sexta-feira, 2 de junho de 2017

Trump fóssil

Já se esperava, Donald Trump rasgou o acordo de Paris assinado por 195 países. "Com o ato, o presidente da nação mais poderosa do mundo não apenas vira as costas à ciência, aprofunda a fratura com a Europa e menospreza sua própria liderança como também, diante de um dos desafios mais inquietantes da humanidade, abandona a luta. A era Trump, obscura e vertiginosa, já começou." (jornal EL PAÍS)
"Para proteger a América e os seus cidadãos, os EUA vão sair do Acordo de Paris", afirmou Donald Trump, mas na verdade não se trata da proteção do país e dos seus cidadãos, mas da indústria petrolífera e dos seus poderosos acionistas.


"Reforçar a ação contra as alterações climáticas, em resposta a Trump"

Contudo, é bom ressaltar o boliviano Pablo Solon, declarou sobre esta saída dos EUA, do acordo de Paris: "O Acordo de Paris é insuficiente e as contribuições de redução das emissões de gases de efeito estufa que os países apresentaram ao abrigo deste acordo levam a um mundo com um aumento de temperatura de 2,8 ° C a 4 ° C. Trump procura piorar ainda mais a situação." Para ele é importante "Reforçar a ação contra as alterações climáticas, em resposta a Trump"

"A resposta a Trump deve ser dada principalmente em fatos em vez de discursos: reforçar as ações concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, assumir compromissos mais ambiciosos para reduzir as emissões de todos os países, regiões e municípios planeta, e estabelecer mecanismos eficazes para garantir o cumprimento." (Pablo Solon - Fundacion Solon)

Obscurantismo
"Ao rasgar o acordo, o presidente dos EUA diz demagogicamente que está pronto para negociar um novo acordo sobre o clima “em termos justos para os Estados Unidos”, quando são os EUA os maiores responsáveis pelas alterações climáticas e atualmente o segundo país que mais negativamente contribui".(esquerda.net)
“A partir de hoje os EUA vão cessar a aplicação de todos os termos do Acordo do Clima de Paris”, disse Trump, mas anunciou logo a disposição em entrar de imediato em negociações. “Vamos sair, mas vamos começar logo a negociar para fazer um negócio que seja justo para os EUA”, afirmou o presidente norte-americano, mas foi também dizendo “Se conseguirmos, ótimo. Se não conseguirmos, também está tudo bem”.
Como afirmou Michael Löwy, em entrevista ao "site" esquerda.net: "Trump representa a oligarquia fóssil e o negacionismo climático, a receita para a catástrofe ecológica".

Reações

Desde o Vaticano vem o aviso: "Ninguém pode impor a sua visão do mundo para o mundo"

Em resposta à declaração de Donald Trump, França, Itália e Alemanha emitiram um comunicado conjunto afirmando que o acordo de Paris não pode ser renegociado. "Consideramos que o impulso gerado em dezembro de 2015 em Paris é irreversível e acreditamos firmemente que o Acordo de Paris não pode ser renegociado, pois é um instrumento vital para o nosso planeta, sociedades e economias", afirmaram os três países em comunicado, segundo o Público.
Com tudo isso a China tem uma oportunidade de ganhar maior protagonismo. Ela apressou-se em reafirmar seu compromisso com o acordo de Paris.

Alguns já afirmam, como no artigo de Vittorio Zucconi, no jornal italiano La Repubblica, desta sexta feira 2 de junho, o final do "século americano". "O 'século americano' terminou com Donald Trump. Passaram, em uma coincidência poderosamente simbólica, uma centena de anos a partir de 6 de abril de 1917, o dia em que os Estados Unidos foram arrastados, muito recalcitrantes, àquele "massacre inútil" que foi a Primeira Guerra Mundial. De conflitos mundiais europeus e, depois globais, os Estados Unidos não deixariam de sair mais, chegando, primeiramente através de guerras quentes e guerras frias, em seguida, a moldar uma ordem mundial que até o anúncio da retirada do acordo pelo clima Paris, o tinha visto vitorioso ou derrotado, no certo ou errado, sempre no papel de pivô."

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