Endividada, a Vale vendeu, no dia
19 de dezembro de 2016, seus ativos de fertilizantes para a multinacional norte americana Mosaic Co, por US $ 2,5 bilhões em dinheiro e ações. A transação é uma combinação de
ações e dinheiro. Metade do preço será pago em dinheiro e a outra metade em
novas ações, dando à Vale uma participação de 11 por cento na Mosaic e dois
assentos em seu conselho.
As empresas esperam que o acordo,
que exige a aprovação do CADE, regulador antitruste do Brasil, seja concluído
no final de 2017.
A Vale Fertilizantes opera, no Brasil,
as minas de rocha fosfática em Catalão, em Goiás; Tapira, Patos de Minas, Patrocínio e Araxá, no estado de Minas Gerais; e Cajati, em São Paulo. Possui nove plantas
de processamento para a produção de nutrientes à base de fosfatado e
nitrogênio, localizadas em Catalão (GO), Araxá (MG), Patos de Minas (MG),
Uberaba (MG), Guará (SP), Cajati (SP) e três plantas em Cubatão (SP). E a mina de potássio
de Taquari-Vassouras, em Rosário do Catete (SE).
Segundo o site da Vale: "Uma vez concluída a transação, a Vale venderá para a
Mosaic: (a) os ativos de fosfatados localizados no Brasil, exceto os baseados
em Cubatão; (b) a sua participação em Bayóvar, no Peru; (c) os ativos de
potássio localizados no Brasil, incluindo o projeto de Carnalita; e (d) o
projeto de potássio no Canadá (Kronau). A inclusão do projeto de potássio de Rio
Colorado no escopo da transação está sujeita à aceitação da Mosaic após o
término da due diligence".
A Mosaic só tinha minas nos
Estados Unidos e Canadá, aqui no Brasil, opera o terminal de fertilizantes da
Fospar SA, no Porto de Paranaguá. Trata-se do principal porto de exportação de
grãos e de descarga de fertilizantes do Brasil, respondendo por quase metade
dos 20 milhões de toneladas de produtos que entram no país a cada ano. Esse
terminal é especializado no recebimento de fertilizantes a granel, com
capacidade de descarga de 2,4 milhões de toneladas ao ano. Em 16 de novembro de
2016, na cidade de Brasília, celebrou um contrato formal para investir US $ 42
milhões na modernização desse terminal, aumentando sua capacidade para 3
milhões de toneladas, em 2019.
Ao fechar a aquisição, a Mosaic se
tornará a principal empresa de produção e distribuição de fertilizantes no
Brasil, que é um dos mercados agrícolas mais importantes do mundo. A Mosaic
passará a deter 12% da produção mundial de fosfato, consolidando sua liderança
global. O negócio que está sendo adquirido tem capacidade para produzir 4,8
milhões de toneladas de nutrientes de culturas de fosfato acabados e 500 mil
toneladas de potássio. Inclui cinco minas brasileiras de fosfato e quatro
unidades de produção de químicos e fertilizantes, além de uma fábrica de
potássio no Brasil.
O pano de fundo da venda: crise no setor de commodities e concentração econômica
no setor do agronegócio.
Esse acordo acontece em meio à
crise no setor da mineração e uma onda de concentração no mercado da indústria de
sementes/biotecnologia e da indústria
química agrícola.
A Mosaic procura de ativos em
fosfatados ou potássio uma vez que podem ser adquiridos em um momento em que o
setor de commodities está mais fraco.
A Vale vende seus ativos de
fertilizantes após anos de baixos preços de minério de ferro que jogaram para
baixo seu balanço patrimonial, registrando uma perda recorde de US $ 12,1
bilhões em 2015 A Vale utilizará esses recursos da venda para reduzir a dívida
líquida, que é de quase US $ 26 bilhões, de acordo com os últimos resultados
trimestrais da companhia.
A Mosaic entra na onda global de
concentração das indústrias de sementes/biotecnologia e produtos químicos, como
a aquisição da Monsanto pela Bayer AG, em um negócio de US $ 12,9 bilhões; a
Dow Chemical e a DuPont tem a intenção de se fundirem e a Syngenta concordou em
ser adquirida por US $ 26 bilhões pela China National Chemical Corporation, uma
estatal que vende produtos químicos agrícolas. No campo dos fertilizantes, dois
dos maiores rivais da Mosaic, a canadense Agrium Inc. e a Potash Corp da
Saskatchewan Inc., disseram em setembro de 2016 que planejam se juntar em um
acordo de US $ 12,9 bilhões.
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