apelo do Papa Francisco para tratar o planeta como nossa casa comum: "Nos comprometemos a colocar em prática os ensinamentos da encíclica Laudato si' e ser portadores de esperança diante da crise ecológica, seguindo nosso Senhor Jesus”, diz o comunicado dos bispos filipinos.

Uma decisão consistente

A decisão da igreja filipina está em perfeita harmonia com a doutrina da Igreja e iniciativas como a campanha de desinvestimento do Movimento Laudato Si. Deve ser lembrado que o Papa incluiu na carta Querida Amazonía uma referência explícita a “dar atenção especial à origem das doações ou outros tipos de benefícios, bem como os investimentos feitos por instituições eclesiásticas ou cristãos” (QA nº 25).

FONTE: CBP / Paz y Bien News /Asian News


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Risco de desmoronamento em mina da Anglo Gold em Santa Bárbara MG


Nota do MAM: Pilha de rejeitos da mineradora Anglogold Ashanti, em Santa Bárbara (MG), corre risco de desmoronar

Uma das pilhas de rejeitos de ouro da mina Córrego do Sítio I, em Santa Bárbara, está instável e com grande risco de desmoronar. A mineradora Anglogold evacuou o refeitório, a área administrativa e todos as estruturas abaixo da pilha de rejeitos. A empresa restringiu o acesso de trabalhadores e iniciou obras emergenciais para conter o risco de desmoronamento.

A empresa adotou as medidas de evacuação da área e restrição aos trabalhadores há três semanas, porém se nega a oferecer as informações corretas às comunidades próximas ao empreendimento. Segundo nota da empresa, a pilha não oferece risco e os materiais não são perigosos para saúde humana e meio ambiente. Além disso, representantes da mineradora tem afirmado que a evacuação foi efetivada somente para realizar limpeza no local.

É de conhecimento de toda a região e da comunidade cientifica que o avanço da mineração de ouro expôs todo o território à contaminação de metais pesados, principalmente o arsênio e cianeto. A atuação da Anglogold e sua expansão tem aumentado cada vez mais a exposição da comunidade à metais pesados, acarretando em sérios riscos à saúde da população.

Ao longo desses anos de atuação da mineradora, foram vários os episódios de acidentes com volumosos despejos de rejeitos e outros contaminantes no Rio Conceição. A população evita se banhar à jusante das estruturas da mina e é muito comum a coloração do rio sofrer alteração e haver mortandade massiva de peixes. 

A instabilidade da pilha de rejeitos é grave e seu sistema de drenagem está todo danificado. As chuvas estão carreando os rejeitos para o rio e os tanques de cianeto também estão transbordando, contaminando toda a região. 

O desmoronamento da pilha de rejeitos pode acarretar em uma contaminação ainda maior no Rio Conceição e prejudicar também o Córrego Caraça, responsável pelo abastecimento hídrico de Brumal e todo o município de Santa Bárbara. 

Reivindicamos transparência e as corretas informações por parte da mineradora sobre a real condição da estrutura e os riscos à Santa Bárbara; e que que sejam adotadas medidas urgentes pelos órgãos de Estado para conter o desmoronamento dos rejeitos e garantir segurança aos trabalhadores, comunidade e ambiente. Não podemos permitir que a Anglogold protagonize mais um episódio de contaminação e destruição de nossas águas!

Movimento pela Soberania Popular na Mineração - MAM

Fonte: Facebook MAM